Capítulo II

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"Senhores, voltaram cedo", disse Elizabeth, dois dias depois do baile, quando o pai e os capitães Stanfield e Graham voltaram de uma caçada.

"Resolvi parar, Lizzie querida, antes que nossos convidados matassem todos os pássaros", comentou o almirante com um sorriso bonachão ao entrar na sala de estar.

"Ora, essa! Os senhores estão cientes que a guerra já acabou e que aquelas pobres criaturas não nos oferecem risco, não estão?", troçou Elizabeth com alguma ironia levantando os olhos do bordado no qual estava entretida.

"Rogo que nos perdoe, senhorita. Juro que vi um ou dois piados que pareciam franceses", provocou George com aquele semblante sério que ela, naquele ponto, já entendera que encerrava divertimento por parte dele.

"Pois não eram, Stanfield? Posso ter jurado!", suspirou jovem capitão escocês balançando a cabeça negativamente. "Somos uma lástima, meu amigo"

"Uma vergonha para este país e para seu rei", completou Elizabeth que tinha um falso semblante de reprovação no rosto.

"Vocês três são um perigo para a sociedade britânica", riu o almirante sentando-se na sua poltrona cativa.

Elizabeth apenas sorriu divertida ao ver o pai satisfeito com a presença dos dois oficiais. A sua forma, os dois rapazes conquistavam a simpatia dela durante os últimos dias. James era atrevido e divertido, ao seu lado a vida parecia uma festa sem fim. Não que fosse fútil, mas tinha uma joie de vivre natural e inerente a sua pessoa. George, por outro lado, permanecia a maior parte do tempo sério como um reforço a sua autoridade. Todavia, entre amigos, era um homem que provocava com tiradas inteligentes. Mas era o olhar dele, límpido e azul, que a atraía de alguma forma. Ela percebia que os olhos de George vagavam para ela com frequência e aquilo causava um certo arrepio na nuca em Elizabeth.

Naquele exato momento, era isto que acontecia. O capitão Stanfield demorou seu olhar em Elizabeth e sorria meio inconscientemente por debaixo da barba. Ele estava de pé enquanto ela seguia sentada. Os olhares pareciam conversar naquele silêncio e, por mais estranho que parecesse a ambos, pareciam se entender naquela conversa.   



O azul dos olhos teusOnde histórias criam vida. Descubra agora