Capítulo VIII

252 55 29
                                    

Aregon pode até não ser um sobrenome comum,mas isso não significa que à minha frente seja da minha família. Uma mistura de sentimentos entre descrença e raiva bagunçam a minha cabeça me impedindo de raciocinar.

Será que eu deveria acreditar nela ou tudo isso não passa de um engano?

Becca se aproxima mais um pouco ficando a poucos centímetros de mim, noto que ela hesita antes de segurar a minha mão:

-Minha intenção não é assustar você Maya, muito pelo contrário. Sei que é tudo muito confuso, talvez você não acredite em mim mas eu só quero protegê-la. - sinto meus olhos arderem com as lágrimas que tento segurar,não posso chorar agora, não na frente dela.

-Quem... Quem é você? - pergunto olhando fundo em seus olhos, percebo que ela também resiste em deixar as lágrimas vencerem e que respira fundo antes de dizer:

-Eu sou sua tia Maya. Você nunca soube que eu existia mas eu sempre soube de você. Desde que meu irmão descobriu que ia ser pai. - meu coração se aperta,aquilo tudo não podia ser verdade, não podia ser sobre mim.

Minha parte lógica se recusa a acreditar no que está acontecendo, por mais que eu olhasse em seus olhos e visse sinceridade neles e em suas palavras. Como uma névoa me impedindo de ver além, de ver aonde estou caindo no meio dessa loucura. Para mim isso tudo era loucura demais para ser verdade.

Cubro o rosto com as mãos tentando impedir as lágrimas, sinto o toque de Becca em meu ombro e escuto sua voz dizendo:

-Durante muito tempo esperei por esse momento. Não vou culpá-la se quiser se afastar ou se não acredita que seja verdade. Só quero que saiba que ainda vou estar aqui como sempre estive, e que estou disposta a responder à todas as suas dúvidas. - a verdade é que as dúvidas são muitas mas não estou em condições de pensar direito e apenas pergunto:

-Por que só agora? - ela abaixa os olhos e depois volta a me fitar.

-Foi um pedido de seu pai... Que eu esperasse até que você completasse 16 anos. Você vai entender melhor quando eu puder explicar tudo.

Eu tinha que volta antes que desabasse no choro ali mesmo. Enxugo uma que cai sem querer e digo:

-Preciso voltar antes que deêm por minha falta. - ela concorda e propõe:

-Posso pedir para o Zack levá-la de volta.

-Não precisa, prefiro ir sozinha. Colocar meus pensamentos em ordem. - ela assenti e clica em um dos botões do telefone em sua mesa. Em poucos segundos a secretária já está na porta.

-Lizzie, acompanhe a Maya por favor. - sua atenção volta a mim novamente. - Espero que possamos ter um momento para conversarmos melhor. Você já tem o meu número e sabe onde me encontrar. - aceno positivamente e nos despedimos, sigo Lizzie até a saída.

Assim que desço a escadaria da estrada me rendo as lágrimas que começam a cair. Nada daquilo fazia sentido, tudo em que eu acreditava se desfez. O céu acima de mim estava nublado e a neblina começava a cubrir o caminho, já havia chegado a estrada de terra que levava até Misty Falls High quando um vento frio bagunça meu cabelo e apresso o passo para chegar antes que começe a chover.

Já estava na metade do caminho e a névoa bloqueava minha visão, acabo tropeçando em algo e dou com a cara no chão. Sinto uma sensação estranha, como se eu não fosse a única ali. Com medo me levanto e começo a correr, respiro aliviada quando vejo muro do colégio.

"Mais alguns metros e tudo estaria acabado, o livro estaria em lugar seguro."

Esse pensamento me faz parar. Escuto isso em minha mente mas não pertence a mim. Olho para trás mas não vejo nada através da névoa, retomo meu caminho e chego até o portão de entrada da escola.

"16 anos é uma idade perigosa em nosso mundo."

Esse pensamento ressoa em minha cabeça. Volto a olhar para o caminho que acabei de percorrer em busca de algo que pudesse explicar aquilo.

Ou alguém.

Mesmo estando em frente ao portão, a sensação de estar sendo observada ainda me atormenta. Me concentro na névoa a minha frente, sinto que alguém se esconde ali. Como uma resposta outro pensamento ecoa em minha mente.

"Se tratando do clã Vilar qualquer cuidado era pouco, eles são mestres em agir sem levantar suspeitas."

É como se falasse comigo.

Me viro para a floresta em frente a Misty Falls quando escuto um barulho vindo de lá. Dou um passo a frente no intuito de descobrir pelo menos que foi só o vento quando soa a sirene de alarme me fazendo parar. Reviro os olhos:

-Ótimo, me descobriram.

Olá leitores, mais um capítulo! O que estão achando até agora hein? Deixem nos comentários e nâo esqueçam de clicar na estrelinha. Até a próxima!


As Crônicas de Misty Falls - Quedas EnevoadasTahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon