Capítulo XXVI

11.8K 1K 52
                                    

- Paiiiiiiiii - Ashanti gritou com todas as suas forças amparada por Conrado. - Ó Xicuembo[1]... Porque?

- Ah meu amor... como eu queria ter o poder de estancar sua dor - ele a afagou e a apertou contra si ao dizer as palavras melodiosas.

- Papai... Bhava... - Ela repetiu baixinho ao escorregar pela parede do corredor junto ao Amado.

- Ele se foi meu amor... ele se foi, mas feliz com você. Vamos para o quarto vamos? Quero cuidar de você. - devagar eles foram caminhando para o leito, ao chegar Conrado a carregou no colo colocando-a na imensa cama - Vou preparar um banho para nós, quero te mimar e ao menos tentar colocar um pedacinho do mundo aos seus pés, eu não suporto vê-la sofrer. - Sem desfazer o contato dos olhos ele se retirou devagar indo em direção ao banheiro.

Conforme prometeu Conrado tratou Ashanti como porcelana, ou melhor como diamante, o diamante negro mais lindo e mais lapidado que já encontrara, em nenhum momento ele descolou a boca e as mãos que estavam em constante caricia no corpo dela... O homem a amparou, confortou e amou como nunca fizera antes, sim nunca fizera... A intensidade era demais. Um beijo para cada lagrima, um afago para cada gemido trazido pela dor, foi assim que a princesa passou pela noite mais dolorosa de sua vida, foi assim que menina-mulher teve mais do que certeza de que seu companheiro era sim mais do que para uma vida toda.

- Amor você acredita em reencarnação? - com a voz um pouco falhada ela o perguntou durante a madrugada, nenhum dos dois haviam dormido, Ashanti apenas cochilado.

- Não sei... - respondeu ajeitando-se na cama - Não digo que sim, nem que não... porque? - ele murmurou curioso.

- Porque eu acho que eu já te conheci... acho que me alma te reconheceu - Ela meio que sorriu se aconchegando mais a ele.

- Pensando por esse lado, eu tenho a mais absolutamente certeza meu amor... Eu me encontrei quando te encontrei, minha vida sempre foi muito simples e sem graça antes de sua chegada, minha alma também te reconheceu. - Ele disse deixando a levantando seu rosto pelo queixo deixando um selinho singelo e molhado em seus lábios.

- Obrigada Conrado... Obrigada por existir me escolher habitar minha droga de vida.

- Obrigado Ashanti... Obrigado por existir, me escolher e habitar a minha droga vida.

Sorrindo meio que sem muita graca selaram com um selinho a declaracao e após alguns minutos os dois pegaram no sono. O cansaço falou mais alto, eles realmente estavam exaustos. A preparação para o dia seguinte era necessária, pois ele chegaria trazendo novamente dor e tristeza para aquela família.

¤¤¤¤¤¤¤ € ¤¤¤¤¤¤¤¤

Como esperado, após as rezas de luduvah e as bênçãos do Bispo, o corpo do rei foi exposto no salão em uma urna de bronze para que seus súditos pudessem lhe dar um último adeus, Afalur apesar das atrocidades que cometia dentro de sua casa, era tido como bom governante adorado pelas pessoas de Moçambique, por incrível que pareça, ele fora o único rei a trazer mais qualidade de vida e trabalho para sua população. É como dizem: Nenhuma pessoa é totalmente boa ou má, elas são apenas frutos do que, de quando e como escolhem, afinal Afalur antes de rei, era homem.
No final da tarde preparou-se um cortejo que tinha por objetivo alcançar o pomar que ficava por ali mesmo, aos fundos da casa real, seria ali entre as frutas o jazido de Afalur, sua matéria orgânica agora se tornaria adubo de plantas que concerteza agora produzia frutos mais bonitos e dignos de uma realeza austera.

A volta de todos pra casa em meio ao vazio dentro do peito foi inevitável, o rei havia ido para nunca mais voltar... Os pensamentos eram o mesmo era hora de Maputo se transformar.

AshantiWhere stories live. Discover now