Chapter 2

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Acordei com um leve latejar na minha cabeça. Eu estava em um quarto totalmente branco, além de um criado-mudo que era de madeira. A roupa que eu usava antes não estava mais em meu corpo, e sim uma blusa de manga curta branca e uma calça moletom da mesma cor. Branco está bem na moda por aqui. A ferida em meu joelho estava enfaixada com gaze e eu tinha leves hematomas pelo meu braço esquerdo por causa da força exercida por aquele homem...

Oh merda, onde raios eu estava? Será que o Novo Governo me pegou novamente e estava me mantendo em um quarto semelhante à de um manicômio? Suspirei, me sentando na cama com os pés no chão frio. Com certeza não tinha sido preso, o homem que apareceu segundos antes de eu apagar estava prestes a impedir o idiota que me arrastava para longe.

Arregalei os olhos, me levantando em um salto da cama e indo direto para a janela ao lado do criado-mudo. Abri um sorriso ao ver a cena, eu estava realmente no local iluminado que eu tinha avistado na noite anterior. Os grandes portões de ferro, com o símbolo que estava na árvore, e as colunas que cercavam um tipo de vilarejo ali dentro. Várias crianças corriam, brincando, por meio entre os chalés e mais adiante, um tipo de campo de treinamento onde jovens e adultos aprendiam técnicas de luta e como usar armas. Maior parte do local estava coberto por uma fina camada de neve, dando uma uma aparência mais aconchegante.

Eu estava no Refúgio.

O quarto onde eu estava se localizava em uma casa de dois andares, a maior de todas ali existentes, o que me dizia que eu estava na casa de um tipo de "chefe" dali.

A porta se abriu, me fazendo dar um grito pelo susto. Um homem com os cabelos raspados e um olhar dócil gargalhou da minha reação. Ele trazia uma pequena bandeja com pão e suco, além de caules de uma planta que eu não sabia qual era.

- Me desculpe pelo susto, não era minha intenção, mas foi bem engraçado. – Ele disse colocando a bandeja no criado-mudo. – Eu sou Liam Payne, enfermeiro chefe daqui e um Beta Lúpus, prazer.

- Eu estou no Refúgio, não estou? O símbolo no portão diz isso. – Falei e ele soltou uma risadinha, concordando.

- Ainda não sei seu nome... – ele disse, me lembrando que eu não havia apresentado.

- Oh, certo. Desculpe-me. Sou Louis Tomlinson. Eu e Stan estávamos loucos para chegar aqui, mas... – a minha voz falhou ao me lembrar dele. Eu havia desejado que ele morresse primeiro que eu algumas horas antes disso realmente acontecer, estou me odiando cada vez mis por ter feito isso. Ele deveria estar aqui também, comemorando por estar finalmente a salvo. Meus olhos marejaram e tudo que eu queria era me jogar na cama e gritar. Eu não tinha o salvado.

- Styles me contou sobre esse garoto, ele tinha ido atrás dele, mas o corpo tinha desaparecido. Eu sinto muito, de verdade. – resolvi ignorar a parte em que ele disse que o corpo havia desaparecido, muitos lúpus já haviam morrido por essas bandas atrás desse Refúgio. Ele só seria mais um em muitos que já tentaram. – Eu trouxe comida para você, deve estar morrendo de fome. Também trouxe algumas ervas medicinais para colocar na ferida no joelho e um remédio para dor de cabeça que você deve estar sentindo pelo baque que ela teve quando você caiu no chão e apagou. Quando chegou aqui, achei que estava morto, mas ao perceber que era um lúpus como nós, então vi que você era duro na queda. – Eu ri pelo seu último comentário e ele me entregou o pão e colocou o remédio dentro do suco. Enquanto eu comia, ele trocava minhas ataduras e colocava as ervas por cima da ferida. Ardeu, a princípio, mas me acostumei com o ardor.

- Ele quer te ver. – Liam disse e eu franzi o cenho.

- Ele? Ele quem? – Perguntei confuso.

- Harry Styles, o dono do Refúgio. Eu assegurei a ele que você já estava bem, mas ele é teimoso e quer ver com os próprios olhos. – Ele dizia calmamente enquanto eu estava um total desespero por dentro. – Não se preocupe, ele não morde, às vezes.

Sorri, nervoso. Assim que terminei o pequeno lanche, Liam me guiou pelos vastos corredores daquela casa em direção ao escritório. Eu estava me tremendo de desespero. Quem diria que o chefe do Refúgio estaria se preocupando com a minha condição? Balancei a cabeça por ter esse pensamento, ele cuidava de um Refúgio inteiro, então com certeza se preocupava com todos ali.

