Fechei os olhos e respirei fundo, me concentrando. Eu já tinha testado várias vezes, mas quase nunca dava certo. Abri os olhos novamente e já dava para ver aquela colina mais nitidamente, os meus olhos devem estar no tom de azul bem mais vibrante por causa desse dom que os Lúpus tem, a visão aguçada. Quando um Ômega Lúpus a usa, seus olhos ficam azuis, no Beta Lúpus, fica amarelo e no Alfa Lúpus, vermelho.

Quando terminei de observar tudo que tinha ao redor, fechei os olhos e os abri de novo, tendo a minha visão normal de volta e a cor azul clara dos meus olhos.

- Duvido que seja uma base do Novo Governo, a estrutura é muito simples, mas isso não quer dizer que sejam eles querendo nos passar uma imagem falsa. Por isso mesmo vamos ir pelos arredores e observar o local pela elevação que tem atrás deles. Eles não conseguem ir para ali porque é muito íngrime e escorregadio, então, nós vamos conseguir uma imagem privilegiada de lá sem ter problemas. – contei a Stan e ele apenas concordou. – Partimos agora.

- O quê? Eu não vou entrar nessa chuva de jeito algum! – ele exclamou mas eu já estava indo à caminho de lá, completamente encharcado. Continuei andando e ele teve que me seguir, visto que se não me acompanhasse, iria ficar sozinho ali. Ele bufava a cada dez passos que dava, eu também odiava chuva, mas não era para tanto. Conseguimos resistir a um temporal de nada.

Quando a chuva finalmente nos deu um descanso, já tínhamos caminhado um quilômetro e meio. Stan caiu de joelhos na terra úmida erguendo as mãos:

- ACABOU FINALMENTE! – ele gritou e eu revirei os olhos. Ainda tínhamos mais sete quilômetros de caminhada e ele estava agradecendo apenas pela chuva ter parado. Continuei meu caminho e Stanley se levantou, me seguindo. – Agora sim, eu posso tentar divertir essa viagem. Imagina ter que caminhar mais sete quilômetros no puro tédio, realmente, não é para qualquer um. Espero que aquela iluminação ali em cima seja realmente o Refúgio, eu não aguento mais ter esperanças por este local.

- Por isso que estamos contornando. – falei. Eu concordava com Stan, passei cinco anos da minha vida fugindo disso e agora, aos 20 anos, não aguento mais ter expectativas em um local que talvez nem exista e seja apenas uma invenção de um velho lúpus para os outros mais novos nunca perderem a esperança.

- Vamos ter esperança, talvez seja. – ele comentou e o resto do caminho foi silencioso. Estava fazendo muito frio e o meu casaco de quinta não suportava mais isso. Meus dentes começaram a bater e Stanley notou isso, me passando a sua jaqueta. Não recusei, já que eu iria congelar ali mesmo, e como ele era um Beta Lúpus, ele ainda tinha um pouco mais de resistência que um ômega.

Foi quando a mão dele em frente ao meu peito me impediu de continuar a andar. Olhei confuso para ele, que apenas se aproximou de uma árvore qualquer e começou a retirar algumas cascas que estavam no tronco. Assim que ele terminou com aquilo, virou para mim, apontando para o símbolo que estava desenhado com tinta preta ali. (N/a: mídia)

Arregalei meus olhos. Sim, era real. Aquele era o símbolo do Refúgio que tantos falavam. Eu não iria perder as esperanças agora, estávamos mais perto que nunca!

Então, em milésimos de segundo, uma bala perfurou o ombro de Stan, que se encostou no tronco, com a ferida jorrando sangue. Me aproximei dele e tirei a jaqueta, colocando sobre a perfuração, tentando estancar o sangue, falhando. Eu nem havia me preocupado em olhar para quem tinha atirado, mas uma voz masculina atrás de mim me poupou disso:

- Dois Lúpus, eles vão adorar isso! – Stan estava com os olhos arregalados para a figura, mas eu me recusava a olhar. Por medo e porque ele era um alfa, conseguia sentir o aroma viril assim que ele se aproximou. Então, de repente, ele passou a acariciar os meus cabelos com a mão. – Principalmente esse ômega aqui...

Respirei fundo, tentando conter as lágrimas que ameaçavam cair. Deus, eu odiava ser tão indefeso. Stanley já não conseguia respirar direito e o meu desespero se alastrou pelo meu ser. Eu não conseguia fazer nada, eu era totalmente inútil naquela situação. Um homem, atrás de mim, com certeza querendo me estuprar e um amigo, na minha frente, na beira da morte.

Outro disparo foi ouvido, dessa vez no peito esquerdo de Stan. Ele então parou de respirar ficando imóvel, eu não conseguia sentir a sua pulsação e as lágrimas inundavam meus olhos.

- Eu só acelerei o... – ele não terminou de falar já que eu o interrompi, com um soco em seu maxilar e uma coragem que eu havia tirado de algum lugar. O instinto animal falando.

- Você o matou! – exclamei chutando seu estômago. Agora eu podia ver como ele era, cabelo cinza espetado para cima, corpo alto e magro e a barba mal feita. – Seu desgraçado, filho da... – eu fui interrompido pela bala em meu joelho. Grunhi e me sentei no chão, com a perna esquerda ardendo de frente para o corpo morto de Stan. Arfei, deixando as lágrimas rolarem pelo meu rosto novamente. – Por que...?

Por que eu fui ser um lúpus? Por que essa merda de governo não nos deixa em paz?

A minha voz nem saia mais. Esse era o meu fim, eu estaria finalmente morto. Não teria mais que me preocupar com o Novo Governo e a minha sobrevivência. Só queria poder ter tido mais tempo com minha família, eu fugi de casa com 15 anos! Deixei meus pais e irmãs sem nem olhar para trás. Eu não queria que eles se machucassem por eu ser o que eu sou.

- Você, belezinha, vem comigo. – ele ficou se cócoras na minha frente. Seus olhos de cor de mel me olhando intensamente. Só de pensar no que ele pretendia já me dava ânsias de vômito. Por que ele só não me matava logo? Porque você é um Ômega, Louis Tomlinson. E ainda é um Lúpus também. – VOCÊ ME OUVIU, ABERRAÇÃO?

Ele tinha usado sua voz de alfa e mesmo eu não sendo um ômega qualquer, ainda sim machucava meus ouvidos. O homem pegou meu braço e me arrastou como se eu fosse uma pluma, sem nem se importar com a bala na minha perna. Urrei de dor quando a ferida começou a se arrastar pelo neve e deixar rastros de sangue por toda a imensidão branca.

- Pare. – uma terceira voz apareceu. Minha visão passou a ficar turva e tudo começou a rodar. O homem que me arrastava largou o meu braço e eu cai no chão.

Tudo que eu ouvi depois foi um baque e então, minha visão escureceu.

Wolfs Among Us (AU! Larry Stylinson)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora