Capitulo 6

28.3K 1.7K 124
                                    

ㅤ Lana Narrandoㅤㅤㅤ🌸🌸🌸

Ninguém conseguia entender o que o CV significava pra mim, sabe quando você é completamente armadura e vem alguém que tira ela, sem o menor esforço, só fazendo você se sentir especial, se sentir diferente das outras, parecendo que você está em um pedestal gigante? Eu estava nesse drama comigo mesma. Eu tentava evitar, tentava ignorar, passar rente, nem olhar pros lados, mas não dava eu não conseguia controlar, quando me via já estava lá conversando com ele, falando mil asneiras para ele me amar, me querer, pelo menos metade do que eu queria ele. Não me importava em ter que suar pra conquistar a outra metade, eu faria isso, porque eu queria ele. Só que de uns tempos pra cá ele mudou, anda frio e distante, talvez nem olha na minha cara, faz de conta que não me conhece ou que eu sou um peso de porta, isso estava me machucando, porque por mais impossível e distante que fosse o meu sonho, eu queria estar com ele a qualquer custo. Lógico que não ia ser dessas doidas de né, matar ou fazer qualquer besteira, o que eu quero dizer é que, o que estiver ao meu alcance para lutar por ele, por nós, eu irei continuar lutando. Mesmo que indiscretamente e de longe. O que ele conquistou nenhum outro tinha conseguido, e eu não conseguia voltar a ser eu mesma sem ele, minha armadura estava em suas mãos, eu não conseguia pegar de volta por mais que eu quisesse, entendem? Eu estava entregue, meu coração era dele.

Sônia: Bom dia. — animada.

Lana: Bom. — olhei pra mesa farta e ia passando direto.

Sônia: Pode comer Lana. — falou de costas.

Lana: Não estou com fome. — me virei.

Sônia: Você nunca está. — com raiva — Vem comer agora.

Não queria brigar e sabia, que se desse mais corda iria longe. Me contentei com um lanche e um suco.

Lana: Pronto, já estou atrasada. — disse já batendo a porta.

Vi a Marina descendo, não sabia que ela estudava na mesma escola que eu, na verdade nunca tinha visto ela lá, acho que é porque eu fico enfiada na biblioteca, não pra ler, era pra dormir mesmo.

Marina: Faz muito tempo que estuda lá? — descendo.

Lana: Um ano. — ri.

Marina: Tá em que série doida? — riu.

Lana: Segundo ano, do médio. E você? — curiosa.

Marina: No terceirão, é bombei. — ri — Xiu.

Lana: Que isso, da nada não. — comentei.

Até porque não dava mesmo, ela deve ter os motivos dela pra ter tomado bomba.

Marina: Foi um ano bem difícil... Meus pais morreram, dai, toquei o foda - se. — falou sem ânimo.

Lana: Desculpa não queria entrar nesse assunto. — me senti culpada.

Marina: Me desculpa você. — sorriu fraco.

Lana: Vamos mudar de assunto. — pedi.

Marina: Vamos correr, estamos super atrasadas. — rimos juntas.

Foi ladeira a baixo, corremos até o portão da escola. Achei que a caminhada seria pouca, me enganei muito pelo visto.

José: Por pouco em meninas. — disse abrindo o portão novamente.

Marina e Lana: Muito obrigada! — falamos ofegantes.

Cada uma foi pro seu andar de sala, o meu primeiro horário era história, achei que iria escapar dessa, imagina numa sexta - feira, ter dois horários de história seguidos? Ah não, tô sem força.

Lana: Licença. — entrei.

Prof. Ronan: Não tolero atrasos. — encarou.

Lana: Não bateu o segundo sino. — respondi.

Prof. Ronan: Não funciono com a escola. Funciono com as minhas regras. — voltou a passar matéria no quadro.

Lana: Sim senhor. — fui pro meu lugar.

Coloquei os meus fones de ouvido e me afundei na carteira, não estava afim.

Hugo: Lana. — me cutucou.

Lana: Hm??? — abri os olhos.

Hugo: Já é o intervalo. — riu — Vai ficar aí?

Lana: Você deixaria? — olhei pra ele.

Hugo: Não! — abriu um sorriso — Vamos.

Ele não iria me deixar em paz mesmo e falava sério, mesmo que fosse pra me tirar da sala e ir pra biblioteca, mas ele me atentava.

Hugo: Aonde tá indo? — se virou pra mim.

Lana: Pra biblioteca ué. — apontei.

Hugo: Não, hoje vamos para o pátio. — veio até mim — Conhecer o desconhecido. Ver seres humanos. — riu.

Lana: Nossa que graça. — abriu um riso falso.

Hugo: Me economiza Lana, vamos. — me empurrou, até me levar pra uma rodinha.

Marina: Até que fim. — me olhou.

Lana: Aí alguém que vai querer meu bem... — me aproximei — Posso ir pra biblioteca?

Vi ela passar os olhos por cima de mim.

Marina: Não. — riu.

Lana: Gente por favor. — juntei as mãos.
Hugo: Fica aqui Lana, você só dorme. — deu ombros.
Marina: Vem senta aqui. — me puxou.

Sentei do lado dela, e ficamos conversando várias bobagens. Pela primeira vez gostei muito de estar interagindo, de estar com os amigos digamos assim. O intervalo passou rápido.

Hugo: Bora voltar pra aula. — animado — Estudar, construir um futuro.
Marina: Quem vê falando assim, até acha que pensa no futuro. — riu.
Lana: Tá pagando de estudante. — desci da mesa.
Hugo: Porra, eu estudo muito. — sério.
Lana: Claro, principalmente em Biologia. — riu.
Hugo: Não conta! — me abraçou.
Marina: Hm...Tô de vela — riu e bateu palmas.
Hugo: E quem fica de vela, fica feliz? — debochou.
Lana: Tem ninguém de vela aqui não! — falei sem graça.
Marina: Ah claro, acredita nisso aí amore... — me apontou — Guarda no core. Ele não desmentiu.
Hugo: Marina para de criar intriga. — falou sério.
Marina: Fiquem com essa dúvida amores. — saiu voada.

Depois dessa pena piadinha da Marina, nem eu e nem o Hugo sabíamos aonde enfiar a cara.

Hugo: Melhor irmos pra sala... — sugeriu.
Lana: Acho melhor também. — fui de cabeça baixa.

Chegamos na sala a tempo do professor não entrar, porque aqui tem desses, "Não entra depois que e já estou dentro de sala", os chatos. Voltei pro meu lugar e me afundei junto com os meus fones de ouvido. E dormi, mas dormi muito.

Marina: Jesus, você só dorme. — me cutucou.
Lana: Ai, me deixa mulher. — voltei a me acomodar na mesa.
Marina: Tá na hora de ir embora. — me avisou.
Lana: Ah não, gosto tanto dessa mesa. — abracei ainda mais — Acho tão confortável.
Marina: Lana, vamos. — rindo.

O caminho de ir embora foi mais rápido, e eu agradeci por isso.

Marina: Vamos almoçar lá em casa. — convidou.
Lana: Não tô com fome.
Marina: Não vou nem me dar ao trabalho de responder. — saiu andando na frente.

Esse povo tá com algum problema com comida e comigo.

Quebrada de traficante Onde as histórias ganham vida. Descobre agora