- Tu é que és a famosa Blue. Desculpa não ter falado contigo antes, querida, sabes que ando num turbilhão com o casamento do Louis. – Suspirou e retirou importância ao sucedido com um aceno de mão. – De qualquer das maneiras, quero agradecer-te por finalmente colocares um sorriso no Harry. É muito importante para mim, tenho a certeza que entendes o porquê.

Suspeitei que o rapaz não lhe contasse o que acontecia na sua vida e por consequente, Johannah apenas acreditava na versão feliz do nosso relacionamento. Com um sorriso emocionado a escorrer-lhe pelos olhos até aos lábios, não me senti capaz de lhe contar a verdade.

- Muito obrigada, Sr.ª Johannah. Eu é que tenho de lhe agradecer por tudo o que fez por ele. – Engoli em seco, não querendo demonstrar mais alvoroço do que necessário. – Tenho a certeza que foi graças a si que se tornou no rapaz forte que é hoje.

Ela estava realmente emocionada e voltou a abraçar-me, agradecendo-me em sussurros comoventes.

- O Harry é muito especial, amo-o como se fosse meu filho. Apenas não o carreguei nove meses na barriga.

- Consigo ouvir-vos, daqui. – Ele fez questão de anunciar, tossindo violentamente

- Não sejas impertinente, Harry! – Ela abanou a cabeça. – Bem, vou voltar para junto do meu noivo favorito e tentar mantê-lo calmo, ainda vamos no início da noite.

Louis acenava com vontade nadireção da mesa, deitando a língua de fora no processo. Acenei de volta. Quandoa Johannah desapareceu pela multidão de pessoas, obriguei-me a mudar deassunto, evitando a conversa constrangedor que se seguiria depois das palavrastrocadas com a mãe dele.


- Onde está o Max? - Afastei o assunto, lembrar-me dele apenas piorava a situação.

- Na mesa das sobremesas. - Ele sorriu. - É um perito em desviar fatias de bolo.

Mirei a grande mesa decorada com uma quantidade exagerada de doces. Um bolo branco e de três camadas tornava real a típica doçaria cerimonial, com dois noivos no topo da mesma. O pequeno rapaz tinha um prato na mão, arrastando as fatias já cortadas esquecidas por convidados distraídos. As suas bochechas estavam tão rosadas que conseguia vê-las brilhar do outro lado do jardim.

- O que lhe deste para beber? - Semicerrei as sobrancelhas. - Nunca o vi tão corado.

- Só bebeu sumo de laranja. E não é preciso álcool para o deixar assim, basta olhar para o decote da mãe da Olivia e ele fica logo todo mexido.

Harry esticou o braço a um dos empregados para este lhe encher o copo. Pediu um Rum com Coca-Cola.

- Queres beber alguma coisa?

A minha última experiência com álcool conduziu-me à perda da virgindade com o rapaz sentado ao meu lado. Prometera a mim mesma que era a primeira e última vez que tocava em algo tão tóxico e destruidor de pensamentos, como aquilo. Contudo, essa era uma promessa que todas as raparigas daquela idade não cumpriam. Todas dizíamos detestar o sabor do líquido, porém nas ocasiões mais angustiantes ele parece estar sempre connosco.

- Eu não sei. - Murmurei.

- Traga-lhe um whisky com Coca-Cola.

O rapaz assentiu e dirigiu-se à mesa de mistura, preparando os pedidos.

- Porque é que não pediste um igual ao teu? - Ergui a sobrancelha.

- O teu é mais doce.

Deitei a língua de fora quando senti os meus pés queixarem-se contra o material duro dos sapatos de salto alto. Baixei-me o suficiente para retirar a fita que os segurava no lugar e empurrei-os com desdém para debaixo da mesa, recebendo uma gargalhada contagiosa de Harry.

WORN JEANSOnde histórias criam vida. Descubra agora