No carro, sozinha com minha mãe, pude finalmente fazer todas as perguntas que formaram-se em minha cabeça durante o dia cheio de hoje.
– Mãe, você fez essa festa hoje por que?
– Como assim "por que" filha? Eu lhe disse. É sua festa de aniversário adiantada, já que não va...
– Não, mãe. Isso eu entendi — Interrompi-a — Eu quero saber porque justo hoje, digo, no mesmo dia em que eu fiquei sabendo de tudo... Achei que você fosse me dar um tempinho para digerir tudo, antes de sair fazendo festa...
– Ah, sim... Bom, você não me perguntou, e eu esqueci de lhe falar também. Se não fizéssemos hoje, não teríamos tempo para fazer a festa, filha. Vamos viajar no domingo.
– Domingo? Depois de amanhã? Meu Deus, mãe! Por que toda essa pressa?
– Eu ando trocando e-mails com a Universidade, filha. E eles pediram-me para ir logo, pois as minhas aulas são diferentes e, mesmo as férias de verão tendo começado agora lá, eu vou precisar ir à Universidade para acertar minha matrícula, conhecer o espaço físico e até conhecer alguns professores! E eles recomendaram que chegássemos lá o mais rápido possível porque eles sabem que você vai comigo e, por isso, eles dizem que o melhor é chegarmos nas férias, para você se adaptar, conhecer os lugares frequentados por jovens, etc...
Mesmo falando comigo, minha mãe não tirava os olhos da estrada, super concentrada em ambas as coisas. Eu, por outro lado, havia viajado em pensamentos enquanto ela falava... Comecei a me imaginar no Canadá, andando pelas ruas e vendo as pessoas... Tudo muito diferente daqui, tudo muito mais desenvolvido que aqui. A ansiedade tomou conta de mim, mas mesmo assim não aparentei muito animada.
Minha mãe, percebendo que eu ainda não iria falar nada, continuou:
– Filha, ânimo! Tenho certeza que, apesar das dificuldades de adaptação que ambas vamos sofrer no início, nós vamos conseguir superar e vamos amar essa nova fase de nossa vida! Prometa para mim que vai pelo menos tentar, fazer um esforço para ficar animada. Por mim, filha.
– Mãe, eu já lhe disse. Eu estou animada! Por dentro... É muita coisa para eu associar, entende?
No meio de toda essa conversa sobre o Canadá, eu havia esquecido completamente de contar o que tinha acontecido na roda gigante para a minha mãe.
– Ah, mãe... O Luís finalmente me pediu em namoro...
– Mentira, filha! Esse menino teve quase sete meses para lhe pedir e em que hora ele decide fazer isso? Justo na hora em que você vai embora e vocês não vão poder namorar! Vou lhe contar, filha, esses adolescentes de hoje em dia, hein...
– Pois é, mãe... Ai é que está. Eu aceitei.
– Como assim, você aceitou filha? Como vocês vão namorar à distância? Isso é coisa de filme, minha pequena...
– Ah, mãe. Nós vamos tentar, oras. Afinal, o que de pior pode acontecer? Nós terminarmos porque não conseguimos. Coisa que pode acontecer tanto a distância como presencialmente. Não vejo nenhum mal em tentar...
– Não há mal, filha... Só não quero que você se magoe ou o magoe... Gosto muito do Luís, ele é um bom rapaz.
– Ninguém vai sair machucado, mãe. Pelo menos eu espero.
Foi nessa hora que o carro parou, e eu me toquei que estava em frente à minha casa. O tempo ultimamente anda passando muito rápido.
Entrando em casa, minha mãe se dirigiu para a cozinha e eu ia subir para o meu quarto, quando lembrei da última — e talvez mais importante — pergunta:
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Strings Attached
FanfictionNós nunca sabemos o que vai ser da nossa vida daqui há uma semana, um mês, um ano. Mas todos temos, no mínimo, uma ligeira ideia. Assim pensava Elisa, uma adolescente de 16 anos que achava que já tinha toda sua vida planejada. Assim que se formasse...
