— Não olhem para mim. Não serei a cobaia e definitivamente não compartilharei minhas lembranças com meros mortais. - falou, e em seguida se sentou numa das poltronas da sala.

Agora eram Julian, Edmund e Piper que pareciam travar uma batalha silenciosa para decidir quem iria. Até que Piper bufou e deu um passo à frente. 

— Tudo bem, eu vou. Já que os bocós aqui estão com medo. - disse, dirigindo um olhar assassino para os meninos. 

— Ok. - falou Zoe, respirando fundo. - Eu sinto muito. - murmurou para Piper, e então levantou as mãos e colocou seus poderes em ação.

A Herondale fechou os olhos quando a sala começou a girar e, ao reabri-los, ficou surpresa ao perceber que, pela vista de uma das janelas do quarto escuro que se encontravam, estava Idris. O que significava que estavam dentro de um dos casarões das famílias. 

Ela examinou o quarto com mais atenção. As paredes eram lilases, assim como a roupa de cama, e alguns livros estavam na mesinha de cabeceira. Na cama havia um embolorado de travesseiros e colchões e, com um susto, Zoe percebeu que, o que ela achou ser somente colchões, era na verdade uma garotinha, que se escondia embaixo das cobertas.

Uma parte do rosto dela estava de fora, e lagrimas brilhavam em seus olhos verdes, enquanto soluços faziam seu corpo todo tremer. 

— Pipes? - sussurrou uma voz, na porta do quarto. Zoe viu a garotinha tapar a boca com a mão, como se tentasse esconder que estava ali. - Eu sei que está aí.

A Piper pequena, que devia ter cerca de sete anos, levantou a cabeça ao desistir de se esconder. Seus cabelos eram compridos e encaracolados, e seu rosto estava vermelho e cheio de lágrimas, mas ela ainda parecia a mesma Piper que Zoe conhecia.

— Ela já foi? - perguntou com a voz embargada, se enrolando nas cobertas.

A pessoa em frente à porta assentiu e então se aproximou da garotinha. Ele possuía cabelos castanhos também e os mesmos olhos da irmã, e na hora a Herondale o reconheceu como o Edmund de sete anos.

— Você já pode sair agora. Está segura. - disse, se sentando na beirada da cama e pegando a mão da irmã.

— Mas ela vai voltar. Ela sempre volta. - murmurou Piper, encarando fixamente o chão à sua frente.
Edmund assentiu, com um olhar aterrorizado, que rapidamente escondeu da irmã. Embora se parecessem fisicamente, esses Edmund e Piper do passado não se pareciam nada com os que Zoe conhecia. Enquanto os irmãos de dezessete anos aparentavam não terem medo de nada, esses de sete pareciam aterrorizados. E a garota não fazia ideia do porquê.

Piper abriu a boca para falar com seu irmão quando a entrada de mais alguém no quarto a interrompeu. Zoe pôde ouvir Edmund arquejar quando a figura se revelou, mostrando uma mulher que surpreendentemente parecia normal. Piper soltou um grito e agarrou a mão do irmão.

— Ah, então vocês estão aí. - a voz da mulher era rouca e grave, o que já era um indício de que algo estava errado. - Por que se escondem de sua mãe? Venham aqui me dar um abraço.

— Você não é nossa mãe. - Edmund murmurou, forçando uma expressão de coragem diante da mulher.

Os cabelos castanhos da mulher, que eram do mesmo tom dos de Piper e Edmund, balançaram quando ela sacudiu a cabeça.

— Sou sim! Eu sou a mãe de vocês, só que uma versão melhorada dela! 

Piper tremia e lagrimas silenciosas desciam por seu rosto enquanto ela encarava a mulher. 

— Deixe nossa mãe em paz! Deixe ela em paz! - gritou a garota com a voz tremida.

A outra soltou uma gargalhada psicótica e os irmãos gritaram, se encolhendo na cama.

— Pai! Pai! - berrou Edmund, desesperadamente.

— Shh! Não quer acabar com nossa diversão, quer? Mas nem conversamos direito, querido. - e, quando o garoto abriu a boca para gritar de novo, ela moveu a mão e Edmund foi jogado em direção ao armário, deixando se mover.

O grito de Piper cortou o silêncio do casarão e um soluço escapou de sua boca. 

Ao ver a reação dela, a mulher riu ainda mais, gargalhando com gosto enquanto Piper gritava e chorava.

— Pai! Pai! - exclamou, e sua voz foi perdendo o som quando o quarto ao redor de Zoe começou a girar. A ultima coisa que ouviu antes de sair da visão foi a gargalhada da mulher e em seguida ela estava no Salão de armas novamente.

Piper estava paralisada ao seu lado, e sua mão tremia atrás do corpo. Ela parecia fazer de tudo para segurar as lágrimas.

O olhar de Zoe encontrou o da garota e a Herondale pôde ver uma parte do medo que ela tentava esconder. Mas, acima de tudo, o olhar que Piper lhe lançava era de súplica. A Blackthorn suplicava para Zoe não revelar nada do que viu.

E, com um aceno de cabeça, a loira lhe prometeu. Naquele momento, uma espécie de vínculo se formou entre elas, pois Zoe sabia como era estar no lugar de Piper.
E era uma das coisas mais horríveis que se pode vivenciar.


                                                     %  %  %

Oioi gente, desculpa não ter postado esses dias, é que minha amiga veio dormir em casa e eu não tive tempo pra escrever :( mas agora voltei com esse cap, que não ficou muito bom mas ok
Eu fiz a Piper inspirada na Willa Holland (Thea Queen, de Arrow), a aparência e algumas partes da personalidade são dela, enquanto outras são de outras personagens.
Enfim, é isso. Beijao e votem ai se gostarem.



A Dama do Sol - IWhere stories live. Discover now