Engulo em seco e tento me afastar, mas antes que consiga, sinto algo envolver meus pulsos. Suas sombras se movem como serpentes, deslizando ao redor dos meus braços e puxando-me para cima sem esforço.
— Você não precisava fazer isso! Eu ia embora agora! — protesto, tentando me soltar.
Sylus parece se divertir com minha luta inútil e, com um gesto preguiçoso da mão, me coloca sentada no sofá, mantendo meus pulsos presos por sua habilidade. Ele então caminha até a estante, repleta de vinis e livros encadernados em couro. Seus dedos longos percorrem as lombadas dos discos, como se procurasse algo específico.
— Yelena, esta é a quarta vez que nos encontramos desde ontem à noite — diz ele, pegando um livro e folheando-o com calma, sua voz carregada de provocação.
Suspiro, irritada, ainda presa pelas sombras. — Você definiu um limite de tempo para encontrar o broche, mas não disse como eu deveria encontrá-lo. Duvido que eu esteja quebrando alguma regra.
Ele solta uma risada baixa, virando levemente a cabeça em minha direção. — Preciso te lembrar das suas tentativas anteriores?
Reviro os olhos, claro que ele se lembra. Dessa vez, Sylus parece encontrar o que procurava e coloca um disco de vinil para tocar. As notas de uma música clássica preenchem o ambiente, ele se encosta contra a mesa, os olhos fixos em mim com aquela expressão enigmática de sempre.
— Eu subestimei sua determinação ou superestimei seu intelecto?
Faço uma careta com a irritação crescente que sinto. — Foi você quem sugeriu um acordo, mas está aqui dificultando as coisas.
Sylus caminha em minha direção, o olhar sério, uma das mãos descansando na base do quadril com uma postura preguiçosa. Seu roupão está ligeiramente aberto, revelando uma parte de seu peitoral bem definido e a linha dos músculos abdominais.
Tento manter meu olhar fixo em seu rosto, ignorando o impulso traiçoeiro de deixar minha atenção vagar para aquela região exposta.
— Você terá que trabalhar mais — ele diz. — Sai. Eu vou dormir.
Antes que eu possa responder, Sylus segura minha mão e me arrasta sem cerimônia pelo quarto. Com um movimento, me coloca para fora e fecha a porta sem hesitação, também liberando suas amarras de sombras em minhas mãos.
Fico parada ali por um momento, encarando a porta fechada feito uma idiota. A frustração borbulha dentro de mim, mas sei que insistir agora seria inútil. Sem sono, desço até a sala principal da mansão. Preciso distrair minha mente, organizar meus pensamentos antes que a raiva me faça fazer algo estúpido.
Abro uma gaveta e encontro um caderno esquecido. Sem nada melhor para fazer, começo a rabiscar. Meus traços são irregulares, impacientes, mas logo percebo que estou desenhando um corvo mal-humorado, algumas facas e, por fim, um pequeno demônio que, de certa forma, lembra Sylus.
Reviro os olhos ao perceber o que fiz.
— Desgraçado... — murmuro, pressionando a caneta contra o papel com mais força do que o necessário.
— Você está arrancando os cabelos por causa disso, hein?
A voz repentina me faz erguer a cabeça, os gêmeos surgem como sombras. Kieran está jogado em uma cadeira, apoiando o queixo na palma da mão com um sorriso divertido. Luke, por sua vez, senta-se casualmente sobre a mesa, os pés balançando no ar.
— Se você quiser fazer algo, talvez nós possamos te ajudar — Luke sugere, inclinando-se ligeiramente para frente.
— Se quiser conquistar o coração do nosso chefe, terá que usar uma abordagem diferente — Kieran continua, sem disfarçar a diversão.
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✓ | PERSEPHONE ━ sylus.
FanfictionYelena Thorn faz parte da pequena parcela da população que possui um poder especial, também conhecido como Evol. Em 2034, a humanidade recebeu sua primeira mensagem do Espaço Profundo, uma transmissão que despertou a curiosidade pela exploração espa...
͏ ͏ ͏͏ ͏ ͏ ͏ ͏͏chapter ͏ ͏seven ͏ ͏- ͏ ͏midnight stealth
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