Capítulo 28 - Minha guerra

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Um segurança me olha espantado de dentro da guarita vendo o míssil indo em sua direção. Acerto a janela e a destruição é maior do que previ. Se as paredes eram blindadas, não fez a menor diferença. Nada sobra da estrutura além de uma parede pela metade agarrada ao portão, que desaba dois segundos depois e libera minha passagem.

Em um lugar onde se podia ouvir insetos instantes atrás, o barulho soa como as trombetas do apocalipse anunciando o final dos tempos. E a vantagem de ser um elemento surpresa desaparece depressa demais. Nova estratégia: ser rápido e imprevisível.

Entro no carro e acelero. Passo por cima de portão e entulho, entrando na propriedade. Vejo um grupo de cinco capangas vindo pela rua central. Pego uma submetralhadora e atiro pelo para-brisa até a munição acabar. E desta vez o dano é exatamente como esperado. Algumas balas acertam meu carro, e nenhum deles é atingido. Na melhor das hipóteses, alguém ralou um joelho ao se arremessar no chão. Jogo a arma para trás do carro e pego outra. Atiro aleatoriamente com a esperança de pelo menos semear o caos e criar qualquer distração que me permita continuar meu caminho.

Quando percebem que se trata de um amador, levantam atirando. A mira deles é bem melhor que a minha e mais tiros acertam o carro. Eu me abaixo em busca de proteção. Sou um alvo fácil, um carro branco na noite. Logo, a caminhonete estará completamente destruída. Antes que isso aconteça, salto para a plantação com o carro em movimento. Deixo para trás grande parte das armas e uma granada explosiva, sem o pino.

O veículo explode quando bate num enorme salgueiro-chorão na rotatória central da propriedade. Eu esperava mais da explosão. Pelo menos, as munições fazem um belo show pirotécnico. O carro é lançado só a um metro do chão e cai em chamas. A árvore se mantém em pé, incólume. Apenas as folhas mais baixas pegam fogo.

Faço um breve inventário de minhas armas. Granadas presas no cinto. Pistolas em seus coldres na cintura. Facas de caça presas na altura das panturrilhas. Fora as doze facas de arremesso sobre as costelas. As demais, deixo na mochila. Faço furos nos bolsos laterais da calça para que os machados de arremesso e as machadinhas fiquem pendurados com o cabo para fora. Um tipo de cada lado. E minhas lindas espadas embainhadas na mão. O resto das armas já era.

Os seguranças, agora em dois grupos de quatro, cercam o carro à distância, apontando suas armas. Uma das portas cai sozinha eles fuzilam o carro novamente. Como se alguém que sobrevivesse àquela explosão fosse representar algum perigo.

Bom sinal. Eles estão assustados. Mesmo como policiais, não devem ter sido treinados para responder a um ataque tão insano quanto este. Jogo três bombas de gás em volta deles, antes que se acalmem. Eles atiram em qualquer direção em que veem uma ameaça. No entanto, sem perceberem, ficam cercados pela fumaça densa. Essa é a hora de lhes mostrar com quem estão lidando.

Deixo a mochila para trás e corro o mais rápido que posso com três facas de arremesso na mão direita e as duas espadas na outra. Lanço as facas e depois outras três e, sem parar, desembainho as espadas. Já passou da hora de testá-las.

Eu me assusto quando um fuzil é virado para mim e me jogo de lado. Com a ninja-to tento acertar o braço. Com uma faca, erraria. Com a espada ninja, amputo-o na altura do cotovelo. Ele tenta gritar e não consegue. Minha katana já tinha cortado sua garganta.

Dentro da névoa ninguém atira, com medo acertar o alvo errado. Um erro deles. Sem seus fuzis, eles são tão inofensivos para mim quanto crianças de colo.

Vejo mais duas sombras perto e vou até elas. Decapito uma com um golpe horizontal, e giro para o segundo distribuindo cortes diagonais em seu peito. Tropeço no quarto. Está caído. Deve ter sido atingido por uma das facas. Enfio a katana na garganta, só para garantir. Quatro já foram e os outros nem perceberam.

O Segundo Caçador:  vencedor do III PRÊMIO UFES DE LITERATURAWhere stories live. Discover now