- O que está fazendo aqui?

- Vim tratar de negócios. Com você. – ele ergueu uma sobrancelha. – Ou não quer mais o seu gravador?

- É claro que quero!

- Muito bem. – Homero colocou as duas mãos sobre mesa; olhou para mim e depois para a cadeira. Sem paciência, sentei-me de uma vez. Ele sorriu, satisfeito e aparentemente de bom humor. – Como você está, Lizzy?

- Magnífica. – destilei. - Eu nem escovei os meus dentes hoje, sabia?

- Informação desnecessária. – Homero pontuou. – Mas já que comentou... – ele tirou do bolso do paletó balinhas de menta. – Para o hálito.

Lancei para ele meu melhor olhar de tédio misturado a raiva.

- Se eu fosse você, aceitaria. – aconselhou.

Acetei as balas, só para tirar o gosto amargo da boca.

- Isso é culpa sua. – acusei. Joey disse que iria me despedir se eu não chegasse aqui em dez minutos. Eu devo ter corrido uns vinte quilômetros.

Homero desconsiderou a minha acusação com um aceno.

- Eu disse à Joey para fazer isso, achei que seria engraçado.

- Você é um ordinário!

Homero gargalhou.

- Relaxa, Lizzy. Eu só queria que chegasse aqui logo para ter o prazer da sua companhia.

- Diga de uma vez o que você quer.

- Eu vim propor uma troca pelo seu gravador. Você sai para jantar comigo e eu lhe entrego o seu brinquedinho.

Pisquei, pensando ter ouvido errado. Então comecei a rir. Ele só poderia estar brincando, queria me assustar.

- Qual é a graça? – Homero questionou confuso.

- Você! – exclamei limpando as lágrimas. - Por um momento eu quase acreditei que estava falando sério! Rá! Me pegou, Homero.

Os lábios dele se concortoceram em uma careta.

- Eu sei, parece incrível o fato de eu chama-la para sair, mas eu não estava brincando, Lizzy. Falei sério.

O meu sorriso sumiu.

- Espera... Ei, isso ofendeu. E você não pode estar falando sério.

- Ah, eu estou.

- Não pode simplesmente me entregar o gravador e esquecer a minha existência? – implorei já enfada. Homero estava complicando a minha vida.

- E qual seria a graça nisso?! – ele abriu os braços. – Afinal, eu preciso de você, Lizzy. Para me ajudar.

- Eu já disse que não vou fazer isso.

- Sério? Joey me disse outra coisa. – Homero colocou o indicador sobre o queixo. – Quais foram as palavras exatas dele? "A Elizabeth adoraria ir para qualquer lugar com você, Sr. Smith. Ela definitivamente vai colaborar." Preciso admitir, ele me recebeu muito bem aqui.

Fiquei sem fala. Fechei os olhos e me joguei sobre a cadeira, massageando as têmporas.

Deus, se isso for um sonho, foi de péssimo de mau gosto. Eu preferia o sonho anterior, onde eu nadava em um mar de Froot Loops. Era bem mais agradável.

- Você é a primeira garota que parece tão infeliz ao receber um convite meu para sair. – comentou Homero.

- Eu tenho namorado. Não posso sair com você. – argumentei.

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