WORN JEANS

28. superpower

superpower(name): greater in scope or magnitude than which is considered natural or has previously existed.

CAPÍTULO 28

HARRY POV

     Coisas más acontecem a todos. Acredito que para cada momento bom, existem dois momentos maus que colocam a alegria que sentimos num bolso e escondem o casaco no fundo do armário, pronto para ser vestido meses mais tarde quando algo de bom voltar a acontecer. Coisas boas acontecem a todos também, e, pelo menos uma vez na vida, encontramos um pedaço de alegria que permanece mesmo nos maus momentos. Infelizmente, em casos como o meu, esse tipo de milagre raramente acontece.

     É fácil gostar de uma pessoa como eu, todos se sentem atraídos pelo rapaz triste e solitário da escola. Principalmente quando este é bem parecido e tem a fama perfeita de treinador sexual, para todas as raparigas que tencionam ser habilidosas quando o homem certo chegar. Porém, não há ninguém que queira cortar um dedo enquanto arranja uma jarra partida. Sim, ficas triste porque esta alojava um bom par de rosas vermelhas que, ainda com os seus espinhos, embelezavam o quarto, mas desistes quando rasgas a pele num pedaço mais afiado. É muito mais fácil comprar uma jarra mais resistente no supermercado mais próximo.

     Contudo, aconteceu comigo. A Blue é o meu pedaço permanente de alegria. Ela apareceu, cortou-se nos pedaços mais afiados e moldou a jarra à sua vontade, sabendo exatamente onde pousar a mão para não se magoar novamente. É certo que os pequenos pedaços ainda arranham mas há certos arranhões que valem a pena. Eu devo ser um deles porque, mais uma vez, ela estava comigo num dos momentos mais difíceis.

     - O que raio estás a dizer? Anita, isto não é nenhuma piada. Eu tenho lidado com estas pessoas a minha vida toda, tenho fugido delas a maior parte dela. Eu preciso de uma explicação! - Esfreguei a cara com a mão. - Deixa-te de rodeios e vai direta ao assunto! Se sabes alguma coisa, diz-me agora.

     Blue sentou-se na cama branca e pousou os cotovelos no joelho, apoiando a sua testa com as palmas das mãos. Anita dirigiu-se à janela e espreitou, procurando alguém nos corredores. Pareceu satisfeita por não encontrar ninguém. Pegou na cadeira ao lado da porta e arrastou-a para a frente da rapariga, pedindo com a cabeça para me sentar ao lado dela.

      - Eu conto-te tudo o que sei e descobri ao longo do tempo. - Ela começou quando me sentei. - Se me ajudares a manter a minha mãe fora deste esquema.

      Encarei o chão e engoli em seco.

      - Como é suposto eu ajudar-te?

      - Só tens de o apanhar. A todos eles. Acaba com este esquema e eu posso voltar a viver em paz com a minha mãe.

      - Quem é ele? - Blue perguntou, sobrancelhas franzidas. - Tens falado num ele desde que cá chegámos. Quem é ele?

      Anita olhou-a com desdém. Tenho a certeza que por ela, a Blue não deveria estar sentada neste quarto. Posso dizer o mesmo pela Blue.

      - Primeiro, quero mostrar-lhe o que ele tem estado a perder estes anos todos. - Sorriu afetadamente. - Não é um super-herói, mas é quase.

      - O que queres dizer com isso? - O que ela estava a dizer não fazia sentido.

      - Tens Sinestesia Toque-Som, certo? - Ela começou. - Cada vez que tocas em alguma coisa ouves algo.