Corro de volta para a enfermaria tomando cuidado para não ser pega. Chego à recepção e vou em direção ao telefone, digito os números torcendo para que Becca atenda.
-Pronto.
-Becca! Oi, é a Maya.
A linha fica em silêncio por alguns segundos.
-Maya, aconteceu alguma coisa? – noto um pouco de preocupação em sua voz.
Respiro fundo e digo:
-Sim. Lembra que você me disse que poderia responder a todas as minhas dúvidas? Pode ser hoje?
A linha fica muda pelo o que parecem ser longos segundos.
-Esteja no portão em vinte minutos. Não se atrase. – ela desliga o telefone.
Coloco de volta no gancho e entro na enfermaria, me certifico de que Kimberly está dormindo e vou ao banheiro. Tiro minhas roupas e coloco embaixo do secador para as mãos. Quando elas ficam secas o suficiente, me visto e dou um jeito no meu cabelo. Abro a porta com cuidado e corro até o portão de Misty Falls. Um tempo depois o mesmo carro que me pegou da última vez que sai do colégio para em frente ao portão, este se abre automaticamente. Diferente da primeira vez, não é Zack que está ao volante.
-Como você faz isso? – digo me referindo ao portão.
-Eu já estudei aqui sabia? – Becca diz abrindo a porta do passageiro.
Entro no carro fechando a porta assim que me sento.
-Suponho que ainda não tenha tomado café pelo horário.
O barulho em meu estômago me entrega e Becca dá a partida no carro.
***
Passo mais uma vez pela porta da casa de Becca, tudo parece exatamente igual desde minha última visita. Sigo Becca até a sala de jantar onde uma mesa de café da manhã está posta para duas pessoas. Ela faz um gesto me convidando a sentar e é o que faço.
-Você prefere chá ou café? – ela pergunta se sentando ao meu lado.
-Chá, sem açúcar. – digo enquanto meus olhos analisam o cômodo.
O único móvel na sala é uma mesa grande o bastante para uma reunião de família e um lustre de cristal logo acima. A luz do sol entra por uma janela ao meu lado fazendo as taças na mesa brilharem. Olho para a xícara de chá a minha frente, o vapor sobe até meu rosto e inalo o aroma forte de camomila com canela.
-Bem, já que foi você quem me chamou. – seus olhos castanhos fitam os meus e não posso negar as semelhanças entre nós. – O que quer saber primeiro?
Fico em silêncio. Várias perguntas surgem em minha cabeça e penso por qual delas devo começar e pergunto:
-Quando você foi me procurar em Misty Falls disse que eu não era uma garota normal. - Após Becca concordar eu continuo. – O que você quis dizer?
Sua expressão é pensativa por um instante, percebo que ela procura pelas palavras certas.
-Você realmente não é uma "garota normal". Mas tem uma longa história por trás disso.
-Então começa logo. – digo e dirijo toda a minha atenção a ela.
- Há um tempo, mais ou menos umas três décadas, meu irmão descobriu que ia ser pai.
-Como assim umas três décadas? Supondo que você seja minha tia e seu irmão meu pai isso é impossível. Eu só tenho dezesseis anos! – mal a história tinha começado e eu já estava confusa.
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As Crônicas de Misty Falls - Quedas Enevoadas
FantasyMaya sempre soube de tudo o que ocorria em sua vida,todos sempre foram muito sinceros. Pelo menos era o que ela achava até entrar no internato de Misty Falls. Agora ela deve fazer uma escolha: abandonar sua família por um amor impossível e cometer o...