CAP.: 04 - CONVIVÊNCIA

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"A convivência costuma ser um desafio diário,que devemos lidar e lutar para que seja sempre harmônica. Há sempre um toque dedesafio, quando o assunto é a convivência, pois somos seres naturalmenteconflituosos. E está ai a razão de ser da convivência, isto é, ela existe paraque possamos, como seres sociais e racionais, desenvolver, criar e manifestar,através de atitudes e palavras uma nova forma de interação, onde sonhar sejapermitido, amar seja possível e odiar seja sempre uma opção viável, já quenessa árdua tarefa de interagir com nosso próximo, o desafio para não odiar ésempre maior do que o desafio de amar aqueles que consideramos dignos de nossagratidão."


(Kaius Cruz)





*Por Lucas





Já faziam algumas semanas que as crianças estavam morando conosco. Os assistentes sociais e até as freiras já haviam vido nos visitar. A adoção e todo o seu processo não foram tão simples, quanto eu pensava, mas estávamos no caminho certo e as novas formas da justiça do Rio de Janeiro, facilitava a nossa vida. Eu poderia aqui descrever um drama, mas graças a Deus não houve.

Guilherme, nessa história toda, era o que estava mais feliz. Acordava cedo, botava as crianças para tomarem banho e para tomar café também. E o mais incrível, ele adorava levar as crianças para a escola. Bruno e Daniele estavam adorando a escola nova e graças ao bom Deus e ao pai delegado federal deles, ninguém mexia com meus filhos.

Eu estava e andava cada vez mais ocupado, pois agora, além das fotos, desfiles e comerciais, eu ainda teria que ensaiar, decorar textos e participar de gravações. E para a ironia do destino ser ainda maior, o autor e o diretor haviam aumentado minhas participações na novela, pois estavam bastantes satisfeitos com minha atuação e desenvoltura. Eu claro, escondi de meu marido, se não seria confusão na certa, só falei para meu pai e para minha sogra, que estava bastante feliz por mim, também contei para minha vó e para Jojô, pedindo que ele não comentasse nada com Rafael, pois ele e Guilherme agora andavam de conchavo, se tornaram melhores amigos e viviam de segredos entre si.

Eu tinha terminado de gravar no Projac, estava saindo. Indo em direção a delegacia, pois era hora do almoço e tinha combinado com ele de irmos juntos buscar as crianças na escola. Cheguei a delegacia, cumprimentei a todos e segui para a sala dele. Conversamos um pouco e saímos logo em seguida para onde ficava a escola das crianças, a mesma que terminei o meu terceiro ano do ensino médio.

Chegamos na porta da escola e os dois já estavam ao lado da professora, do lado de fora do portão.

- Bom dia professora! – cumprimentamos a professora. Ela sorri para mim e responde, meio languida;

- Bom dia seu Angel! – Guilherme olha para mim e fecha a cara.

Entramos no carro, e já sabia o que vinha por ali:

- Bom dia seu Angel! – Guilherme tenta imitar a voz da professora de forma irônica e com raiva.

- Ah vamos parar né seu Guilherme! – falo meio bravo.

As crianças apenas riem. Seguimos para um restaurante de um amigo meu. Entramos, e graças a Deus o humor de meu marido, estava melhor, pois se ele soubesse que Daniel, chefe e dono do restaurante era afim de mim, ele iria arrumar um escândalo.

Estávamos dentro do restaurante e o próprio metre nos levou até uma mesa. Sentamos e logo, quem eu não queria que aparecesse, resolve dar o ar da graça.

- Sejam bem-vindos! – Daniel nos recepciona animado.

- Muito obrigado Daniel! – respondo. Ele vem em minha direção e me beija nos dois lados do rosto. Daniele era libanês, de família tradicional muçulmana. Então era de seu costume cumprimentar os homens assim, só que eu no fundo sabia que ele era muito do safado e estava mesmo era tirando uma casquinha. Ele olha para meu marido e o cumprimenta com um leve aperto de mão. Quer dizer, da parte dele, pois da parte de Guilherme eu sentir uma certa força ao apertar a mão do chefe libanês.

O DELEGADO E O MODELO (Livro II)®Onde as histórias ganham vida. Descobre agora