Capítulo V

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Um sentimento nada comum, invadia o coração de Ashanti, seu descontrole de minutos atrás deixava bem claro que a garota estava balançada como nunca estivera, por aquele estrangeiro. Ele conseguira entrar sem avisar, ele conseguira destruir suas reservas, desnortear suas convicções, ele conseguira despertar-la como mulher.

E era isso! Era isso que lhe enchia de raiva, todo esse descontrole, essa aflição, a avalanche de sensações desconhecidas, tudo deixava Ashanti extremamente furiosa... Furiosa com ele! A culpa era dele. Somente dele.

Ao retornar de seus pensamentos para o tempo real, Ashanti percebeu que Conrado, seu carrasco emocional, já não estava mais ali, por isso com passos curtos e apressados ela o seguiu.

- Vai me deixar aqui!? - com os olhos febris, ela questionou exigente, quando o viu montar em tufão. - Está chovendo!

- Você bem que merece, mas não, não sou capaz de deixar a "princesa" desamparada - ele ironizou. - Portanto, suba logo de uma vez.

- Idiota! - sozinha ela escalou a cela e ajeitou o seu corpo a frente do dele - Ande! Coloque-o para galopar, não vê que quero chegar logo em minha casa? - cruzou os braços em uma birra sobre os seios.

- Aouaaaaaa - ainda irritado, contudo cansado de brigar, ele deu sua voz de comando para tufão.

Alguns metros a frente, sem avisar, Ashanti puxou com força a rédea do alazão o fazendo empinar e quase os derrubar.

- Está louca? - assustado Conrado berrou. - Assim você vai nos machucar!

- Não, não estou! - ela suspirou mas retomou a fala como se nada houvesse acontecido - Vá pelo lado esquerdo, esse, o direito deve está totalmente lameado, tufao irá atolar se formos por aqui.

- Tem certeza? - ele questionou tomando novamente a rédeas para si.

- Mas é claro que tenho! Já sabe que conheço tudo por aqui como a palma de minha mão - Ashanti proferiu convicta mas estremeceu ao se lembrar as palavras de Janaína sobre o lado obscuro da mina. Talvez o lado esquerdo não fosse uma boa escolha, porém, eles não tinham outra opção.

Mudando a direção eles galoparam até encontrarem uma trilha cinzenta, escura totalmente forrada por pedras e vestígios de uma extinta e incendiada mata silvestre, olhando assim dava mesmo para acreditar que aquele lado era amaldiçoado como dizia a tradição.

- Entre a direita! - A garota gritava para que ele pudesse a ouvir sob a forte chuva.

- Sim Senhora! - ele respondeu debochando do autoritarismo da moça.

Galhos secos, queimados, paisagem deserta era só o que se via pela frente, os relâmpagos e os trovões se intensificaram, já estavam cavalgadando a mais de meia hora e sequer conseguiram avistar qualquer vestígio da província. Ashanti temeu, temeu e acertou! Estavam perdidos, andando em círculo, o cavalo já cansado e assustado a qualquer hora os derrubaria.

- Estamos perdidos não é? - Conrado desconfiou e Ashanti se calou.

Eu sabia! - Com a voz alterada ele bateu as mãos sob a coxa e pulou do cavalo - Eu sabia que eu não podia confiar em você! Estamos perdidos no meio do nada, o que é vamos fazer agora? - andava de um lado para outro procurando dentro de si uma solução.

- Eu não sei... Não sei Conrado. - ela estava aflita, com medo,quase desesperada... E se... E se fosse verdade tudo o que diziam sobre ali? E se fosse verdade a lenda de que os perdidos por ali não mais retornavam? - Não foi de propósito. A chuva... A neblina... Eu não sei, perdi a direção, não sei como vamos sair daqui.

- Você é uma minada inconsequente, FÚTIL! - ele berrou fazendo-a sobressaltar - Se olhe no espelho Ashanti você é uma mulher de que? vinte e cinco anos?

AshantiTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang