͏ ͏ ͏͏ ͏ ͏ ͏ ͏͏chapter ͏ ͏eleven ͏ ͏- ͏ ͏you're mine

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A LUZ SUAVE do amanhecer se infiltra pela janela, lançando um brilho sobre os lençóis bagunçados. Meus olhos se abrem lentamente, ainda pesados pelo sono, enquanto a primeira coisa que percebo é o calor que envolve meu corpo. Há algo quente e sólido contra mim, que se move em sincronia com a minha respiração.

O peso sobre minha cintura é familiar, um braço forte e possessivo que me mantém perto, como se mesmo no sono ele se recusasse a me soltar. Um arrepio percorre minha pele quando deslizo a mão sobre o lençol, afastando delicadamente o braço dele para poder me virar. E então eu vejo Sylus.

Suas feições sempre marcantes – a mandíbula firme, o traço forte das sobrancelhas – parecem menos severas sob a luz difusa da manhã. Há algo de sereno nele agora, uma vulnerabilidade que raramente vejo. O usual ar de seriedade e frieza que ele carrega se dissolveu, e tudo o que resta é ele. O verdadeiro Sylus.

Meus olhos traçam o contorno de seus lábios, ligeiramente entreabertos, sua respiração lenta e compassada. Minha pele ainda formiga com a lembrança do que aconteceu horas antes naquele quarto, e meu rosto fica vermelho com a memória. O calor, os toques, os sussurros entrelaçados na escuridão.

Quase hesito, mas cedo ao impulso e me inclino, roçando suavemente meus lábios contra os dele. É um beijo leve, como uma promessa silenciosa. Mal me afasto e vejo seus cílios tremerem antes de ele abrir os olhos.

Os olhos dele sempre foram hipnotizantes, uma espécie de abismo profundo no qual eu posso me perder facilmente. Mas agora, enquanto me encara, há algo diferente neles, uma suavidade que Sylus raramente exibia e faz meu peito apertar. Então ele sorri de forma lenta, um gesto preguiçoso que me desarma por completo.

"Ele é lindo", penso, e preciso morder o lábio para não dizer isso em voz alta. O pior é que sei que ele adoraria ouvir. A última coisa que Sylus precisa é de mais combustível para seu ego já considerável.

Bom dia, Yelena — ele sussurra.

Meu nome soa diferente vindo dele, adoro ouvir sua voz rouca e profunda. Meu corpo relaxa ao som de sua voz, e tudo o que consigo fazer é encará-lo, perdida naquele instante que parece durar uma eternidade. E eu sei que estou completamente perdida nele.

A ponta dos meus dedos desliza lentamente pelo lençol macio, enquanto me movo de leve contra Sylus, meu corpo ainda sensível ao toque dele. O calor dele continua ali, firme contra mim, seu cheiro ainda impregnado nos travesseiros e na minha pele.

Um sorriso provocante surge nos meus lábios, meu pé desliza sobre a extensão de sua perna, de cima a baixo, para ver sua reação. — Achei que você fosse incapaz de dormir por tanto tempo… Quer dizer que eu cansei você?

— Impossível — ele retruca na mesma hora.

Eu rio baixinho, satisfeita com a resposta. Mas Sylus já não está prestando atenção na minha provocação. Seus dedos deslizam pelos meus fios ruivos, com o mesmo carinho de sempre. Ele parece fascinado, como se nunca fosse se cansar desse pequeno hábito. Passou a noite assim, enrolando meus cabelos entre seus dedos, murmurando palavras inaudíveis contra minha pele, até que o sono nos levou.

Eu me lembro de tudo o que foi dito, dos sussurros, suspiros e toques entrelaçados no escuro do meu quarto. Mas agora, à luz da manhã, uma dúvida incômoda se instala em meu peito. Será que aquilo entre nós era real?

Sylus sempre foi um mistério, suas ações nem sempre condizem com a inexpressividade que tenta demonstrar. Por mais que me confunda, há momentos em que ele me faz acreditar que sente o mesmo. Mas eu fui estúpida por não ter perguntado diretamente quando tive a chance.

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