"ONDE ESTOU…?"
O balanço irregular do carro faz minha cabeça girar enquanto tento lembrar o que está acontecendo. O ar está impregnado com o cheiro de couro barato, um odor forte e enjoativo que me dá náuseas. Meu corpo ainda luta contra os efeitos da neurotoxina injetada em mim, um entorpecimento pesado que me impede de reagir da forma que normalmente faria.
Tudo começou há cerca de um mês. Eu estava na casa da minha família no Distrito de Bloomshore quando uma explosão destruiu tudo ao meu redor, arrancando de mim as pessoas mais importantes da minha vida. Caleb, meu irmão de consideração, e minha amada avó, Josephine, que tiveram suas vidas tomadas antes do tempo.
Seguir em frente depois disso foi a coisa mais difícil que já fiz. Mas eu sabia que eles não gostariam de me ver presa ao sofrimento. Então, transformei minha dor em determinação e me lancei em missões uma atrás da outra, buscando respostas sobre a explosão que levou minha família.
A busca me levou ao Ártico, onde descobri a verdade sobre mim mesma. Foi lá que um grupo de pesquisadores revelou o segredo que repousava dentro do meu peito: o Núcleo de Éter. Essa fonte de energia única, alojada em meu coração, era responsável pela minha habilidade especial de Ressonância, um dom que me permite amplificar diferentes formas de energia.
Juntei todas as informações que pude da Associação dos Caçadores, analisando cada pista, e a conclusão foi: tudo estava conectado à Onychinus, a organização que domina a Zona N109. Eles sabiam sobre o Núcleo de Éter e o queriam para si, apesar de não terem o conhecimento ainda que essa fonte de energia estava em meu coração.
Se era isso que eles buscavam, eu usaria isso a meu favor. Decidi entrar na Zona N109 e me aproximar da Onychinus por conta própria, por meio de um site ilegal de anúncios. Não importava se as respostas que eu encontrasse seriam sobre o Núcleo de Éter ou sobre aquela explosão.
Até agora, tudo estava saindo conforme o planejado. Eu trouxe a "isca" mais valiosa —o próprio Núcleo de Éter — até as profundezas do abismo que é a Zona N109. E no coração dessa escuridão, espero encontrar Sylus, o homem que talvez tenha as respostas que procuro.
— Eu corri um grande risco para levar a garota. A recompensa precisa ser melhor do que isso — diz a voz masculina.
A luz fraca vinda do painel do carro projeta sombras na figura do homem ao volante. Tento mover as mãos instintivamente, mas um aperto forte me detém. As cordas são apertadas e ásperas, machucando minha pele cada vez que tento me soltar.
— Tem certeza que isso está certo? Já dirigi pela mesma estrada três vezes. Não estou chegando a lugar nenhum — o homem resmunga, parecendo frustrado. Pela forma como segura um celular próximo ao rosto enquanto dirige, presumo que esteja discutindo com alguém.
Faço um esforço para recuperar meus movimentos. Meus dedos formigam, meus braços estão dormentes, mas aos poucos começo a sentir meu corpo de novo. Antes que possa pensar em um plano, o carro freia de repente com um rangido alto, me jogando contra o banco. O motorista xinga entre dentes e bate no volante, irritado.
— Droga!
Ele sai do carro, resmungando sobre sua falta de sorte, e então a minha porta se abre bruscamente. Sem delicadeza alguma, o homem me agarra pelos braços e me puxa para fora. Meus pés mal tocam o chão antes que eu tropece, minhas pernas ainda instáveis por causa da toxina. Caio de joelhos na terra, com as mãos ainda presas.
Ergo a cabeça e olho ao redor. Estamos em um cemitério, há uma névoa densa sobre o chão, ondulando entre as árvores retorcidas e sem folhas. O homem murmura mais algumas palavras ao celular antes de desligar e guardar o aparelho no bolso. Ele então se abaixa diante de mim, segurando uma adaga nas mãos.
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✓ | PERSEPHONE ━ sylus.
FanfictionYelena Thorn faz parte da pequena parcela da população que possui um poder especial, também conhecido como Evol. Em 2034, a humanidade recebeu sua primeira mensagem do Espaço Profundo, uma transmissão que despertou a curiosidade pela exploração espa...
