͏ ͏ ͏͏ ͏ ͏ ͏ ͏͏chapter ͏ ͏six ͏ ͏- ͏ ͏ambiguous chaos

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— Você já acordou? — sua voz carrega um tom de zombaria. — Você deve ser uma garota durona, mas estou te avisando... Não tente nenhum truque comigo, ouviu?

Observo seus traços ocultos sob uma máscara preta e um boné da mesma cor. Tento memorizar suas características; qualquer detalhe pode ser útil quando eu sair daqui e começar minha investigação sobre essa gangue.

— Então você é apenas um intermediário. Está trabalhando para pessoas da Zona N109? — pergunto. O homem não responde de imediato, sua expressão parece endurecer sob a máscara. Então, ele levanta a adaga e aponta para mim, a lâmina refletindo a luz da lua.

— Cale a boca — ele rosna. — Deixa eu inspecionar a mercadoria antes de te entregar. Onde você escondeu o Núcleo de Éter?

Sinto meu coração acelerar. Antes que eu possa formular uma resposta, uma nova voz surge na escuridão, grave e carregada de autoridade.

Sequestrar a presa da Onychinus sem nos avisar... Isso não é exatamente educado.

O homem arregala os olhos no mesmo instante, seu corpo se enrijece e, num reflexo desesperado, ele me puxa para mais perto, posicionando-se atrás de mim como um escudo humano. A lâmina da adaga pressiona contra a pele do meu pescoço, e seus dedos se entrelaçam no meu cabelo, puxando-o com brutalidade. Solto um grunhido de dor.

— Ela é nossa, por sinal... — a voz volta a ecoar, carregada de ameaça. — Já estamos de olho nela há muito tempo.

A última palavra mal se desfaz no silêncio quando algo se move rápido demais para que eu acompanhe. Uma lâmina feita de sombras corta o ar, atingindo a mão do meu sequestrador com precisão. Ele solta um grito estrangulado, a adaga escorrega de seus dedos e finalmente estou livre.

Tombo para o lado, caindo no chão frio. Um suspiro aliviado escapa dos meus lábios, mas não me dou ao trabalho de olhar para trás para ver o que está acontecendo com o homem.

Duas figuras emergem da névoa vermelha.

Vestidos inteiramente de preto, seus corpos envoltos em casacos pesados e capuzes largos, eles parecem sombras ambulantes. Máscaras de corvo feitas de couro cobrem seus rostos, ocultando qualquer traço humano. Os capuzes de ambos trazem chifres curtos, não há como distingui-los.

Um deles se aproxima de mim. — Você é muito corajosa por divulgar informações sobre o Núcleo de Éter desse jeito.

O segundo mascarado me observa por um instante antes de acrescentar: — Isso explica por que o chefe está interessado.

Antes que eu possa responder, uma risada ecoa pelo cemitério. Meu sequestrador ainda está vivo. — Entendi. Foi o Sylus que mandou vocês... — ele sussurra, sua voz carregada de um ódio fervilhante. — Mas o Núcleo de Éter é meu!

Seu corpo se move rápido. Uma arma aparece em sua mão livre, ele a ergue e sem hesitação aponta na minha direção. Meus músculos travam porque não há tempo para reagir.

O som do disparo ecoa. Instintivamente, espero a dor, o impacto, mas nada acontece.

A bala está parada no ar. Flutuando, suspensa como se o tempo ao seu redor tivesse congelado e envolta em sombras avermelhadas. Então, ela simplesmente desaparece.

As mesmas sombras envolvem o corpo do meu sequestrador. Elas se enrolam ao redor de seus membros e ele solta um grito sufocado, seus olhos arregalados de puro terror. Seu corpo é erguido no ar, suas pernas chutam o vazio em desespero.

A escuridão o devora. Não há sangue, apenas um brilho vermelho intenso, uma explosão silenciosa de energia. Quando o brilho desaparece, ele também sumiu, como se nunca tivesse existido.

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