͏ ͏ ͏͏ ͏ ͏ ͏ ͏͏chapter ͏ ͏two ͏ ͏- ͏ ͏blood eyes

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Antes que eu possa protestar, ele me puxa pela praça, tagarelando sem parar sobre o que sabia dos Caçadores. Acho graça de sua inocência e apenas o sigo até outra praça próxima.

- Estamos quase lá. Preciso que você me ajude a pegar aquele peixinho vermelho! - o menino diz, parecendo animado.

Chegamos diante de uma fonte impressionante. Era uma estrutura com chafarizes que lançavam filetes de água em várias direções, refletindo a luz do sol em pequenos arco-íris.

As estátuas esculpidas pareciam homenagear o mar, exibindo conchas, pérolas e detalhes de corais que davam um ar mágico ao lugar. No fundo cristalino da água, nadavam peixes de cores vibrantes.

Olhei para a fonte, depois para o garoto. Analisei a situação, ponderando sobre a improbabilidade de capturar um peixe tão ágil sem nunca ter feito isso antes.

- Claro, mas não posso prometer que terei sucesso. Tudo bem para você? - perguntei, erguendo uma sobrancelha.

Antes que ele pudesse responder, uma voz infantil feminina ecoou pela praça. - Lucas, você não pode trapacear em uma competição!

- Ela viu a gente! - sussurrou Lucas, apressado. Ele me entregou uma pequena rede improvisada, os olhos arregalados. - Pegue isto e não diga nada sobre eu ter contratado você!

E então ele correu, me deixando sozinha. Solto um suspiro, olhando para a rede em minhas mãos e depois para os peixes que nadavam na fonte.

Estava prestes a tentar algo quando uma voz masculina, grave e levemente sarcástica, surgiu ao meu lado. - Que pena. Essa espécie de peixe só consegue sobreviver uma semana fora da terra natal.

Me viro, surpresa, e vi um jovem homem de aparência peculiar. Ele era alto, com cabelos roxo-escuros que caíam suavemente ao redor de seu rosto. Seus olhos, uma mistura fascinante de azul e rosa, pareciam cintilar enquanto me observava. Em suas mãos, segurava um folheto turístico.

- O peixe vai escapar, sabe - disse ele, sorrindo de canto.

Antes que eu pudesse responder, o homem pegou a rede de minhas mãos com um gesto ágil e elegante, mergulhando-a na água. Um movimento circular rápido e preciso capturou o peixe vermelho, em questão de segundos.

Observei, boquiaberta.

- É um Flammula verdadeiro - explicou ele, erguendo o peixe à luz. - Das lendas lemurianas. O proprietário provavelmente só o colocou aqui para impressionar.

Recupero minha compostura e pego o recipiente que Lucas havia deixado, colocando o peixe dentro.

- Flammula? Não estou muito familiarizada com esses mitos ou folclore - digo, entendo parecer casual. Então aponto para o folheto em suas mãos. - A Ilha Hat está fechada porque houve relatos de Wanderers. Você deveria ficar longe desse lugar por enquanto.

- Isso explica por que não consegui uma passagem de barco - disse ele, com um tom de frustração contida. - Que bom que você estava aqui para me avisar. Caso contrário, eu teria perdido meu tempo.

Quando ele começou a se afastar, o chamei impulsivamente e estendi o recipiente com o peixe para ele. - Aqui está. Espero que dure mais tempo com você. E, se gosta do mar, deveria ir à Baía Whitesand. É a praia mais linda de todas e...

O homem pegou a caixa e se virou antes que eu terminasse de falar, andando com a mesma tranquilidade com que havia chegado. Revirei os olhos, irritada com a arrogância dele.

Antes que pudesse refletir mais sobre o encontro, meu celular vibrou com um alarme. Peguei o aparelho do bolso, suspirando. O dia estava longe de terminar.

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