Capítulo XXX

361 46 5
                                    

"George, acorde", ordenou a voz de Elizabeth logo pela manhã.

"Por Deus, mulher, é cedo", resmungou o duque se revirando na cama aproveitando para enroscar a perna na da baronesa.

"Não é cedo para uma conversa", demandou.

Quando ele abriu os olhos viu a mulher sentada na cama com a profusão de cabelos vermelhos soltos caindo como cascata pelo busto e pelas costas.

"Ainda me pergunto porque me demorei tanto tempo para fazer isso", ele suspiro com um riso sonolento nos lábios.

"Não seja galanteador quando temos que conversar, George", ela ralhou sem o encarar, pois sabia que quando pudesse os olhos nele, um sorriso se abriria.

"Como quiser, minha querida", assentiu se sentando ao lado dela, fingindo uma carranca séria.

"O que somos?", ela disparou.

"Um casal não oficial, mas não por minha culpa", o duque respondeu achando graça que ela não o encarava. "Não sou eu quem não respondeu uma certa proposta".

"Eu não posso me casar", enfim, ela verbalizou o pensamento que vinha martelando a cabeça desde que George fizera a proposta. "Nunca vou me perdoar se trair a confiança dos meninos em mim ainda que eles o adorem. Podem achar que eu traí o pai deles...".

"Não acha que meus filhos achariam a mesma coisa?", ele inquiriu acariciando a mão dela que estava perto da sua. "Não é você que arriscaria alguma coisa neste caso, Elizabeth".

"Quer arriscar nossos filhos, é isso? Somos tudo o que esses meninos tem no mundo...", ela finalmente olhou para ele. Claro que, pela sua emoção, se atiraria neste casamento com George, mas como ficariam os meninos depois?

"Já arriscamos nosso tempo quando nos deixamos ceder pelo dever", lembrou ele segurando a mão dela. "As crianças vão entender, Lizzie. Lembra-se de quando Alix e Pat queriam se casar para que você fosse a mãe de todos?"

Elizabeth assentiu ao se lembrar da singeleza do ato do filho e do quanto doeu não poder fazer mais por aquelas crianças que adorava como se fossem seus.

"Pois então, temos a oportunidade de dar aos meninos uma família completa e a nós uma chance", e, para concluir o discurso, ele beijou a mão dela.

"Ou de estragar nossa relação com nossos filhos", ela completou afagando os cabelos dele com a mão livre. "Eu preciso pensar...", ela disse a meia voz.

"Serei um duque magnânimo e deixarei que pense", ele suspirou como se fosse um esforço muito grande deixá-la pensar. "Terei que me ausentar de Londres por uns dias e talvez seja a oportunidade para que pense".

"Vai ficar muito tempo fora?", quis saber com uma ponta de curiosidade.

"Por que a pergunta, querida? Vai sentir minha falta?", rebateu ele com um meio sorriso.

"Talvez...", ela suspirou faceira.

"Pois então, darei algo para que você sinta saudade", disse ele puxando-a para perto de si e fazendo com que deitasse para que repetissem tudo aquilo que haviam feito madrugada a fora. 



O azul dos olhos teusKde žijí příběhy. Začni objevovat