24. A regra é não subestimar

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Meu pai me olhava com certo receio, eu estava lá, pronta e disposta a escutar tudo... Talvez alguns detalhes da conversa poderiam me revelar algo de relevante, alguma informação que eu pudesse usar contra Patrício.

Ouço meu celular tocar, Gonçalo estava calado, ao escutar o toque sua expressão parecia-se mais com a de alívio.

— Tudo bem — Respondo afim de que ele continue porém o celular volta insistentemente a tocar o que me irrita, meu pai suspira — Melhor atender, pode ser algo importante.

Acabo fazendo o que meu pai diz, olho a tela do celular antes de resolver atender, número confidencial o que me gera um certo desconforto. Atendo.

Ligação On

— Alo? — Atendo a ligação.
— Encerre a conversa e não diga absolutamente nada ao seu pai sobre essa ligação! — Reconheço a voz, minha mão direita que estava livre agora agarrava minha calça jeans com todas as forças.

— Algum problema filha? — Meu pai me pergunta de fundo, balanço a cabeça em sinal negativo e depois levanto o dedo indicador pedindo um minuto a ele.

— Co-como é? — Acabo gaguejando por conta do nervosismo, eu estava com medo de escutar a resposta.
— Olha — Começou com seu tom sarcástico que me dava náusea — Vou lhe dar um conselho: Melhor fazer o que eu digo, acredite ou não, os miolos do seu melhor amigo estão em jogo. — Conclui num tom de deboche, levanto-me afastando do meu pai.

Vou em direção a uma das janelas imensas que havia no escritório.

— Quem me garante isso? — Ouso em perguntar, eu sabia que Dominic estava no galpão mais as chances de Patrício ter feito algo com ele eram grandes.

— Victória — Ele dá uma breve gargalhada o que me irrita — Apenas aproveito a incompetência dos Santori — Diz num tom arrogante — Além disso, se preferir... Pode pagar pra ver — Sua voz tinha um tom cruel e irônico.

— Certo — Podia ser um blefe, podia não ser... Acontece que Patrício era um doido imprevisível e do jeito que nossa segurança andava tão frágil eu não duvidava, eu não estava disposta a arriscar.

— Não se preocupe — Confirmo seu pedido.
— Que bom que resolveu seguir o meu conselho.
— O que fez com ele? — Sussurro pois eu realmente não queria que meu pai ouvisse.
— Não se preocupe, não o sequestrei se é nisso que está pensando, até porque, ficou repetitivo e chato — Pausa — Mais como eu disse, sua falta de competência acaba me dando brechas para mudar o jogo a meu favor.

— Cadê o Dominic? — Acabo perguntando um pouco alto demais, olho para o meu pai pois eu estava de costas para ele até então.

Vejo seu olhar de preocupação insistente sobre mim.

— Está no galpão — Patrício diz para meu alívio — Com um de meus homens, embora ele não saiba — conclui.

Sinto minha pele entrar em combustão de tanta raiva.

— Por que não quer que meu pai explique o que houve entre vocês? — Pergunto voltando a sussurrar.

— Por que ele teve bastante tempo pra contar e não fez, então, creio eu que chegou a minha vez.
— Hã? — Minha mente estava uma confusão.
— Sim Victoria, eu gostaria de falar com você.
— Você quer é me matar isso sim!

Que homem mais doido.

— Talvez, mas agora não.
— Mais quem diabos você pensa que é? Droga, se quer me matar, mate logo.

Mais uma vez ele gargalha do outro lado da linha, o que chega a me dar arrepios novamente.

— A vingança é um prato que se come frio, ou seja, estou aproveitando o estrago.

I Livro Mafiosa (Sem Revisão)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora