͏ ͏ ͏͏ ͏ ͏ ͏ ͏͏chapter ͏ ͏eight ͏ ͏- ͏ ͏aether core

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Entramos em um elevador, que desliza silenciosamente para cima. Quando as portas se abrem no andar final, inúmeras peças de metal estão espalhadas no telhado espaçoso, destroços de estruturas antigas corroídas pelo tempo. As barras de aço retorcidas emergem do chão, cobertas por ervas daninhas que cresceram por entre as rachaduras.

— Parece um laboratório de experimentos — digo, observando os restos de equipamentos científicos largados.

Sylus assente. — Foi há muitos anos, mas eles abandonaram. Do Grupo EVER.

Minha cabeça se ergue de imediato. O Grupo EVER era simplesmente o conglomerado mais prestigiado da cidade, sua influência sustentando toda a infraestrutura de Linkon. Como poderiam estar envolvidos com a Zona N109, esse lugar esquecido e condenado?

— Eu ouvi dizer que antes da Catástrofe de Chronorift, aqui era o centro tecnológico mais próspero. Então acho que faz sentido a EVER ter usado isso como base de pesquisa.

Sylus me encara com um olhar afiado antes de cruzar os braços. — Você realmente é uma cidadã ingênua de Linkon City. Muitos locais foram afetados por essa catástrofe, mas apenas a Zona N109 se transformou em uma terra devastada. Por que você acha que isso aconteceu?

Engulo em seco. Há teorias conspiratórias espalhadas por toda a cidade, mas minha mente está uma bagunça agora. Antes que eu possa responder, um brilho sutil no céu me atrai. Levanto o olhar e vejo o Túnel do Espaço Profundo. Nuvens densas giram dentro da escuridão noturna, e no centro do céu, há uma espécie de vórtice brilhante que revela o portal que permite a passagem para o resto do universo.

Sylus limpa a garganta para chamar minha atenção e aponta para um pilar de pedra coberto por inscrições antigas. A estrutura emite um brilho fraco. — Essas flutuações não são produzidas por Protocores normais. Pense nisso primeiro. Depois de retirá-lo, não tem como voltar atrás.

Solto um suspiro e, decidida, avanço até o cristal dourado. Estendo a mão e toco o pilar, permitindo que minha energia flua em sintonia com a estrutura. A pedra responde ao meu toque com um brilho intenso, e um calor percorre meus braços como um choque elétrico.

A ressonância se intensifica. Luz dourada escapa da superfície do pilar e, em um instante, um Protocore flutuante surge no ar. Seu brilho é ofuscante, vibrante, carregado de poder. Um Núcleo de Éter. Assim que meus dedos tocam a esfera reluzente, o mundo ao meu redor se despedaça.

O chão treme violentamente sob meus pés, e uma tempestade repentina se forma acima de nós. O vento chicoteia meu cabelo e a escuridão do céu se intensifica. Flutuações violentas emergem do Túnel do Espaço Profundo, e a luz das estrelas desaparece como se nunca tivesse existido.

Um arrepio me percorre quando um zumbido estranho invade minha mente. Uma dor lancinante explode em minha cabeça, me fazendo cair de joelhos. Um sussurro invade minha consciência, baixo, quase inaudível, mas é como se aquela voz estivesse no fundo da minha mente.

“Yelena...”

Minhas pálpebras tremulam. O mundo gira ao meu redor, e então uma voz mais firme me puxa de volta à realidade.

Yelena, você deve continuar.

Abro os olhos e encontro Sylus ajoelhado diante de mim. Sua expressão está séria, mas há algo diferente em seu olhar... Uma paciência que beira a gentileza, um fio de emoção bem escondido sob sua máscara habitual de indiferença. Ele estende a mão para mim. — A vida que você me deve, ainda não é hora de retribuí-la.

Minha respiração está irregular, mas agarro sua mão sem hesitar. Sua pele está quente, e no instante em que nossos dedos se entrelaçam, uma energia ardente explode entre nós. Uma luz vermelha intensa nos envolve, meu peito aperta quando uma onda de poder sem precedentes percorre minhas veias, como se algo dentro de mim estivesse finalmente despertando.

O Núcleo de Éter brilha ainda mais forte, lançando incontáveis feixes dourados que penetram em minha pele. A energia agora se molda ao meu corpo, fluindo em harmonia comigo. É como se as ondas furiosas de um oceano tempestuoso se transformam em suaves ondulações sobre um lago sereno. O cristal dourado flutua até minha mão, e eu o seguro, hipnotizada. Sinto em meu coração que esse poder agora pertence a mim.

Percebo que Sylus se vira para sair, e sou puxada junto com ele de forma brusca. Por um instante, sou obrigada a acompanhar seus passos e a sensação de nossa pele se tocando me faz estremecer levemente.

Quando olho novamente, noto algo estranho — parece que há um fio invisível conectando nós dois, uma espécie de algema luminosa cintilando em tons avermelhados surge rapidamente antes de desaparecer como se nunca tivesse existido.

— O que é essa coisa? — sussurro, e meus olhos se fixam no ponto onde antes estavam as algemas de luz, mas Sylus não responde. Seu olhar permanece impassível, como se estivesse ignorando minha pergunta. Mas então, um poderoso tremor sacode o solo sob nossos pés, reverberando no ar.

A energia liberada pelo Túnel do Espaço Profundo rasga os céus, gerando uma reação em cadeia pela região. Aquelas sombras que acreditavam controlar a Onychinus são eliminadas da tapeçaria do destino. Incapaz de ver as correntes subterrâneas abaixo da superfície da água, só consigo sentir o cheiro da fumaça se tornando mais pungente à medida que é levada pelo vento. Estruturas desmoronam e desabam, e as asas de Mephisto perfuram a escuridão sem limites. Ele é acompanhado pelo toque distante de um sino. É quase como um anúncio, como se o mundo estivesse dizendo...

O verdadeiro líder da Onychinus voltou.

No entanto, Sylus não demonstra reação alguma. Em meio ao caos ao nosso redor, ele permanece imóvel, como se a tempestade fosse apenas um detalhe insignificante. Ele se senta ao meu lado dentro da limusine, indiferente à destruição que deixamos para trás.

Minhas mãos apertam o tecido do vestido, meu olhar fixo no vidro. Eu nunca fui ingênua o suficiente para acreditar que Sylus me ajudou a obter o Núcleo de Éter apenas para se livrar de figuras inconvenientes dentro da Onychinus. Ele não é um homem que parece agir por impulso ou que aceita perdas desnecessárias. Se esse acordo não trouxesse um lucro para ele, nunca teria acontecido.

Quais são os verdadeiros objetivos dele?

— Então... Qual é o seu plano para essas algemas? - me viro para encará-lo, mas Sylus não está olhando para mim. Seu olhar está fixo na paisagem além da janela, sua expressão inalterável.

— Cortar fora — ele afirma, com a voz imperturbável.

Minhas sobrancelhas se franzem. — Mas parece ser algum tipo de energia... Consigo, pelo menos, atacar com isso fisicamente?

Sylus solta uma risada baixa, com um ar de deboche. — Eu estava falando da sua mão.

Minha respiração prende na garganta, em choque. Sylus finalmente desvia o olhar para mim, um sorriso brincando em seus lábios.

— Ou você pode se estabelecer na Zona N109 — ele continua, a diversão evidente em seu tom. — Tenho tempo mais que suficiente para resolver esse problema com você, Yelena.

✓ | PERSEPHONE ━ sylus.Where stories live. Discover now