Capítulo Três

8.6K 932 43
                                    


Depois de algum tempo dentro da faculdade com os calouros super animados querendo descontar tudo que sofreram no ano anterior em nós, pobres criaturas iludidas que achavam que teriam suas aulas normais, fomos para uma avenida pedir moedas para recuperar nossas coisas, pois pegaram nosso material e até meu tênis, estou parecendo uma andarilha que não bate muito bem da cabeça no centro da cidade pedindo dinheiro para beber algumas tequilas no fim da noite, porque depois de passar por todo perrengue mereço umas boas doses de tequila.

Já se passava das nove da noite quando já tínhamos arrecadado uma boa quantia em dinheiro, as meninas e eu seguimos até os calouros recuperar as nossas coisas.

Conhecemos algumas garotas muito divertidas e com toda certeza seriam parceiras de baladas universitárias em breve, situação que estava animadíssima para viver, obvio que quero estudar, mas quero curtir também.

Sentamos na calçada em uma rodinha de aproximadamente vinte estudantes e com muita bebida, começamos a tomar nossas tequilas e logo começaram a chegar o pessoal das outras turmas e no fim virou uma grande festa no ponto de ônibus, logo vejo Wellington, Tomas e mais alguns amigos do meu primo, se aproximaram e nisso um dos amigos deles que estava com carro colocou algum pagode meloso.

🎵Até que durou

Me diz o porquê
Perdeu tanto tempo aqui
Te faço um favor
Melhor eu sumir

Fui mais um nas suas mãos
Não sei se por carência ou falta de opção
Só sei que eu senti amor
Que pena, só eu senti amor

Eu me encostei no poste e com o meu copo de tequila cheio me sentia segura, afinal Alberto não tirava os olhos de mim, sim ele também estava já tinha chegado a algum tempo e estava com um grupo de amigos e amigas e uma moça muito bonita por sinal de cabelos ruivos que estava grudada no pescoço dele, ele me observava de longe.

-Enfim achou uma no padrão que dá para ser apresentável ao público. Falo alto demais e engulo meu copo de tequila.

-Está falando com alguém Rafaela? - Pergunta Wellington perto demais.

-Não pensando alto. -Digo sem graça.

-Percebi que não para de olhar para o Berto, o que está acontecendo? - Me pergunta e eu finalmente o olho nos olhos, olhos claros como o Oceano, me acalmaram só de olha-los, uma paz inexplicável.

- Longa história, um dia te conto pode deixar. - Digo pedindo mais um copo de tequila para Barbara uma garota que conhecemos hoje, e vejo que enquanto ela coloca tequila no meu copo, morde os lábios para Wellington, que pisca para ela.

-Sobrei. - Falo e vou saindo de perto deles para dar privacidade, Wellington me segura pelos braços, olho meio incrédula e imagino já aquelas cenas de filme em que o bonitão pede para que a mocinha fique, como se só a nossa companhia fosse suficiente naquele momento.

- Depois continuamos com essa conversa, quero saber o que o babaca do Berto fez com você. - Diz e sai com Barbara.

Dou de ombros e vou a procura de minhas amigas, acho que a tequila já está fazendo efeito.

Isso de fantasiar as coisas acaba comigo, perdida, coração apertado pela situação, conheço um carinha chamado Pedro, ele me serve algumas tequilas e quando vejo estamos atrás de um ônibus se pegando, pelo menos ele me deseja, o beijo pensando em como Alberto é um babaca e na sorte de Barbara por ser bonita e ter tudo que um homem gosta, aliás ter o corpo que eles gostam.

Me entrego num beco qualquer, sem perspectiva, apenas por prazer, sem amarras, apenas para me sentir desejada, nem que seja por alguns minutos.

Volto para o ônibus sem um número de telefone e nem uma promessa de um novo encontro, afinal isso é o máximo que terei de ''amor'', se é que pode ser considerado amor.

Sento no fundo, não quero ver ninguém e estou bêbada demais, choro baixinho com a cabeça na janela, minhas amigas entram e também estão bêbadas se sentam nos seus respectivos lugares, Thomas entra e me procura, me vê e logo vem em minha direção.

