͏ ͏ ͏͏ ͏ ͏ ͏ ͏͏chapter ͏ ͏ten ͏ ͏- ͏ ͏night of secrecy

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CAMINHO PELO longo corredor em passos silenciosos, assim que entro na sala de estar, percebo os gêmeos Luke e Kieran em uma discussão em voz baixa. Suas expressões são tensas, como se estivessem debatendo algo importante, mas assim que notam minha presença, interrompem a conversa.

O silêncio paira por um instante até que, sem dizer uma única palavra, eles apontam em perfeita sincronia para a porta do escritório de Sylus. Com curiosidade, me aproximo e entro no cômodo. Meus olhos logo pousam no homem, que está sentado à sua mesa, entretido com uma pequena flor branca.

O narciso repousa delicadamente entre seus dedos, ainda em botão, envolto por uma névoa negra e avermelhada. Meu coração aperta um pouco ao notar a escolha da flor – é minha favorita.

Sylus percebe minha presença e, ao erguer os olhos, um pequeno sorriso surge em seus lábios. Sem dizer nada, ele estende a mão e segura a minha.

No instante em que nossas peles se tocam, uma ligação se forma, um brilho vermelho vibrante envolvendo nossas mãos entrelaçadas. Como se respondesse à nossa ressonância, o narciso floresce de repente, suas pétalas se abrindo com delicadeza sob a luz do escritório.

— Você gostou? — ele sussurra, girando a flor entre os dedos com suavidade.

Desvio o olhar, sentindo meu peito apertar. Agora que compreendo os sentimentos que nutro por Sylus, escondê-los se tornou um desafio ainda maior. E o pior?

Sei que, graças ao poder do Núcleo de Éter em seu olho, ele é capaz de enxergar meus desejos mais profundos. Conviver com ele todos os dias, encontrá-lo em todas as refeições, passear juntos pela Zona N109 e fingir que não sinto nada além de uma leve afinidade tem sido exaustivo.

Eu queria, mais do que tudo, ser capaz de ler seus pensamentos. Saber o que Sylus realmente pensa sobre mim.

— É linda, mas acho que logo você não terá tempo de cuidar dela — retruco, tentando disfarçar o significado que aquela flor carrega para mim.

Ele me observa com um olhar analítico, como se estivesse tentando decifrar algo. Seu polegar desliza suavemente sobre minha pele, e um arrepio percorre minha espinha. — É por isso que você está carrancuda? Está preocupada com a minha flor?

Aturdida com seu toque, solto sua mão quase de imediato, e a ligação desaparece. — Em que tipo de problema você se meteu dessa vez? — questiono, cruzando os braços, tentando recuperar minha compostura.

Sylus solta um suspiro, inclinando-se levemente para trás na cadeira.

— É mais como se os problemas me encontrassem sempre que quisessem. E, infelizmente, aqueles com quem tenho que lidar desta vez são uma verdadeira dor de cabeça.

— Quer dizer que estou livre para sair sozinha, então? — zombo, um leve sorriso se formando em meus lábios. Ultimamente, desde nossa conversa na praça, Sylus fazia questão de me acompanhar aonde quer que eu fosse, mesmo para atividades simples, como tomar um café no centro da Zona.

Ele sorri em resposta e, como se fosse um hábito, bagunça meus cabelos.  — Não vou demorar muito. Afinal, vou sentir falta da minha flor se eu ficar fora por muito tempo.

— Você continua evitando o problema.

— É mesmo? Bem, se eu não voltar desta vez, então sofri um destino pior que a morte.

Arregalo os olhos com sua afirmação. Ele nunca havia falado algo assim antes. Sempre vi Sylus como alguém forte e invencível, então a ideia de existir um inimigo capaz de rivalizar com ele é inquietante.

— Eu vou desaparecer por alguns dias e ver que truque eles têm na manga — ele completa.

Uma ideia começa a tomar forma em minha mente. — Então seus oponentes já se infiltraram na Zona N109? Se você precisar desaparecer antes de partir, eu posso providenciar uma casa segura para você.

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