18. vanish

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vanish(verb)to go away, especially furtively or mysteriously; disappear by quick departure

CAPÍTULO 18

Ao acordar de manhã, depois de passar a noite a imaginar cada pedaço do diário de Harry, como se os tivesse vivido de verdade, senti-me mais próxima dele do que nunca. Não é que não soubesse de tudo aquilo que ele passara antes de me conhecer; contudo, lê-lo na primeira pessoa pelas palavras inocentes de uma criança tornou os pormenores ainda mais relevantes e emocionantes. O rapaz passou pelo inferno e voltou.

Com umas calças de ganga vestidas e uma camisola azul de manga comprida, desci as escadas até ao piso de baixo. Olivia estava sentada na mesa da cozinha, tomando pequenos goles do sumo de laranjam enquanto Louis salteava os pedaços longos de bacon do outro lado da banca. Peguei numa das maçãs verdes escondidas por entre as laranjas gigantes, que o rapaz comprara numa ida à quinta biológica de um amigo.

- Bom dia. - A rapariga tentou. - Dormiste bem?

Encolhi os ombros.

- O Niall ligou. - Louis pousou o prato na mesa. - Chegou há umas horas, o irmão começa com os tratamentos amanhã.

Baixei o olhar e voltei a trincar a maçã, tentando esquecer o facto de não a poder partilhar com ele. Por momentos, obriguei-me a pensar que ele estava em Holmes Chapel, a estudar, como desculpa para não o ouvir bater à minha porta de manhã para me acordar. Sentia-me fria, desprotegida. Sem o sorriso dele, a sua gargalhada calorosa e as suas palavras inocentes e divertidas, não me sentia totalmente preenchida. E até me habituar à falta dele, acho que sentir-me-ei incompleta.

Olivia esticou a mão e acariciou-ma.

- Nós sabemos que custa, somos amigos dele desde a primária.

- Ainda nos tens, Blue. - Louis continuou. - Somos teus amigos e vamos continuar a apoiar-te.

- E tens o Harry, também. - Fiquei surpreendida por ser Olivia a puxá-lo para a conversa. - Ainda não me esqueci do dinheiro que investi naquele bordel para o voltares a ver.

Comprimi um sorriso de gratidão ao lembrar-me das notas que a rapariga colocara na minha mão, naquela noite.

- Eu pago-te tudo, Olivia.

- Não quero o dinheiro, fi-lo porque quis. Sei que eu e o Harry nunca seremos amigos, e quando digo nunca, significa mesmo jamais. - A rapariga suspirou. - Ele é arrogante, idiota, estranho, um pouco desleixado, causa problemas a toda a gente, é mal-educado, irritante, mal-humorado, tatuado, com um cabelo que não combina com a cor dos olhos, antipático,...

- Olivia. - Louis avisou e eu contive um sorriso. - Onde queres chegar?

- É ainda egoísta e narcisista, - Olivia lançou um olhar ao rapaz, quando ele se preparou para a interromper novamente. - Mas, eu acho que ele gosta de ti e se tu gostas dele, eu apoio-te. Contrariada! Aquele loiro oxigenado não sabe trabalhar em condições.

Olivia tinha uma personalidade brilhante e ainda que, fosse um pouco intrometida, eu adorava-a. Conseguiu colocar um sorriso na minha cara, mesmo quando eu o achava perdido.

- Bem, eu aprecio o teu apoio mas eu e o Harry não estamos juntos. - Atirei a maçã para o caixote do lixo. - Ainda estamos a tentar perceber-nos.

Observei o casal colocar os pratos do seu pequeno-almoço na máquina de lavar e caminhar para a pilha de livros no canto da mesa. Mordi o lábio ao lembrar-me da semana que perdera de aulas e disse a mim própria que trabalharia o dobro na semana seguinte, de modo a recuperar toda a matéria que perdera. Agora que Olivia casar-se-ia e Niall se encontrava longe, não tinha razões para me distrair.

WORN JEANSOnde histórias criam vida. Descubra agora