Zayn
As folhas caiem lá fora numa lentidão, que me exaspera. O tempo lá fora podia facilmente condizer com o meu estado de espirito, neste momento, caótico e sem sentido.
Nada tem o menor sentido agora.
Olho para o relógio, 3 da manhã.
Dou um suspiro pesado. Como é que permiti que isto acontecesse?
Elena, dorme tranquilamente. Que nem um anjo.
Quando ela acordar vai-se lembrar de tudo, se ao menos houvesse algo que eu pudesse fazer, que pudesse ajuda-la de alguma maneira... E há! – lembrou-me a minha irritante consciência.
Mas será que eu estaria disposto a fazer isso?
Isso implicaria, eu próprio sair prejudicado. Talvez, até perder a única coisa que amo no mundo. Valerá assim tanto a pena?
Recosto-me na cadeira imaculada com o cheiro forte a desinfetante e adormeço a olhar para o seu rosto perfeito.
Acordo sobressaltado. A minha mente relembra-me de onde eu estou. São 7 da manhã. Apenas passaram 4 horas.
Passa-me pela cabeça um pensamento arrebatador, e se a descobrem aqui?
"Não podemos deixar nenhuma evidência" – Zack sempre dizia.
Acabava por ameaçar e torturar, as raparigas para que elas não apresentassem queixa, e elas, não o faziam.
-Zayn?- O seu olhar confuso perscrutou-me o rosto à procura de alguma resposta.
-Está tudo bem. Volta a dormir. - Assegurei-lhe.
-Eu tenho medo.- Admite.
-Não tenhas, querida. Eu estou aqui.- Peguei na sua mão com delicadeza e beijei-a. Estava gelada.
-Quanto tempo vais ficar?- A fragilidade da sua voz subentendia que ela não estava apenas a referir-se a ' ficar no hospital'.
-Eu vou estar sempre aqui.- Assegurei-lhe com um sorriso terno. Levantei-me e afaguei-lhe o rosto.
O seu rosto perfeito. A curva perfeita dos seus lábios, os seus olhos ternos e o seu sorriso; Oh o sorriso, era completamente doido por aquele sorriso. O seu sorriso era meigo como o de uma criança. Uma criança ingénua e frágil que não conhece o mundo; as pessoas.
Ela suspirou e uma lágrima densa, como as gotas da chuva lá fora, escorreu-lhe pela face.
Se ao menos eu pudesse voltar atrás.
-Bom dia, querida. Como te sentes?- perguntou a enfermeira com um enorme tabuleiro de comida nas mãos.
-Bem.- Esforçou-se por esboçar um sorriso.
-O médico passa por cá daqui a umas horinhas, mas até lá, tens de comer alguma coisa.- A enfermeira sorriu-lhe. Esta sem dúvida era bem mais simpática do que a outra.
-Não tenho fome, mas obrigada.
-Mas tens de comer alguma coisa, não podes estar com o estomago vazio.- A enfermeira insistiu.
-Eu dou-lhe, esteja descansada.- disse com voz firme e a enfermeira abandonou o quarto.
-Nem penses que vou comer isso.- Ela disse com uma cara de desagrado, olhando para a comida.
-Abre a boca.- pedi-lhe ignorando o que tinha dito.
Ela cerrou os lábios, um contra o outro e abanou a cabeça de um lado para o outro, como uma criança pequena.
-Vou fazer o aviãozinho se não abres a boca! – avisei-a e rimo-nos os dois.
-Ouve Zayn, estou muito feliz por estares aqui, mas se julgas que vou comer isso então és mais doido do que eu pensava.
-Teimosa!
Ela olhou para mim com ar de 'ainda não sabias?' ou 'já devias conhecer-me melhor.'
-E se eu for comprar algo à maquina ou ao bar dos pacientes?
-Não quero.- respondeu com voz rude.
Revirei-lhe os olhos e fiz uma careta.
Mas que mulher mais teimosa!
Ela apertou-me mais a mão e instalou-se um silêncio constrangedor, eu sabia que estava quase. Estava quase, a ser feita a pergunta.
-Como é que sabias que eu estava...lá? – perguntou-me baixinho como se tivesse medo que mais alguém ouvisse, apesar de sermos só nos os dois no quarto.
-Segui-te- menti.
Ela iria odiar-me, se eu lhe dissesse a verdade.
-Foi horrível.- Ela disse e começou a chorar incessantemente.
-Desculpa, meu amor. Disse e abracei-a, o mais forte que pude.
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Espero que gostem tanto deste capitulo, como eu gostei.
Adoro ler os vossos comentários, dão-me muita motivação cada vez que quero escrever.
OBRIGADA.
Beijinhos e até ao próximo capitulo.
ESTÁ A LER
"Just friends" - (Zayn Malik fan fiction) [a re-editar]
FanfictionDepois de sofrer durante anos e anos de insultos e abusos por parte de colegas e pessoas a quem ela chamava de 'amigos'. A pura e doce Elena, deixa de o ser quando um terrível acidente tirou do mundo a sua mãe. A partir desse dia algo dentro dela m...