(Parte 2) Capítulo 18 - A Verdade Nua e Crua

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n/a: a música tema é So Cold - Ben Cocks e na fic aparecerão trechos da mesma.

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Minha cabeça latejou e eu apertei meus olhos fechados enquanto levava a mão até a mesma. Eu já conhecia essa sensação e era uma das mais odiadas por mim. Ressaca. Era sempre assim, eu me pegava exagerando na bebida e no dia seguinte, tinha de encarar as consequências de meus atos. A claridade invadiu uma janela, atravessando pelas cortinas, e aquele incômodo me fez abrir os olhos lentamente. Olhei em volta e estranhei por perceber que não estava no meu quarto como de costume. Cocei minhas pálpebras e franzi o cenho ao sentir algo sobre mim. Virei minha cabeça e meus olhos se arregalaram no mesmo momento em que tive a visão de Janette deitada no meu peito.

Ela usava somente uma lingerie e aquele fato me despertou a curiosidade de saber o que acontecera na noite passada. Eu não me lembrava de absolutamente nada; apenas o que eu me recordava era de que eu estava no bar bebendo com ela e Ryan e no segundo seguinte, estava naquele quarto de hotel, vendo tudo rodar a minha frente. Tudo vinha em flashbacks na minha mente e os mesmos faziam minha cabeça latejar ainda mais. Passei a mão no cabelo, bagunçando-o e suspirei, praguejando-me internamente por ter feito aquela burrada. Eu já havia percebido o que acontecera, mas não fazia ideia do por que e como acontecera. Como eu pude ser tão fraco?

Balancei a cabeça e levantei meu tronco, tirando o braço de Janette de meu abdômen e me afastando de seu corpo da forma mais calma que eu podia para não acordá-la. Ela se mexeu um pouco e se virou para o outro lado, soltando um suspiro. Seus cabelos negros estavam espalhados sobre o travesseiro e sua respiração se encontrava tranquila. Sentei-me na cama e inclinei meu tronco para frente, apoiando meus cotovelos nos joelhos. Soltei um suspiro, acompanhando aquele sentimento de arrependimento que se apossava de mim. Depois de tanto tempo distante daquela mulher que se encontrava dormindo ao meu lado, depois de tanto tempo evitando me aproximar dela novamente, evitando sentir algo por ela novamente, aqui estava eu. Nunca pensei que eu poderia agir dessa forma. Nunca pensei que eu poderia retroceder tanto. Nunca pensei que eu poderia fazer aquilo depois de ter me declarado para Elizabeth.

Eu me sentia sujo. Sentia-me assim por ter de certa forma, enganado Elizabeth. O sentimento de culpa começava a me consumir, porque enquanto ela estava lá sozinha, eu estava aqui... Fazendo a maior merda que eu poderia fazer na minha vida. Depois de toda aquela confusão, a única dona dos meus pensamentos era Lizzie. Eu só pensava no desgosto que ela iria sentir se soubesse do meu erro; eu só pensava na tristeza e na decepção que ela ia sentir ao saber que eu havia dormido com Janette. Eu também sentia a raiva consumir minhas veias e queimar meu sangue; a raiva de mim mesmo. A raiva de não ter conseguido me controlar mesmo não estando completamente em mim. Mesmo não estando sóbrio. Eu me xingava mentalmente de todos os nomes possíveis e sentia vontade de me chutar ao imaginar a decepção estampada na face de Elizabeth ao descobrir o ocorrido.

Eu não suportaria encará-la. Eu não suportaria falar com ela depois do que eu havia feito. Eu não suportaria ver a sua tristeza. Depois do que aconteceu com aquele desgraçado do Henry Carter, eu pensei que nunca faria algo parecido com ela; nunca a machucaria emocionalmente como aquele infeliz havia feito. Pensei que nunca seria o motivo de uma decepção que ela viesse a sentir. Eu achei que eu sempre seria o seu protetor, sempre estaria ao seu lado quando precisasse, porque afinal, foi isso que eu fiz quando ela estava totalmente destruída depois do Carter. Mas, observando a situação em que me encontro agora, eu não consigo me sentir bem comigo mesmo. Não consigo me sentir melhor do que Henry Carter. Não consigo me sentir como o causador do sorriso e da felicidade de Elizabeth.

Eu apenas me sentia como mais um provocador de sua decepção; como mais um cara a quebrar seu coração.

E foi me sentindo dessa forma, que eu me vesti e saí daquele quarto de hotel.

O Hóspede (Reescrevendo)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora