"Você é esperto," Calum resmungou, batendo sua cabeça sobre a mesa da cozinha, "eu estou tão ferrado."

"Você está tão perto de se formar, que mesmo errando nesse teste isso não vai fazer você reprovar na matéria." Luke apalpou perto de sua cadeira, até encontrar seu casaco, colocando seus braços nele.

"Você não vai descobrir logo se conseguiu entrar no programa de PhD?"

"Aparentemente, em algum dia dessa semana," Luke sorriu abertamente.

"Eu estou tão animado por você--" Calum foi interrompido por um barulho vindo de fora.

"Droga, Clémence!" A voz de Michael ressoou pela porta de madeira, "nós temos que ir!" Ele gritou, já estando dez minutos atrasado.

"Eu não quero!" A pequena garota gritou, segurando-se na parede. Ele nunca entenderá como a garotinha poderia ir de dar risinhos para ficar gritando em menos do que dez minutos.

Mike bateu seu pé no chão, colocando sua xícara de café na mesinha ao lado, "C, isso é apenas o jardim de infância, você literalmente fica lá fazendo flocos de neve em desenho o tempo todo."

Ambos, Luke e Cal, estavam do lado da porta deles, com as orelhas pressionadas à madeira, ouvindo o rapaz de vinte e sete anos de idade lidando com a filha de seis anos.

"Ninguém gosta de mim, Papai."

"Clémence, vamos." Ele segurou o braço dela, incentivando a garota a se soltar da parede.

"Deveríamos fazer alguma coisa?" Calum sussurrou.

"Não, eu acho que isso é assunto de pai e filha."

A pequena garota deu um grito, "Papai, pare!" Lágrimas escorriam pelo rosto dela, e Michael não sabia o porquê. Ele tentava tanto ser um bom pai, ele realmente tentava. Ele odiava ver sua pequena sunshine chorando, mas ele não podia continuar deixando-a ficar em casa em vez de ir para a aula. "Eu não quero ir!"

"Filha, por favor," a voz dele saiu quebrada enquanto ele tentava fechar a porta atrás dos dois.

"Você abandonou os estudos, por que eu não posso?" Ela jogou as palavras para fora de sua boca por entre gritos e Michael ergueu-a em seu colo.

"Eu passei por dezessete anos de escola, porra, não comece, Clémence."

"Eu me sinto mal," Luke suspirou, "ela faz isso sempre?"

"Quase toda manhã," Cal caminhou de volta até a cozinha, deixando Luke em uma posição desconfortável encostado à porta.

A gritaria diminuiu assim que os dois desciam pelo corredor. A pequena garota desistiu de brigar quando Michael ameaçou ligar para Rosie.

X X X

Michael estava soluçando em sua porta. Ele não conseguia lidar com aquilo. No segundo em que ele entrou em seu apartamento e fechou a porta, ele caiu ao chão. Ele deixou sua cabeça bater na porta de madeira, enquanto ele deixava soluços altos. Suas mãos seguravam em seu cabelo assim que ele caiu deitado em posição fetal.

Em dias como aquele, ele queria estar em casa. Ele queria estar vivendo embaixo do teto da casa de seus pais onde as contas não se amontoavam sobre o balcão e crianças de seis anos não confessavam seu ódio por ele.

Luke sabia que algo estava errado. Ele sabia disso quando ouviu as portas do apartamento do outro rapaz fecharem com força. Michael trabalhava nas quinta-feiras, ele não deveria estar em casa.

Mike esfregou seus olhos com suas mãos secas, e ele se sentia como se não pudesse respirar. Sons aflitos saiam de sua boca assim que ele se abaixava ainda mais no chão. Se ele tentasse ficar em pé, seus joelhos se dobrariam sozinhos com tão pouca energia que ele tinha.

the boy with the white eyes (portuguese version) ↮ mukeWhere stories live. Discover now