Capítulo VIII

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- Neste sábado está de bom tamanho. - Janaína murmurou para Zumbaida - Por Deus! É um disparate que ainda não tenhamos dado uma festa de boas vindas para o Djah[1], onde está o meu amor por nossos costumes e tradições? Esse é o meu dever como matriarca da família. - Questionou-se indignada com o próprio esquecimento, na pequena reunião que fazia junto aos criados na cozinha.

- Não se preocupe com isso alteza, - Zumbaida a tranquilizou - o senhor Conrado chegou derrepente e com todos esses acontecimentos é perfeitamente normal o esquecido. Confie em mim que me encarregarei de todos os detalhes sim? Faremos a melhor festa de boas vindas de todos os tempos neste reino. - ela garantiu.

- Ô minha amiga, o que seria de mim sem o seu amparo? Hum? Tantos anos cuidando de mim, de nós. - A rainha se aproximou e quebrando derrepente o protocolo abraçou com carinho a criada.

- Faço tudo com muito prazer minha menina rainha, - sorriu um tanto sem jeito - eu a vi crescer, os tenho como minha família. - confessou abaixando levemente a cabeça, como se sentisse receio das próprias palavras.

- Nós também Zumba, é uma querida para nós e eu te tenho em mais alta conta em meu coração.- sorriu afagando a bochecha macia da miuda senhorinha - Agora vou lá pra cima, providenciar que os convites cheguem o mais rápido possível aos convidados, mais tarde quero que me confirme a contratação das cozinheiras e doceiras.

- Sim Senhora, eu farei, até as cinco acredito ter resolvido toda a questão da comida, contando com hoje, temos apenas quatro dias. - pontuou.

- Por isso precisamos agilizar, falarei com Ashanti sobre a decoração e Abena sobre a recepção.

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Três dias após do "incidente" próximo a mina, Ashanti ainda tentava se manter o mais longe possível de Conrado, o desconforto que sentira desde quando ele chegara até a sua Kuanga[2] triplicou, a simples presença do homem que já a fizera delirar enlouquecidamente, agora a fazia transpirar e querer correr para outra ponta do continente a pé.

O mais estranho era que Conrado agia como se nada demais houvesse acontecido, nas poucas vezes que encontrara Ashanti pela casa e arredores, reagiu com tranqüilidade e desinteresse, demonstrando sempre, o extremo oposto da moça. - Será que não signifiquei nada para ele? Só fui mais uma de suas conquistas? - Ashanti pensara algumas vezes antes de dormir.

A verdade desconhecida pela princesa, era que apesar de sua representação infalível, o homem estava completamente atordoado com uma possível rejeição, ele não entendia porque ela se afastara daquela maneira, ele não se lembrava de ter feito algo de errado desde de retornaram daquela noite maravilhosa na cabana, a saudade o corroia e isso lhe pertubava, até Xadreque percebeu que havia algo errado, este já não demonstrava tanto interesse nas transações e negócios que lhe fariam ganhar milhões, de alguns dias para cá.

- Homem, você está de coração partido. - o marido de Abena afirmou, fazendo o coração do brasileiro se apertar de apreensão, em uma de suas importantes reuniões.

- Eu? - Conrado questionou fazendo-se de desentendido.

- Sim, você Djah, Só duas coisas podem ter o deixado assim, como está. - Xadreque confirmou segurando uma caneta por detrás da mesa de seu escritório.

- E como eu estou? - Conrado já prendia levemente a respiração.

- Preocupado mas ao mesmo tempo desinteressado com as coisas ao seu redor... Qual o nome da brasileira? - o curioso quis saber, fazendo o alívio percorrer todo corpo de Conrado.

- Brasileira?

- Sim, tenho lhe observado e como já lhe disse, acredito que somente duas coisas poderiam ter lhe deixado assim... Trabalho não é porque vamos muito bem obrigado, então eu suponho que possa ser uma mulher. Concluo pelo pouco que lhe conheço - ele se explicou - Já somos amigos o suficiente para que você possa me confessar Conrado....- Xadreque se levantou para se aproximar - Que minha Abena não me ouça, mas sei muito bem o quanto as mulheres são capazes de enlouquecer um homem, não posso imaginar uma brasileira.

AshantiWhere stories live. Discover now