Payne abriu uma porta branca no final e me deu espaço para entrar primeiro, mas em vez de adentrar o cômodo cheio de estantes vastas de livros e uma escrivaninha preta no meio, ele apenas fechou a porta atrás de mim, me deixando sozinho.

Sozinho. Era agora que eu ia morrer.

Respirei fundo, andando entre as estantes e passando os dedos pelos livros. Parei em um que tinha como título O Diário de Anne Frank, tirei o livro da estante e olhei a capa, com a foto bem antiga de uma garota com provavelmente doze anos de idade. Li a sinopse e achei bem interessante, falava sobre os relatos de uma garota sobre a Segunda Guerra Mundial. Quando ia colocar o livro de volta o lugar, uma voz rouca me impediu:

- Você gostou? – Eu paralisei, olhando fixamente para o livro. Meu coração começou a bater mais rápido que o normal e a minha respiração estava acelerada. Quando consegui reunir coragem para ver de quem pertencia a voz, meu coração bateu mais rápido ainda. Alto, esguio, musculoso, cabelos cacheados e castanhos caindo nos ombros, traços fortes e o maxilar travado, dando-o uma aparência sexy, e enfim, os orbes verdes que me olhavam com intensidade. Corei bruscamente.

- E-e-eu já i-ia colocar de vo-volta. – Por que diabos eu gaguejava?

- Você pode pegar para ler, se quiser. – Ele deu um sorriso de canto e apareceu uma covinha em sua bochecha, eu me impressionei de não ter derretido ali mesmo. Apenas assenti repetidas vezes, voltando meu olhar para o livro quando vi que não iria conseguir sustentar o contato visual sem corar mais uma vez. – Meu nome é Harry Styles, ficaria honrado se você pudesse me dizer o seu também.

- Louis, senhor. Louis Tomlinson. – Voltei a olha-lo, dando um pequeno sorriso, sem mostrar os dentes. – Obrigado, por ter me salvado. Essa hora eu já estaria servindo de experimento para o Novo Governo...

- Você iria escapar novamente. – ele sorriu de canto e eu corei, de novo. – Você tem certa fama por entre os Lúpus por ter sido pego e escapado, duas vezes.

- O sistema de vigilância é muito fraco. – comentei, revirando os olhos ao me lembrar. Não sei quantas vezes tinha saído de minha própria cela e caminhado calmamente por entre os corredores das bases sem ser flagrado. Qualquer um pode sair de lá sem problema algum.

- Imaginei. – Neste momento os nossos olhares se cruzaram novamente e o meu coração acelerou. Era impressionante o que aquele homem conseguiu fazer comigo em poucos minutos. Devo ressaltar que eu já tinha e atraído por vários alfas ao longo de minha vida, mas nada como na intensidade que eu estava sentindo com uma simples troca de olhares com Harry.

- Acho que já posso te deixar livre por hoje, – ele sorriu. – Pode se aventurar pela casa ou ler o seu livro, amanhã eu prometo que lhe levarei para conhecer o Refúgio inteiro. Hoje eu estou cheio de coisas para fazer. – Harry ajeitou o cabelo para trás e eu suspirei sorrindo por admiração. Assim que percebi o que eu tinha acabado de fazer, minhas bochechas adquiriram um tom avermelhado e sorri nervoso, olhando para os meus pés ainda descalços.

- Então... – olhei para ele novamente, que arqueou as sobrancelhas. – Eu te vejo amanhã. – Ele assentiu sorridente e eu virei meus calcanhares, indo em direção a porta, mas antes que eu tocasse a maçaneta:

- Quando terminar de ler, quero que me consulte, estou ansioso para descobrir sua opinião sobre a obra. – Ele disse e eu o olhei novamente, concordando e abrindo a porta, saindo do escritório e fechando a porta atrás de mim. Respirei fundo e andei em direção ao quarto em que eu havia acordado, eu já tinha gravado o caminho então foi fácil, o quarto era a quinta porta a esquerda da escada que levava ao andar de baixo. Tive curiosidade em descer para o andar de baixo e explorar mais, só que eu tinha um desejo maior em ler o livro em minhas mãos. Então apenas entrei no quarto e me joguei na cama, lembrando da minha conversa inteira com Styles, suspirando e sorrindo em seguida.

O Refúgio parecia mais interessante agora.

Wolfs Among Us (AU! Larry Stylinson)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora