04. FOFOCA NA COZINHA

1.5K 162 105
                                    



PEDRO

Com a desculpa de que preciso me redimir por ter ido embora cedo da minha "festa de boas-vindas", Lucas Roberto me liga e exige que eu o encontre em um bar no centro da cidade, em meia hora. Sem nada para fazer quando ainda não tenho as aulas da faculdade para me atormentar, chego no lugar com antecedência e o encontro em uma mesa com Leandro, Gustavo e Anderson.

—Ei, e aí? — Eu cumprimento ao me aproximar, chamando a atenção dos quatro.

—Chegou cedo. Senta aí, Pedroso—, Lucas aponta para a única cadeira vazia na mesa, entre Gustavo e Anderson, e então me estende um copo e uma garrafa de cerveja pela metade.

—Parece cansado. Você e o seu padrasto conseguiram montar a estante da sala? — Anderson me questiona, comentando sobre um dos assuntos que falamos hoje de manhã. Acho que um dos maiores sustos da minha vida toda foi descobrir que justo ele era irmão da Alexandra e meu vizinho.

—Que nada. Ainda está tudo empilhado lá, junto de outras caixas e móveis—, encho meu copo e bebo metade da cerveja nele, ficando ciente apenas nesse momento que estava com sede.

—É verdade, o Anderson falou que vocês são vizinhos—, Gustavo toma a liberdade de tornar a encher o meu copo outra vez. —Não consigo acreditar na sua sorte de poder ver todos os dias a gata da irmã dele.

A imagem de Alexandra logo me vem à mente, por ter sido a última pessoa que vi antes de vir para cá. Mas tenho ciência de que não é legal deixar muito óbvio o meu interesse nela na frente do irmão, principalmente quando noto o olhar fulminante que Anderson lança para Gustavo.

—Quantas vezes preciso te dizer para não falar da Ramona assim? É nojento, babaca — Anderson o repreende.

Ramona, não Alexandra.

—O que eu posso fazer se ela é linda? Só estou comentando... —, Gustavo se faz de inocente.

Anderson vira todo o conteúdo do seu copo de uma vez só, deixando claro o seu descontentamento.

—De qualquer forma, o Pedro é comprometido—, Lucas intervém.

—Sou?

—Não é? — Ele soa confuso. —Lembro do Matheus ter comentado sobre uma Alana, Amanda...

—Agatha—, corrijo, sentindo um gosto amargo na boca, que, com certeza, não é o mesmo da cerveja. —Ela e eu terminamos.

—Ah. Que merda—, Lucas parece saber que fez mal em tocar nesse assunto.

Eu imito Anderson e tomo toda a bebida do meu copo, que rapidamente é cheio outra vez por Gustavo.

—Vamos mudar de assunto—, Leandro diz. —O Lucas nos contou que você se envolveu em uma briga na festa de ontem. Não me diga que foi por isso que saiu mais cedo.

—Isso acabou completamente com o clima. Aquele nojento estava assediando uma garota e achei que merecia uma lição—, digo, achando prudente não falar a identidade da tal garota. Pelo que pude perceber, a ida de Alex à festa não é algo que os seus irmãos devam estar cientes a respeito, tampouco do que aconteceu com ela por lá.

—Quem era mesmo o cara? — Anderson questiona.

—Um babaca qualquer. Deve ter ido com o pessoal da Fernão Moreira e entrado de penetra. Com certeza não o convidei diretamente —, Lucas diz.

—Se é da Fernão, vou ter de falar para a Alex tomar cuidado.

Quase tenho vontade de rir da ironia da vida, porque ela é amarga e chorar parece exagerado.

FOGO ENCONTRA GASOLINA [COMPLETO]Where stories live. Discover now