O impacto foi tão forte que me lançou para trás, minhas costas batendo contra o chão úmido e frio, arrancando-me um grunhido surpreso.
Demorei alguns segundos para recobrar o fôlego e me levantar, sentindo a terra fria grudada na minha roupa. Com o coração ainda acelerado, levantei o olhar na direção onde o monstro e o homem haviam estado.
Para minha surpresa, o Wanderer havia desaparecido por completo, como se nunca tivesse existido. A densa escuridão que antes dominava o ambiente começava a se dissipar, revelando o brilho da lua cheia que iluminava a clareira.
Foi nesse momento que o reconheci.
O loiro, agora visível sob a luz suave, não era um desconhecido. Seu rosto concentrado, as feições marcantes e o olhar determinado me transportaram instantaneamente para uma lembrança.
Ele era o mesmo da minha primeira missão. Seu nome era Xavier.
Antes que eu pudesse pensar no que fazer, um suspiro escapou dos meus lábios — alto demais para a quietude que reinava ao redor. Xavier imediatamente virou o rosto em minha direção, seus olhos afiados me encontrando na penumbra.
O pânico me fez recuar instintivamente, escondendo-me de volta atrás da pedra que havia usado como cobertura. Foi então que senti.
O frio metálico de uma lâmina encostando perigosamente próximo ao meu rosto, tão perto que pude sentir o leve zumbido do ar cortado pelo movimento rápido. Meus olhos se arregalaram e, em um reflexo, levantei as mãos, tentando parecer o menos ameaçadora possível.
— Sou eu! Nós nos conhecemos antes, eu juro! — exclamei rapidamente, minha voz carregada de urgência. — Lá na base de pesquisa. Depois que escapamos, você me pediu para-
Antes que eu pudesse terminar a frase, algo se fechou ao redor da minha perna.
Olhei para baixo apenas para ver uma espécie de corda luminosa se enrolando com força no meu tornozelo esquerdo. Nem tive tempo de processar o que estava acontecendo quando fui erguida do chão, ficando pendurada de cabeça para baixo, com o pé preso a um dos galhos da árvore próxima.
O mundo girava ao meu redor, mas me forcei a continuar falando, na esperança de evitar algo pior. — Você me pediu para manter nosso encontro em segredo — completei, minha voz soando um pouco mais rouca devido ao fluxo de sangue indo para minha cabeça.
Houve um breve momento de silêncio antes de Xavier finalmente falar, sua voz baixa e sem emoção. — Eu lembro de você — disse ele, sem esboçar reação alguma.
Um alívio imediato percorreu meu corpo. — Ótimo, pode me tirar daqui? — respondi, tentando soar mais leve do que me sentia naquele momento.
Ouvi o som característico da lâmina cortando o ar, um silvo rápido e preciso. Em seguida, senti a gravidade me puxando para baixo, mas, antes que pudesse sequer gritar, fui amparada pelos braços fortes de Xavier.
— Eu não esperava o encontrar novamente tão cedo — murmurei, grata pela ajuda e um pouco sem graça pela situação.
Xavier não respondeu de imediato. Apenas me colocou de volta no chão com cuidado, seu toque desaparecendo assim que meus pés tocaram a terra. Ele se afastou lentamente, a atenção voltada para a espada que ainda segurava firmemente.
— E eu não esperava que você fosse corajosa o suficiente para vir aqui sozinha — disse ele por fim, sem olhar para mim.
— Eu não tive escolha — retruco, massageando o tornozelo que ainda latejava de leve após ter sido preso na corda luminosa. O músculo estava tenso, e a dor irradiava suavemente pelo pé, mas nada que me impedisse de continuar. — Meu parceiro desapareceu.
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✓ | PERSEPHONE ━ sylus.
FanfictionYelena Thorn faz parte da pequena parcela da população que possui um poder especial, também conhecido como Evol. Em 2034, a humanidade recebeu sua primeira mensagem do Espaço Profundo, uma transmissão que despertou a curiosidade pela exploração espa...
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