Capitulo 2

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"Tenho vergonha, tenho cicatrizes que eu nunca mostrarei

Sou uma sobrevivente de mais formas do que você sabe

Porque toda a dor e verdade

Eu uso como uma ferida de batalha"

- Warrior: Demi Lovato





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— Já chega. Pausa pro almoço. - disse a fada saindo do quarto, horas mais tarde, depois de um longo tempo de tentativas de obter o poder de Zoe.

A garota suspirou e se sentou na cama, esperando. Segundos mais tarde a porta se abriu novamente e a mesma fada - cujo nome Zoe descobrira ser Marieson por conta de uma outra fada tê-la chamado assim - adentrou a salinha velha e empoeirada. 

Por que os nomes de fadas são tão estranhos?, pensou a garota, e por que todos parecerem começar com M?

Marieson deixou uma bandeja com uma maça e uma gororoba marrom que as fadas pareciam gostar, já que a mesma era dada à Zoe todo dia, junto com a maça. O problema era que aquela coisa era horrivel. Zoe experimentara há 10 anos atras, no seu segundo dia ali e quase vomitara. Tinha ânsia até de ver aquilo.

— Volto em uma hora. - falou Marieson, se virou e saiu do quarto.

Zoe desceu da cama e pegou a maça da bandeja. Pelo menos ainda a tinha. A gloriosa maça salvadora da pátria que ela andara comendo todo dia dos dez anos que passou aqui. Claro que já havia enjoado, mas era isso ou a gororoba marrom.

Ela terminou de comer a maça e pegou o prato com a gororoba junto com a colher que vinha junto. Se agachou ao lado da cama e, com ajuda da colher, jogou tudo debaixo da cama, como fazia há anos. Eles nunca limpavam aquilo ali então não tinha perigo de ninguém encontrar.

Zoe colocou o prato e a colher de volta na bandeja e o que sobrara da maça junto. A fada logo apareceria para pegar tudo e dar inicio a mais uma tarde de treinamento.

A garota se levantou novamente para se jogar na cama e encarar o teto como sempre quando notou aquele fato incomum. A porta estava encostada. Marieson devia tê-la deixado assim por preguiça e por pensar que nunca que Zoe sairia dali.

E ela provavelmente estava certa. Após tantas tentativas inúteis de sair da corte Seelie, Zoe desistira. Fazia anos desde que decidira parar de tentar e aceitar que nunca daria certo. Mas agora a oportunidade estava ali, uma oportunidade que não teria talvez em muito tempo...

Quando deu por si, já estava em frente à porta, a abrindo por completo. Sua respiração estava acelerada e os dedos tremiam. Se fosse apanhada...Bem, de qualquer forma, ela já passaria a eternidade na corte Seelie.

Zoe colocou a cabeça para fora do quarto, cautelosamente, e olhou o dois lados. Ambos, felizmente, estavam vazios.

Ela saiu do quarto, fechando a porta atrás de si para não desconfiarem que saiu, e parou, pensando em que lado devia ir. Por fim, acabou escolhendo o direito. Suas memórias de quando veio para lá agora eram fracas mas tinha quase certeza de que devia ir pelo direito.

A garota continuou andando, quase correndo. Precisava sair dali o mais rápido possível. Suas mãos estavam tremendo enquanto ela tentava controlar a respiração. E se a vissem?

Zoe não fazia ideia de como iria sair dali. Um portal seria sua única esperança, mas como criar um? Aquela runa...Aquela devia funcionar..Mas a garota nem ao menos tinha uma estela.

Estava tão absorta em seus pensamentos que levou cerca de sete segundos para notar um cavaleiro fada se aproximando dela, a testa franzida. Seria pega agora.

— Quem é você? - disse ele, chegando mais perto. - espere, você é Z...

Zoe tapou a boca dele antes que pudesse terminar de falar. Aqueles corredores tinham eco e ouviriam, com certeza. Ela pegou a espada do cinto do cavaleiro e em seguida enfiou-a em seu peito, ainda tapando a boca dele.

Ela arfou e deixou a espada cair com um baque surdo. Havia acabado de matar alguém. Um caçador de sombras que passara a vida toda sendo treinado não teria ligado para isso, mas Zoe nem havia treinado o básico antes de ser sequestrada. Só havia recebido as primeiras marcas.

Mas era uma fada. Uma fada que não ligava para ela e que não devia ter achado errado a decisão da rainha Seelie de deixa-la ali, presa para sempre. Respirando fundo, ela pegou a espada do chão e recomeçou a andar. 

Os alarmes começaram a soar e Zoe segurou um xingamento. Por que não poderia ter demorado mais um pouco para notarem?

Ela olhou ao redor, com o coração na boca. As fadas começariam a procura-la logo, tinha que ser rápida. E então, seu olhar recaiu sobre uma porta com "depósito" escrito em cima. Talvez fosse útil.

Ouviu passos vindo do corredor à sua esquerda e correu para a sala, que, por sorte, estava aberta. Zoe entrou dando um suspiro de alivio e olhou ao redor, na sala. Era gigante.

E, além disso, devia ter umas mil caixas ali. Empoleiradas uma em cima da outra, todas lacradas. Nas paredes haviam grandes armários e várias gavetas perto deles.

Zoe se aproximou das gavetas e foi abrindo-as, uma por uma. Algumas tinham papéis como anotações em uma língua que ela não conhecia -russo, provavelmente-, outras estavam trancadas - essas, a garota pulava. não tinha tempo para ficar tentando abri-las, e algumas tinham flores com um cheiro esquisito que lhe dava sono - ela fechou rápido essas, pensando que provavelmente seria algum sonífero.

Zoe estava abrindo a vigésima terceira gaveta quando ouviu muitos passos lá fora, que pareciam estar cada vez mais perto da sala em que esta se escondia. Ela engoliu em seco.

— Merda - murmurou, começando a abrir as gavetas mais rápido.

Abriu 1, 2....os passos pareciam mais perto..3....agora ouvia-se uma discussão lá fora...4.....começaram a bater a porta, tentando abri-la ja que Zoe a trancara...5...E então, Zoe parou, pasma.

Haviam 8 estelas ali, por algum motivo desconhecido. Finalmente....A porta foi quebrada com um estrondo. Zoe arregalou os olhos, agarrou uma das estelas e se escondeu atras de uma prateleira com caixas.

A garota se ajoelhou, começando a desenhar a runa no chão enquanto ouvia os passos dos cavaleiros fadas examinando a sala. Felizmente, ela ainda se lembrava da runa do portal e em poucos segundos um portal estava feito, em frente à ela.

— ELA ESTÁ ALI - gritou um dos cavaleiros fadas, correndo até Zoe. Logo, mais dez estavam atras dele, também correndo até ela. Nunca que ela conseguiria lutar contra tantos.

Era agora ou nunca.

Zoe pulou passando pelo portal e pensou no único lugar em que lhe veio em mente.

Nova York. 




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Espero que tenham gostado desse capitulo gente e desculpa demorar para posta-lo, agora as aulas voltaram então tive que dedicar bastante de meu tempo para a escola. Se gostarem, deem um voto e comentem por favor, a opinião de vocês é muito importante!
Até o proximo capitulo.

A Dama do Sol - IWhere stories live. Discover now