07. Pickering

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Eu passei metade do vôo chorando e a outra metade dormindo. Minha mãe se demonstrou bem mais forte que eu, pois ela não chorou um quarto do que eu chorei. Pelo menos não enquanto eu estava acordada...

- Passageiros, nosso desembarque foi autorizado. Por favor apertem os cintos. - a aeromoça alertou, fazendo-me acordar assustada.

- Acalme-se, meu bem. Está tudo bem, nós chegamos! - minha mãe disse, ao perceber minha cara assustada.

- Ainda bem. Não aguento mais esse avião! É muito apertado, estou toda dolorida! - eu disse, bufando.

Minha mãe deu-me um chiclete para eu mastigar enquanto o avião descia, para não entupir meus ouvidos. Coloquei o chiclete na boca e abri minha janela. "Então é assim que Toronto se parece vista de um avião..." pensei comigo. Chegamos pela manhã, então eu só conseguia ver um monte de construções e algumas áreas verdes.

O avião parou, os passageiros começaram a se levantar e a pegar seus pertences. Minha mãe pediu para esperarmos a confusão passar para sairmos. Concordei com ela e fui arrumando as coisas que tinham ido comigo em minha poltrona. Encarei, pela milésima vez, a caixa do Luís. O que será que tinha dentro? Mal podia esperar para ver.

-Vamos, filha? - minha mãe disse, dando um leve sorriso.

Levantei-me e peguei minha mala de mão. Segui minha mãe em direção a fila da alfândega e do passaporte. Aguardamos na fila, em silêncio, analisando cuidadosamente todo o lugar que nos cercava. Depois de passar pela alfândega e pela polícia, fomos buscar nossas malas. Elas foram quase as últimas a aparecerem, aumentando cada vez mais minha ansiedade para sair daquele aeroporto e conhecer a cidade.

Pegamos nossas malas, nos perdemos dentro do aeroporto à procura de um táxi, até que o encontramos. Entramos em um e minha mãe deu as coordenadas de um hotel, e eu lhe perguntei: 

- Mãe, você já chegou a ver uma casa aqui?

- Já sim, filha. Olhei algumas muito lindas pela internet, só que os imobiliários só fecham negócio pessoalmente. E eu também achei melhor assim, pois podemos olhar a casa e você vê se gosta.

- E quando vamos começar a fazer isso?

- Amanhã mesmo, querida. Você parece estar mais animada, não é?

- Eu ainda estou muito triste por tudo, mãe. Mas não posso esquecer que eu estou no lugar dos meus sonhos e que aqui por muito tempo vou ficar! Olha só como é tudo tão lindo! - eu disse, olhando pela janela e deixando-me hipnotizar pela beleza de Toronto. Os prédios, as pessoas andando na rua, sorrindo e alegres. Sim, eu estava animada, apesar de tudo.

- É tudo muito lindo mesmo, filha! E eu fico muito feliz que você está bem aqui. Isso é tudo o que eu mais quero. - minha mãe disse, sorrindo e acariciando meus cabelos.

O táxi parou e eu avistei um hotel bonito em nossa frente, descemos do táxi e o motorista ajudou-nos a tirar todas as malas, ao passo que um funcionário do hotel apareceu para as levar para dentro. Minha mãe pagou o táxi e fomos em direção à recepção do hotel.

O hotel não era tão chique, mas era muito lindo. Todo iluminado e moderno. Olhei pelo saguão principal e avistei muitas pessoas conversando em várias línguas diferentes. Fui até minha mãe, que conversava com a recepcionista, que lhe entregava o cartão que abria a porta do nosso quarto e lhe indicava como chegar à ele. Andamos em direção ao elevador, entramos e minha mãe apertou no segundo andar.

Chegando lá, caminhamos um pouco e chegamos ao quarto, entramos e as malas já estavam lá. Peguei a minha e a levei mais para perto da minha cama. Minha mãe fez o mesmo.

Strings Attached Where stories live. Discover now