25. DESPEDIDA?

1.1K 149 71
                                    





PEDRO

Não é fácil quando a vida nos mostra que somos os únicos responsáveis por nossa existência e pelas escolhas que fazemos para a nossa breve passagem neste lugar chamado Terra. Diversos filósofos já pensaram sobre isso, mas nenhum pensamento é paliativo quando nos encontramos diante de uma decisão que pode mudar todo o rumo da sua vida e não há qualquer garantia de que é a decisão certa.

É isso que estou pensando quando envio os documentos de matrícula para o curso de música após ter solicitado o trancamento do curso de direito.

—Tudo certo? —Mariana, como quase sempre, entra no meu quarto sem bater. Essa menina nunca ouviu falar no conceito de privacidade em se tratando de mim.

—Sim.

Ela sorri quando se aproxima de onde estou na escrivaninha, ocupando um lugar na beirada da cama.

—A mamãe está terminando de organizar as coisas sobre o apartamento alugado com a mãe do Tomás. Ainda não consigo acreditar que você vai mesmo embora, estudar em Natal.

—Foi você quem mais me incentivou a fazer essa escolha, Mari.

—Eu sei, mas a quem vou culpar quando fizer merda e tiver medo da mamãe brigar?

Eu reviro os olhos.

—Também vou sentir a sua falta, Pirralha.

Ela fica quieta e me oferece apenas um sorrisinho, como se não soubesse mais o que dizer. Até que Mari olha para a cortina como se estivesse olhando para além dela e, antes mesmo que ela diga algo, sei exatamente o que está passando pela sua mente quando abre a boca:

—E a Alex? —Minha irmã pergunta. —Vi vocês se beijando na outra noite, no dia do aniversário dela, então não tente bancar o bobo sobre não haver nada entre os dois. Já contou para ela que vai embora de Horizonte do Norte?

Tenho certeza de que a minha expressão perdida é resposta o suficiente, mas ainda assim digo:

—Não. Ela me pediu um tempo e estou respeitando.

—Mas você não tem muito tempo e seria babaca da sua parte ir embora sem falar com ela, então precisa reavaliar isso, Vespa.

Eu não ouso rebatê-la, porque Mariana sabe muito bem quando está certa e, definitivamente, não posso vencê-la na argumentação.

—Tudo bem. Eu vou procurá-la amanhã.

ALEXANDRA

Neste exato momento o meu maior desejo é que essa aula chata de física acabe logo. Porém, o maldito Einstein estava correto quando disse que o tempo é relativo, pois ele simplesmente parece se recusar a correr enquanto o professor Jonathas solta uma gracinha ao explicar sobre propagação de ondas e suas propriedades.

Infelizmente, nem mesmo a beleza de Mister Horizonte do Norte 2007 pode me fazer focar em Jonathas enquanto ele escreve no quadro. Tudo o que mais quero é que essa tortura moderna acabe e me permita viver a sexta-feira, talvez indo ver algum filme batido no cinema do pequeno shopping da cidade.

Por isso, quando o sinal enfim bate, agradeço não só a Deus, mas a Jesus também. Guardo meu caderno e estojo na mochila em tempo recorde para sair da sala, mesmo que não adiante de nada. No fim, fico plantada no corredor enquanto espero por Cher, que sempre tira milhões de dúvidas com Jonathas.

Quando a aluna aplicada enfim aparece, nós duas seguimos para a saída e encontramos João Augusto conversando com a sua ficante atual, Aline, em um dos bancos que há na guarita do colégio.

FOGO ENCONTRA GASOLINA [COMPLETO]Where stories live. Discover now