-Tudo bem, Rafa? Bebeu demais né? - Fala e vejo que ele também não está lá essas coisas.

- Sim! - Falo fingindo que estou sonolenta para que ele não me pergunte nada. Ele senta no banco oposto ao meu, já que estou literalmente deitada nos dois bancos e fica ali próximo e acaba pegando no sono rápido.

Pego no sono e acordo com o ônibus funcionando, vejo o pessoal entrando e fico ali encolhida, rezando para todos terem lugares para sentar e me deixar ali no meu cantinho.

Todos devem ter entrado pois o ônibus começa a se movimentar, volto a pegar no sono e acordo com Wellington olhando para mim.

- Está tudo bem? - Fala preocupado.

-Sim, só início de ressaca. -Falo dando uma risada sem graça.

-Posso me sentar com você? - Pergunta colocando as mãos em meu tornozelo e meu corpo reage ao seu toque.

Me apresso em sentar para não sentir aquela sensação, me encolho no banco e ele se senta, não mantemos o diálogo, vou para casa pensando na minha vida e em que tipo de futuro eu quero, fazendo isso comigo, choro baixinho, eu sei que o que estou fazendo comigo nenhuma mulher merece, estou sem auto estima nenhuma, eu sei porque ouço isso das minhas amigas o tempo todo, mas você já se sentiu insuficiente para tudo, eu me olho no espelho e não gosto do que vejo, então como uma pessoa em sã consciência me amaria?

E com esse pensamento e com o peito apertado acabo pegando no sono, acordo quando chegamos em Piraju, começo a organizar minhas coisas para ir para casa, sou uma das primeiras pessoas a descer.

-Percebi que chorou durante o caminho! -Diz Wellington me olhando e eu não tinha percebido que estava me observando.

Dou de ombros.

-Não se preocupa com isso! -Acho que é TPM. -Falo rindo tentando desconversar.

-Espero que não seja culpa de Berto, porque se for dou uma surra nele. -Fala procurando Alberto pelo ônibus.

-Não fica tranquilo, seu amigo faz parte do meu passado. -Falo já de pé pois meu ponto se aproxima.

-Quando estiver afim de conversar me chama, ou me manda mensagem, e definitivamente Alberto não é meu amigo, no máximo conhecido. - Fala e se levanta para que eu passe por ele.

-Tudo bem! Não se preocupe! -Passo esbarrando em seu corpo e sinto seu cheiro amadeirando e reparo em seus braços, seu cheiro de suor se mistura com o perfume e algumas tequilas.

Desço do ônibus e minhas amigas descem comigo.

Vamos conversando e falando do banho que ainda temos que tomar só para tirar essa bagunça toda, minhas unhas estão acabadas, a noite vai ser longa para deixar tudo no lugar.

Chego em casa, meu pai já estava dormindo, tinha uma xicara de leite quente ainda e um bilhete.

''Te amo princesa!"

Acabo tomando a xicara de leite com lagrimas nos olhos, meu pai me ama tanto, as vezes acho que não sobreviveria se acontece alguma coisa com ele.

Vou direto para o banheiro e tomo um banho, tirando a tinta do meu cabelo e tentando apagar as lembranças desta noite.

Me sento próximo a janela abro a mesma e o céu está espetacular, enquanto tiro o esmalte horrível de minhas unhas, choro baixinho e converso com Deus.

Eu não quero mais esta vida, eu quero viver um grande amor, eu quero ser feliz, quero ser lembrada e amada, essa sensação de vazio após beijar alguém é terrível. E ali baixinho pedi para Deus o amor da minha vida, pois eu sei que mereço ser feliz.

Me deitei e apaguei, mal sabia que Deus tinha ouvido minhas orações e isso seria o início de uma grande mudança em minha vida, não só no quesito amor, mas aprenderia a me amar de uma forma inexplicável.  

Curtam, comentem e as famosas estrelinhas , vamos levar esse romance para mais pessoas possíveis, compartilhem a historia. obrigada!

Amizade colorida com a GGOnde as histórias ganham vida. Descobre agora