Sylus me ouve com atenção, posso ver um brilho curioso em seus olhos, e pelo pequeno sorriso que surge em seus lábios, sei que ele gostou da ideia. Ficar hospedado em minha casa por três dias enquanto resolve suas pendências em outro lugar pareceu lhe agradar mais do que eu esperava.
E foi assim que, depois de semanas naquele mundo tão diferente do meu, voltei para minha cidade.
A sensação de estar de volta é estranha, quase desconfortável. Passei quase dois meses na mansão de Sylus, cercada por um luxo ao qual nunca estive habituada, vivendo dia após dia sob os privilégios de ser uma espécie de convidada de honra do líder da Onychinus. Agora, retornar à minha rotina comum parece surreal, como se tivesse acordado de um sonho distante.
Mas nada disso é tão estranho quanto estar de volta acompanhada do inimigo número um da Associação dos Caçadores – o lugar onde eu trabalho. Assim que entramos no apartamento, Sylus para no meio da sala, observando o ambiente ao redor com aquele olhar analítico de sempre.
— Minha casa não é grande, então não vou fazer um tour com você — comento, cruzando os braços ao pensar que ele definitivamente não combina com a simplicidade do lugar.
O apartamento é modesto, mas confortável. A decoração é simples, com um toque moderno na mobília, mas também há muito do meu gosto pessoal espalhado pelos cômodos. Pequenos quadros com paisagens naturais adornam as paredes, plantas discretas preenchem os cantos. É um espaço aconchegante, bem diferente da grandiosidade fria e impecável da mansão de Sylus.
Sylus esboça um sorriso zombeteiro, seu olhar percorrendo a sala sem pressa. — Sim, basta apenas uma olhada para ver tudo.
Reviro os olhos diante de seu tom provocador. — Assim é a casa de uma pessoa comum. É fofa e aconchegante.
— Você é tudo, menos comum, Yelena.
É inevitável não lembrar do quarto luxuoso onde fiquei hospedada em sua casa.
Meus lençóis eram de um tecido tão macio que parecia impossível me acostumar novamente aos meus. O café da manhã servido na cama, repleto de frutas exóticas, se tornou um dos meus pequenos prazeres diários. Romãs, em especial, haviam conquistado meu paladar. Talvez tenha me acostumado um pouco demais com todas essas regalias.
Meu devaneio é interrompido quando percebo Sylus pegando uma pelúcia de cachorro que estava jogada no sofá. Ele segura o pequeno cachorro de pelúcia com curiosidade, apertando levemente sua bochecha macia antes de sorrir.
— Isso é fofo — ele comenta, como se fosse uma grande descoberta.
— Devolve — digo, pegando a pelúcia de suas mãos antes que ele decida continuar a análise.
Sylus suspira de forma dramática. — Por que você não me deixa fazer amigos?
Preciso me segurar para não rir. — Não precisa — respondo, guardando a pelúcia de volta no sofá. — Você vai embora em alguns dias. E nem me disse para onde vai.
Ele se acomoda no sofá, apoiando um braço no encosto enquanto olha ao redor mais uma vez. Seu olhar parece distante por um instante antes de responder, sua voz mais baixa do que antes:
— É para a segurança de alguém.
Me pergunto a quem ele se refere, e no fundo, uma parte de mim gostaria de acreditar que ele estava falando de mim. Mas sei que não devo me apegar a esperanças que talvez nunca se concretizem.
— Estou vendo que só tem uma cama... Quer dizer que nós vamos dormir juntos, querida? — Sylus pisca para mim, e sinto meu rosto esquentar no mesmo instante. Viro de costas rapidamente, tentando esconder o rubor que sobe até minhas bochechas. Ele definitivamente se diverte demais me provocando.
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✓ | PERSEPHONE ━ sylus.
FanfictionYelena Thorn faz parte da pequena parcela da população que possui um poder especial, também conhecido como Evol. Em 2034, a humanidade recebeu sua primeira mensagem do Espaço Profundo, uma transmissão que despertou a curiosidade pela exploração espa...
͏ ͏ ͏͏ ͏ ͏ ͏ ͏͏chapter ͏ ͏ten ͏ ͏- ͏ ͏night of secrecy
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