– Kyle me disse que semana que vem ele vai visitar Anne e Gemma. – Luke soltou ignorando o ''ataque'' de Harry. Decidiu não colocar mais pressão para ver não um cacheado ficando literalmente louco. – Pensei que poderíamos ir também. Bom, Anne chamou. Como não é muito longe, poderíamos sair sexta à tarde e voltar segunda pela madrugada.

– Não seria meio cansativo? – pegou a caneca e sentiu o café abraçar sua língua: quente e doce. Cogitou que algum dia se casaria com o café.

– Sim, mas eu quero passar um tempo com a nossa família. – deu de ombros e virou a página do livro que estava lendo. – Sei que está agoniado com o seu trabalho. Talvez Louis não esteja te ajudando tanto assim. Volte a escrever sobre o que você sabe. Com certeza Sr. Fitz irá gostar.

Louis estava o ajudando sim. O próprio Harry era quem estava se atrapalhando. Inventando teorias, criando histórias que nunca seriam publicadas, se apaixonando por personagens rudes de livros, gostando de pessoas reais que por sinal eram rudes também. Ele deveria focar no seu trabalho, mas sua cabeça estava uma pilha de nervos.

– Não. Ele tem me ajudado. Eu só estou um pouco distraído. – disse e pela rapidez, uma gota de seu café caiu no livro. Levou a manga do moletom para limpar, mas espalhou mais da coloração escura pela página. – E agora eu tenho um livro manchado de café. – tentou sorrir de lado, mas o loiro apenas ignorou.

Era sempre assim. O encaracolado tentava ser positivo em todas as situações possíveis para mostrar que era a chave da felicidade. Mas ele não podia esconder a vontade que teve de bufar bem alto como uma garota mimada faria ou, quem sabe, falar palavras de baixo calão como Louis faria.

– Anne disse que lhe mandaria mensagem quando comprasse as passagens. Meu celular quebrou.

– E como você falou com ela? – franziu as sobrancelhas e então pegou o celular e foi nas últimas chamadas. – Você pegou meu celular enquanto eu cochilava. – Harry respondeu a si mesmo e coçou os olhos por estar com irritação naquela área.

Eles eram íntimos. Passavam todos os feriados juntos: Anne, Kyle, Beatrice, Luke, Gemma e Harry. O cacheado e o loiro se conheceram assim que entraram na faculdade e começaram a dividir o quarto e logo Harry, com seu jeito curioso, descobriu o motivo de Luke ser fechado. Ele não tinha uma família. Não até aquele dia, porque, após a descoberta, Styles o incluiu na família maluca. Então Anne era considerada mãe de quatro marmanjos e uma preciosidade. Óbvio que Gemma estava incluída nos marmanjos e que a preciosidade não era Beatrice, e sim Harry.

  ➸  

Louis apontou o lápis pela terceira vez esperando que a ponta fina o distraísse de seu desenho. Não queria terminar o desenho, mas seus dedos pareciam ter vida própria porque eles não queriam parar o trabalho. Ele sentia-se orgulhoso dos rabiscos do pedaço de papel, mas não sentia vontade de terminar para que pudesse voltar a negar a si mesmo que não estava bagunçado. Bagunçado como os cabelos cacheados de Harry. Comparar-se a aquele nível de bagunça significava que a situação não estava boa.

O garoto de olhos azuis estava aproveitando o seu tempo longe de todos para poder desenhar algo no canto da sala de música. Estava com as pernas recolhidas e suas costas estavam apoiadas na estante de livros de técnicas com os instrumentos. Algumas noites que ele ia até lá para desenhar, ouvia a porta se abrir e ficava em completo silêncio esperando que não tivessem descoberto que aquele era seu lugar de refúgio. A maioria das noites que ele se encolhia para desenhar eram nas quartas. Ele sempre recebia uma mensagem de Felicite, sua irmã, nesse dia.

Por mais que fossem poucas palavras, ainda assim era alguma coisa. Ficava até tarde esperando a mensagem de texto de sua irmã, porque ele era preocupado. E ficava mais preocupado porque uma vez a garota pediu que ele não respondesse mais suas mensagens, que apenas lesse e ficasse menos preocupado com o paradeiro dela. Talvez apenas ele e Charlotte estivessem curiosos e com medo da situação. Às vezes Felicite estava em solo norte-americano, outras em solo brasileiro.

Lose yourself |l.s|Where stories live. Discover now