- Você quebrou o meu coração! – Brad interrompeu finalmente atendendo.

- Não, eu não quebrei! Por que eu não te traí! Se você fosse um pouco menos teimoso...

- Ah, agora a culpa é minha?!

- Claro que é! Você me julgou errado e não quer nem me dar a chance de explicar! Eu estou falando a verdade! Se não acredita em mim, vá até o The NoMad Hotel e procure Tanya, ela...

A ligação ficou muda. Brad desligara na minha cara!

- Você viu, eu tentei de tudo. Foi a última vez. – avisei a Seth. Ele girou em círculos pela sala até cair de lado, levado pelos pesos de suas rodinhas traseiras.

Agarrei o cartão de Homero, incinerando-o com o olhar.

Eu merecia uma vingança. Por algum motivo, sentia que ele fizera de propósito. Não havia razão nenhuma para que aquele homem me enviasse flores.

Eu havia decidido que não iria até a festa beneficente de Slender, mas de repente uma vontade de simplesmente ir até lá e esfolar Homero Smith vivo me encheu de determinação. Um plano começou a se formar em minha cabeça.

Ah, Homero, nós iremos nos encontrar mais rápido do que você imagina.

*

- Você tem certeza? – Scarlett e Ray perguntaram para mim. Scarlett pelo Skype, Ray estirado no meu sofá enquanto eu escolhia um sapato, vasculhando pelo fogão. Aquilo me fez lembrar de como Brad achava estranho eu guardar meus sapatos em um fogão...

- Lizzie, você está me ouvindo? – Scarlett ginchou do outro lado.

- É claro que estou. – respondi evitando o olhar dela. – Eu pensei sobre o plano. É perfeito. Estou indo pela Reportagem, eu juro.

- Certo. Não está indo para tentar matar Homero Smith envenenado? – Ray ergueu a sobrancelha.

- É claro que estou. Quer dizer, não! Não! Eu... – levantei do chão com o meu mocassins preto nas mãos e dei um sorriso tranquilizador para os meus amigos. Pelo Skype pude ver que Scarlet estava com devorando um pacote de comida chinesa ao mesmo tempo que me lançava um olhar desconfiado. – Gente, está tudo sobre controle. Esse plano foi perfeitamente calculado, pensei em tudo.

- Mentirosa. – Ray acusou. – Você acabou de pensar nele!

- Esse é problema, você faz tudo de maneira impulsiva e no final nós temos que te tirar da cadeia! – Scarlett reforçou.

Olhei para os dois de maneira ultrajada parando no meio da sala.

- Ei! Vocês fazem parecer como se eu me metesse nesse tipo de coisa o tempo todo. Eu só fui presa uma vez! Quer dizer, duas, mas a primeira não conta! Eu tinha dezesseis anos. – argumentei enquanto digitava o nome do buffet que serviria a festa de Slender. Nas fotos do serviço de buffet dei um zoom nos garçons e analisei as roupas que eles usavam.

Interessante, pensei.

Ray revirou os olhos.

– Scarlett, querida, ela nem ao menos está nos ouvindo. Olhe para o olhar doentio no rosto dela!

- Conheço esse olhar. Ela está tendo uma ideia. – a minha amiga lamentou. – Estamos ferrados, Ray. Bom, eu não estou aí. Então você fica responsável de tirá-la da cadeia dessa vez. Vou tentar fazer com que o Sr. Scott não descubra.

- Eu não vou ser presa, vocês poderiam por favor ficar calmos?! Estou tentando pensar! – agarrei a pasta laranja e me joguei na poltrona, vasculhando pelos documentos lá dentro. – Rá! Aqui está!

Era um desenho rabiscado da casa de Slender por dentro, ao menos os cômodos principais. Não fazia a mínima ideia de quem tinha feito aquilo, mas me seria útil. Conferi o relógio e vi que já estava na hora da festa.

- Opa! Preciso ir me arrumar! Ray, você pode levar Seth para passear e dormir aqui com ele hoje? A previsão é de que tenha trovoadas à noite e Seth morre de medo do barulho.

- Claro, não é como se eu não tivesse planos e nem uma vida social agitadíssima... Mas já que Seth precisa de mim, eu fico. Não é, fofinho?!

- Obrigada! E, Scarll... – virei-me para ela.

– Já sei, manter o Sr. Scott ocupado para que ele não ligue para você. Se ele ligar e não obter resposta ficará preocupado e ligará mais cem vezes até que os dedos dele caiam. Não se preocupe! Estou indo para sua casa agora mesmo!

- O que seria de mim sem vocês? – sussurrei agradecida e emocionada.

- Nada. Só uma mera mortal sem graça. – disse Ray sinceramente. Ele estava no chão bricando com Seth. – Hum, Lizzie, você se importaria se eu pintasse as unhas de Seth de rosa...?

- Você vai ter que perguntar à ele! - gritei já me direcionando ao quarto. Da sala pude ouvir Seth latindo e Ray comemorando.

- Ele disse "sim, vamos arrasar"!

Não consegui não rir. De fato, eu seria uma mera mortal sem graça se não os tivesse em minha vida.

 De fato, eu seria uma mera mortal sem graça se não os tivesse em minha vida

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