Sangue Frio

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Amanda sofrera na pele o que não tivera culpa. O sangue escorria pelo chão enrugado do velho apartamento que partilhava com Melissa. Era um espectáculo abominável de se ver. Assim que Melissa chega e se depara com a situação, lança um berro que acorda a vizinhança. A polícia e as ambulâncias não tardaram em aparecer. Melissa estava completamente em choque. As suas mãos tremiam e os seus olhos transbordavam lágrimas enquanto via o corpo de Amanda ser levado. Um par de investigadores inspeccionava o local enquanto dois polícias questionavam os vizinhos sobre possíveis suspeitos. Quando se aproximaram de Melissa a única coisa que conseguiram fora ver o seu desespero. A noite passou e o sol já ameaçava iluminar no céu. Melissa tinha ficado trancada no seu quarto o resto da noite. A imagem do corpo de Amanda sem vida e a esvair-se em sangue amedrontava-a. Mais tarde, quando o sol já ocupava o lugar da lua, o telemóvel da Melissa começou a tocar freneticamente. A início, com os olhos inchados e pesados e o corpo sem forças, pensara em não atender. Mas fosse quem fosse que tivesse a ligar não iria desistir tao facilmente. Só a terceira vez Melissa ganhou coragem e dirigiu-se ao seu telemóvel. O nome da sua amiga Selena aparecia escrito no ecrã e Melissa não hesitou em atender.

- Melissa o que raio aconteceu? Ligaram-me a dizer que a Amanda foi morta, é mesmo verdade? - A voz de Selena soava de forma desesperada, atropelando-se nas próprias palavras.

Melissa respirou fundo antes de responder. - Infelizmente é. Não consigo tirar a imagem dela morta da minha cabeça Selena. - Disse com a voz tremida.

- Não acredito que isto aconteceu. Não com ela! - Gritou furiosamente Selena. Um silêncio ensurdecedor estabeleceu-se. Apenas se ouvia a respiração acelerada de Selena e os soluços soltados por Melissa.

- Selena... Achas que foram eles? - Perguntou num murmúrio.

- Eu não sei Mel. - Suspirou Selena derrotada.

Assim que Selena desligou o telemóvel, Conan quis saber o que tinha deixado a sua discípula tão atordoada. O musculado e bonitão quarentão agarrou a cintura de Selena e começou a sussurrar-lhe bonitas coisas ao ouvido. Selena começou a ficar mais descontraída, até que Conan a tentou beijar, ela travou o beijo:

- Estou com medo que eles venham atrás de mim.

- Eles quem?- Perguntou Conan, bastante sobressaltado

- Aqueles que mataram o meu pai- respondeu, entre soluços,

- Já lá vão mais de vinte e anos. Já se esqueceram da tua existência. Mas a que propósito te surgiu essa ideia?

Selena perde a capacidade de articular frases, as palavras que proferiu não faziam sentido na cabeça de Conan. Protector, abraçou-a e sussurrou:

- Nunca te esqueças. Eu fiz uma promessa ao Thomas e pretendo cumpri-la. Lutarei pela tua vida, tratei de ti como a filha que nunca tive.

- Ás vezes, eu até me pergunto onde esta a minha mãe? Ela esta viva, está lá no Inferno a mandar e a ordenar os seus aprendizes e deixou-me abandonada logo que me teve.

- Compreende que para o Thomas e a Lucy tu foste uma obrigação. Mais para a Lucy, sabes que não foste fruto do amor, como essas tuas amigas, tu nasceste nas circunstâncias de obrigação. Tanto para a Lucy e o Thomas, foste o passaporte deles para a vida adulta.

- Sabes Conan, é isso que me irrita. Nunca na minha vida tive alguém que me embalasse quando era pequena, que me penteasse os meus longos e negros cabelos. O mais próximo com isso que tive na minha vida foste tu.

Sem fazer ideia do que paira na cabeça do seu guardião, Selena abraça-se fortemente a ele e beija-o com emoção. Conan pega nela com os dois fortes braços e transporta-a para o quarto que ambos partilham.

Guardiões do SubsoloWhere stories live. Discover now