Capítulo XXVIII

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Elizabeth acordou de um susto com as cenas de um sonho bom ainda na cabeça. O sol parecia estar alto ainda e ela percebeu que estava no quarto e não no divã do escritório languidamente adormecia sob o peito de George Stanfield. Talvez houvera sido um sonho, pensou se revirando na cama. Mas era tão real todas aquelas sensações e o corpo parecia tão cansado como o corpo de alguém passara a noite fazendo amor. Agora, a realidade a chamava e tinha que ir ver os meninos. Banhou-se com aromas e se trocou com esmero. Nem sabia o porquê, mas o fez deixando a pele absorver o aroma de rosa branca que acrescentava na água do banho.

Ela surgiu quando ele estava no caminho do quarto infantil. Do outro lado do corredor, Elizabeth parecia uma aparição do Olimpo. O aroma era novo e podia ser sentido daquela distância. Ela estancou a caminhada assim que o viu, mas ele continuou. O corpo ainda ardia como brasa mesmo tendo sido um pouco acalmado durante a noite. O fato era que queria mais, precisava de mais. George caminhou decidido observando um brilho confuso nos olhos dela.

"Bom dia, Elizabeth", cumprimentou parando diante dela. Diante do silêncio, ele se inclinou e beijou-lhe os lábios refreando toda a explosão que o corpo sentia quando a beijava.

"George", sussurrou assim que tomou consciência de que alguém podia surpreendê-los e que isso não seria nada bem visto. Elizabeth se afastou um pouco com as faces coradas e a respiração desajustada. "Ontem, nós..."

"Ah, sim, durante toda a noite", confirmou ele com uma expressão divertida ao perceber que ela ainda não acreditava. "Se não estiver se lembrando, ficarei feliz em repetir até que você se recorde".

"Não vai repetir nada se eu não quiser", disse ela tentando ordenar os pensamentos práticos sobre aquilo, mas esta era uma tarefa muito cansativa quando se tinha um homem como George diante de si.

"Lizzie, você sabe que sou um homem bem persuasivo", comentou encurtando a distância entre eles.

"Persuasivo com uma mulher sonolenta...foi este o caso ontem", ela se defendeu recuando um passo a cada dois que ele dava.

"Posso mostrar que ainda sou persuasivo com você bem acordada", provocou ele.

"George, os empregados, as crianças", miou Elizabeth cuja a autodefesa ruía pouco a pouco.

"Às favas com todos, minha querida", o duque deu de ombro.

"Eu sou uma viúva, George. Uma viúva com cinco filhos...e...", ela parou pois ele tocou os lábios e a fez calar.

"Podemos alterar isso imediatamente e torná-la uma duquesa com dez filhos", George disse baixo olhando-a bem nos olhos.

"Você está...", ela começou a falar com cuidado e baixo como se estivessem pecando.

"Sim, eu estou pedindo você em casamento", afirmou tocando o rosto dela. "Eu sou um partido bem difícil, mas estou abrindo uma exceção para você", sorriu divertido e a enlaçou pela cintura.

"Você é sempre tão impossível?", ela suspirou mordendo o lábio enquanto os pensamentos lhe agitavam a mente.

"Apenas com a mulher que era para ter sido minha esposa, casou-se com meu melhor amigo, teve filhos maravilhosos com ele e agora está viúva bem como eu", respondeu o duque com um ar casual.

"Muito engraçado", ela tentou repreendê-lo, mas sorriu no fim.

"Você faz surgir esse lado em mim, minha querida", disse baixinho e roubou um beijo atrevido dela. "Vamos diga-me quando posso chamar o reverendo..."

"Não seja tão apressado. Eu não respondi", a baronesa disse sem o encarar.

"Ora, diga-me qual sua objeção em se casar comigo", o duque segurou com delicadeza o queixo dela fazendo com que ela o fitasse. Apenas a olhando, ficou claro que ela estava em dúvida diante daquela perspectiva.

"O que as crianças pensariam?", ele fez menção de interrompê-la, mas Elizabeth prosseguiu com um tom doce. "Você é o tio George, amigo do pai delas. Eles podem ver isso como uma traição a memória de James"

Quando George ia responder ambos ouviram passos e se afastaram, recompondo-se e tratando de seguir caminhos opostos. 



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