11. Sinais de loucura

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A vadia voltou
Ela não poderia ficar de fora
— Theory Of A Deadman

***

Andei com Chelsea e Europa até chegarmos ao refeitório. As mesas eram separadas por aquela velha história dos grupos: populares, modernos, geeks/nerds, atletas, não sei mais o quê. Fala sério, quem liga para essa coisa de High School Musical?

Pegamos nossas bandejas e andamos em fila pela bancada de metal encardido. As tias da merenda deram dois pratos, um com legumes e outro com pizza de bacon, um copo de suco de caju e o opcional, as velhas gelatinas de ursinho coloridas. A aluna nova nem deu uma piscadinha naquela direção. Estranho. Todos se viciavam nelas.

Guio-as pelo espaço entre as cadeiras. Noto como os incríveis olhos de Chelsea se arregalaram ao ver que faço parte do grupo de seu "irmão". Éramos amigos desde a infância, ela não devia saber.

— Algum problema, amiga? — Pergunta o loiro em tom de implicância.

— Nenhum — responde, sentando-se na ponta oposta da mesa. — Ah... podem se apresentar? Senão vou acabar esquecendo.

— Pode deixar.

Reconheço aquela voz. Meu coração acelera por um momento quando Leonard Usher, o cara que mais admiro no planeta, senta ao meu lado. Seus cachos loiros escuros são muito mais bonitos que os de Thomas (e olha que os dele são de dar inveja em qualquer garota) e aqueles olhos... céus, cinzas feito uma tempestade.

Poderíamos ser o casal perfeito, já que sou líder do grupo de debate e ele do de basquete, mas em toda história temos os contras: primeiro, eu não demonstrava nada; segundo, éramos melhores amigos, quem repararia nisso? Esconder uma paixão platônica por dez anos não é tarefa fácil. Sei lá, ele não é tão popular se comparado a Jack, líder do time de futebol, porque tem cabeça, um futuro em mãos... droga, estou me perdendo.

— Sinto cheiro de caloura. Qual seu nome?

— Chelsea.

— Bem-vinda ao grupo dos normas: somos inteligentes, mas sociáveis. Exceto o Halder.

Tom o olha com raiva. Eu rio.

— Me chame de Leo. As Trevor são as melhores garotas de toda a escola, e sugiro que não deixe a lerdeza de Nick te dominar.

O namorado de Europa joga um bacon nele.

— Nicholas Woolf, ao seu dispor — Diz de um jeito nada cavalheiro. — Thomas, o escudeiro das crianças órfãs, você já conhece.

A mesa cai na gargalhada, inclusive o próprio garoto Halder, mas a nova integrante não parece ter gostado da piada.

— Está tudo bem?

— Não... — Tenta dizer. — Estou um pouco zonza. Avisei ao diretor que tenho diabetes, mas ele não me ouviu.

— Quem ele escuta?

Repreendo Leo com um olhar, voltando minha atenção para Chelsea, que tem o olho esquerdo inchado por situações desconhecidas. É incrível como a preocupação de Thomas aparenta se sobrepor a de todos ali presentes.

Minha irmã e eu a carregamos até o banheiro. O corpo magro dela balança como se estivesse em uma cama-elástica.

— Tente vomitar — grita Europa.

— Não consigo!

Começo a me preocupar quando ela fica mais de dez minutos no box sem dizer nada ou escutar qualquer som de descarga. Vemos seus pés imóveis frente ao vaso sanitário, mas seu comportamento, antes muito doce e amigável, se tornou anormal.

O sinal toca. Nossa aula de debate vai começar e nada dela sair. Reviro nossas bolsas, tentando encontrar algum remédio para dor muscular ou algo do tipo, porém, de repente, vejo-a na minha frente.

— O que houve?

Chelsea aparece suada, os pingos se acumulando na camiseta listrada. Está idêntica a um trabalhador das minas após dias soterrado na escuridão.

— Nada, me sinto...

Sua língua estala.

— Ótima. Como um passarinho que acabou de sair do ovo. Mas... algo diferente me preencheu, entende?

Saímos. Passamos por alguns grupos populares antes das portas da sala de debates aparecerem no final do corredor principal.

— Tipo?

Há um silêncio mortal.

Interrompido por um único sussurro:

— Medo.

— Henna

***************

Oi, batatinhas! Como estão? Bom, ainda estou morta feat. enterrada depois da viagem, mas aqui está o capítulo novo!

O que estão achando? Já sabem o que pode acontecer ou estão tão doidos quanto eu?

Recompensei pelos dias que estive fora. Tô escrendo que nem louca e nunca gostei tanto disso. Obrigada por tudo. Não esqueçam de comentar, votar, e todo aquele papo lindo que não canso de dizer.

Beijão! ❤️

Hell GirlOnde as histórias ganham vida. Descobre agora