͏ ͏ ͏͏ ͏ ͏ ͏ ͏͏chapter ͏ ͏seven ͏ ͏- ͏ ͏midnight stealth

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O SINO tilinta assim que empurro a porta, meus olhos atentos percorrem a sala de decoração clássica, um estabelecimento de aparência discreta por fora, mas seu interior exibe um luxo impressionante.

As paredes são forradas com estantes recheadas de livros antigos e decorações extravagantes. Há duas mesas de pôquer cobertas com feltro verde, cercadas por cadeiras de couro vermelho. Atrás de uma mesa de centro, um quadro grande domina a parede, uma pintura clássica representando o céu e os anjos.

Sob a luz fraca e amarelada dos lustres, uma mulher está curvada atrás do bar, mexendo em algumas cartas com um tédio evidente. Seus dedos longos e enluvados deslizam habilmente pelas cartas, embaralhando-as sem real interesse. Ela ergue a cabeça e me encara, com uma expressão nada simpática. — O que você quer?

— Uma lista de pessoas que participarão do leilão Protocore da Onychinus e um mapa do local. Quanto custa? — pergunto, séria, cruzando os braços.

A mulher me examina de cima a baixo, como se tentasse adivinhar se tenho dinheiro ou não. Seus olhos brilham com interesse antes que ela faça um gesto preguiçoso com a mão. — Cinquenta mil.

Arregalo os olhos, sem acreditar. — Só por duas informações?!

Ela balança o dedo com um sorriso cheio de malícia. — Cinquenta mil por palavra. Como você é jovem e bonita, vou te dar desconto de cinco por cento. O que você acha?

— Tão generosa... — zombo, minha voz carregada de sarcasmo enquanto sinto que minha paciência está começando a se desgastar naquele lugar.

A mulher observa minha hesitação e dá de ombros. Em seguida, caminha até uma porta lateral e a abre, permitindo que um turbilhão de sons escape do cômodo ao lado.

Conversas altas, misturadas ao tilintar de fichas, ao girar das roletas e ao som ritmado dos dados rolando sobre mesas de apostas, inundam o ambiente. Entre risadas e vozes embriagadas, capto parte de uma conversa que prende minha atenção, principalmente porque ouço o nome de Sylus e da Onychinus.

Porém, antes que eu consiga captar mais alguma coisa, a mulher fecha a porta, isolando novamente o burburinho. — Você ouviu eles? Agora você entende por que essas duas informações são caras. E como se trata de um dos figurões da Zona N109, é claro que isso vai custar caro.

Meu olhar se estreita ligeiramente. — E se eu quiser informações sobre a Onychinus?

O rosto da mulher endurece, e ela se inclina para perto, sua voz reduzida a um sussurro. — Mocinha, não se intrometa em coisas que você não deveria saber.

Ouço o som da roleta girando, misturado às exclamações empolgadas de apostadores.
Me afasto discretamente, econtro abrigo atrás da sombra projetada por uma grande planta ornamental, e seguro uma pilha de fichas de cassino entre os dedos, fingindo estar ali apenas para me entreter com o jogo.

Enquanto o salão se enche de aplausos e gritos, mantenho minha atenção dispersa ao redor, ouvindo pedaços de conversas furtivas que envolvem rumores da Onychinus em negociações secretas, Sylus desaparecido e conflitos iminentes entre gangues rivais.

— Senhorita, eu tenho uma flor. É para você.

Minha cabeça se ergue, surpresa. Uma garotinha de aproximadamente oito anos se aproxima timidamente, segurando uma pequena flor branca entre os dedos.

Um sorriso surge no meu rosto ao ver o narciso em sua mão, minha flor favorita, por coincidência. — Obrigada, pequena. Por acaso, você cresceu aqui? Todo mundo conhece o Sylus?

Os olhos dela se iluminam ao assentir. — Sim! Ele é um monstro com asas enormes e que nunca morre. E ele tem chifres! Se eu não ouvir a minha tia, Sylus vai me encontrar e me dar de comer ao seu passarinho.

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