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Comentem bastante e votem. Boa leitura, meus docinhos de leite. 

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''Seus olhos nunca pareciam concordar com as palavras rudes que saíam de sua boca. O azul no seu olhar parecia calmo e inofensivo, mas era mentira. Eles eram profundos e desafiadores. Traidores profissionais. E talvez fosse por isso que meus olhos queriam encontrar com os dele, era uma sensação diferente das que eu já havia sentido e, Deus, como era bom.

Tentei ignorar suas inúmeras tentativas de me irritar, pois, ele queria sempre fazer as pessoas terem um motivo para sentirem raiva dele. Eu não seria uma dessas pessoas e mesmo ele sabendo que não, continuava tentando. Talvez ele tivesse prazer em ser sozinho ou fechado, porque ele nunca falava o suficiente de si e eu também não perguntava. Esquecia-me das palavras só de estar perto dele.

Ele não gostava das minhas roupas, mas eu não ligava. Se eu começasse a ser como ele, perderia a graça de estar por perto. Procurei por roupas mais adequadas para a situação já que ele fez questão de dizer que não sairia comigo se eu me vestisse do jeito que estava acostumado a me vestir. Eu não deveria estar muito esquisito visto que ele nem comentou sobre a roupa. Isso era um bom sinal.''

Os dedos de Harry caçaram uma letra qualquer no teclado para continuar a escrever a história. Ele não entendia como, mas estava com bloqueio. Ele tinha que pensar como um garoto atraído pelo cara mal, ele tinha que ser o mais clichê possível. Mas aquele não era o seu tipo de clichê. Não queria admitir, mas sem Louis, talvez a sua história não tivesse nenhum parágrafo.

O cacheado tinha apenas mais alguns minutos até a sua primeira aula começar e resolveu gastar com a sua história, mas não rendeu em nada. Sentia-se perdido com aquilo e não sabia como descrever as coisas já que não estava sentindo aquilo. Suas palavras eram totalmente forçadas. Chamar Louis de rude na história era um elogio, até porque Louis era muito pior que uma pessoa rude.

Quando notou que já deveria ter saído do quarto, Harry se apressou colocando o notebook dentro da mochila junto de seus livros. Antes de sair, deu uns tapinhas nas costas de Luke, pois, o amigo não estava se sentindo bem da noite anterior. Mas era sempre assim. O garoto saía, ficava bêbado e voltava para o quarto insuportável. Bom, não que Harry ficasse bravo. Na verdade, ele sentia-se mais responsável porque explicava para Luke o mal que a bebida trazia para sua vida.

O garoto de olhos verdes não bebia nunca. Bom, só uma vez que ele ficou bêbado em uma festa de quinze anos de uma garota e desde então prometeu nunca mais beber. A verdade era que Harry tinha bebido apenas uma taça de vinho e havia ficado muito chato. E ele era uma pessoa preocupada com o futuro, então logo associou aquilo com o caso do pai de seu amigo. Não queria ser daquele jeito.

Chegou na sala e sentou no centro. O atrasado de Harry era mais cedo ainda que o professor, mas ele não ligava em ser uma pessoa com muita responsabilidade. Gostava de sentir que tinha todo esse controle naquela idade porque ele não estava agindo como as pessoas de sua idade normalmente agiriam. Não que se achasse superior – seu coração era bom demais para isso –, ele só gostava da sensação de ser diferente dos que o cercam.

Sr. Fitz adentrou a sala alguns minutos depois e os alunos foram entrando logo atrás do homem, se organizando em seus lugares. Os olhos do loiro passaram por todas as cadeiras até chegar na de Harry. O cacheado exibia um sorriso que se ele não fosse tão ingênuo, poderiam dizer que ele estava flertando com o seu professor. Aquilo nem havia passado em sua cabeça, para falar a verdade. 

– Bom dia. – ele disse ainda sem tirar os olhos de Harry – Já começaram a escrever? – a pergunta era para todos, mas o homem estava curioso para saber se Styles estava fazendo o que ele tinha pedido – Ninguém? Tudo bem. Nem devo dizer que a pressa é inimiga da perfeição, não é? Mas não relaxem demais.

Lose yourself |l.s|Onde as histórias ganham vida. Descobre agora