A SALA de espera do hospital veterinário estava quase vazia, o homem de jaleco branco à minha frente ajeitou os óculos ao me entregar uma pequena caixa de papelão com um cobertor de lã dentro. — Chegou bem na hora, senhorita. Felizmente, não há nada com que se preocupar por enquanto. Por favor, apenas troque os curativos durante os próximos sete dias.
Assenti em silêncio, ainda sentindo a leve tensão no peito que carregava desde que havia encontrado o pequeno animal. Ele estudou minha expressão por um momento antes de me conduzir até a porta de saída da emergência veterinária.
— Está ficando tarde. Também está nevando, então tome cuidado ao voltar para casa — ele avisou, com um sorriso gentil.
Assim que a porta de vidro automática se fechou atrás de mim, o silêncio da rua me envolveu, caminhei alguns passos e abaixei a cabeça para olhar a caixa. O cobertor de lã dentro dela se remexeu levemente, e então uma pequena pomba branca emergiu, tremendo levemente.
Ela balançou a cabeça, flocos de neve se soltaram de suas asas, desaparecendo no ar frio. Observei, achando a cena adorável. A ave não fazia barulho, apenas me encarava com seus olhos escuros e atentos.
Meus dedos apertaram levemente a borda da caixa. Enquanto olhava para a pomba, uma imagem atravessou minha mente — um certo pássaro e seu dono. Soltei um suspiro, vendo o vapor da minha respiração se dissipar no ar gelado da noite. Puxei o celular do bolso da calça, e enviei uma curta mensagem para Sylus.
Guardo o celular de volta e ajeito a caixa no banco traseiro da minha moto que estava estacionada perto da clínica, amarrando-a com firmeza para evitar que se mova com o balanço do trajeto. Ligo o motor, as ruas da Zona N109 costumam ser bem vazias, mas parece ainda mais silencioso naquele dia de inverno. A maioria evita sair tarde demais, especialmente nos arredores da Onychinus. Só os tolos ou os mais perigosos se arriscam por aquelas ruas.
Após alguns minutos, chego à área mais isolada e temida da Zona, a mansão de Sylus, onde ninguém ousaria se aproximar sem permissão. Reduzo a velocidade ao entrar pelo portão principal e estaciono a moto no jardim, sentindo o ar gelado bater no rosto.
A caixa de papelão ainda está segura. Pego-a cuidadosamente e caminho até a entrada da mansão, e Sylus já me espera na sala. Ele está vestido com um conjunto de moletom preto, e se aproxima de mim sem dizer nada. Seus olhos frios analisam minha expressão por um instante antes de, inesperadamente, erguer a mão e deslizar os dedos pelos meus cabelos ruivos. Com um toque leve, ele retira os flocos de neve que ficaram presos nos fios.
O gesto me pega desprevenida. Ele abaixa a mão, e seus olhos logo se fixam na caixa de papelão em meus braços. — É com isso que você precisa de ajuda? — ele pergunta, com desdém.
— Sim. Quando eu estava na estrada-Espera!
Antes que eu pudesse continuar, ele já estava revirando os olhos, claramente considerando aquilo uma perda de tempo. Seus ombros se movem levemente quando ele se vira, pronto para voltar para seu quarto.
Franzo a testa e seguro a caixa com mais firmeza. — Não seja indelicado, o mínimo que você pode fazer é me ouvir — digo, minha voz carregando um tom de irritação.
Ele pausa, então se vira de volta para mim com um sorrisinho sarcástico nos lábios. — Já conheceu alguém mais arrogante que você, querida?
— Olha só quem fala.
O impasse entre nós dura alguns segundos, então, ele acena com a cabeça para o corredor. — Vamos, Yelena.
Sigo atrás dele, a sala de estar da mansão de Sylus não está muito mais iluminada do que a noite lá fora. A única fonte de luz vem da lareira elétrica embutida na parede, emitindo um brilho suave e alaranjado. Com cuidado, puxo a pequena pomba de dentro do manto em meus braços. Ela ainda está frágil, mas ao menos seus olhos brilham com um pouco mais de vivacidade do que antes.
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✓ | PERSEPHONE ━ sylus.
FanficYelena Thorn faz parte da pequena parcela da população que possui um poder especial, também conhecido como Evol. Em 2034, a humanidade recebeu sua primeira mensagem do Espaço Profundo, uma transmissão que despertou a curiosidade pela exploração espa...
