et les souvenirs

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et les souvenirs 

Michael nunca teve realmente sua vida planejada. Ele apenas fazia os movimentos de acordar e de voltar a dormir.

Toda manhã, por longos vinte e seis anos, ele acordaria com seu celular despertando em seu criado mudo. Ele iria apertar a função "soneca" por alguns minutos, até que alguém (sua mãe ou Rosie, ou até Clémence) deixassem claro que o sol já havia saído de seu esconderijo.

O chão de seu quarto estaria uma bagunça, enquanto ele apenas procuraria por seus jeans e por uma camisa. Geralmente seria o mesmo jeans preto, com a camisa que ele tinha desde que era mais novo. Sua vida era o resumo de rotina. Nos dias de hoje, ele entraria em pânico sobre o que iria dar para Clémence comer, ou se ela estava pronta para outro dia estressante no jardim de infância (note o sarcasmo).

Ele estava solitário naqueles dias, e aquilo não era bom. Michael estava sentado no telhado do complexo de seu apartamento, com os pés balançando próximo à beirada. Seus olhos verdes estavam olhando para as luzes da cidade de Nova York. Aquela era realmente a cidade que nunca dormia, até mesmo às 3h da manhã de uma manhã de domingo.

Mike voltou a criticar sua vida. Depois de estar vestido, ele teria certeza de que Clémence já estava de pé, e voltaria para o banheiro. Ele ficaria em frente ao espelho sujo por vários minutos. Ele começa a entender porque as pessoas não o amam - ele é uma bagunça. Ele se esquece de se barbear, se esquece de comer, se esquece de pentear o cabelo. Ele faz piadas doentias e se esquece de lembrar as pessoas de que ele as ama e que se importa com elas.

Depois daquilo, ele iria se curvar para baixo, jogando água em seu rosto, e depois escovar os dentes. Seus dedos pequenos passariam por seu cabelo, quando ele silenciosamente debatia quando deveria retocar a tinta. Clémence provavelmente iria até o banheiro naquela hora, "Papai, eu estou com fome," ela iria choramingar, puxando na bainha de sua camisa.

Michael olhou para baixo, em suas mãos, traçando as poucas tatuagens em seus dedos. Uma âncora em seu polegar, um 'x' em seu dedo do meio. Ele tem alguns desenhos espalhados por seu braço direito, e 'to the moon' escrito no esquerdo. Seus dedos traçaram por cada linha marcada pela tinta. Sua mente estava realmente cheia com muitos pensamentos, ele só estava triste. Não havia razão, não havia uma rima para aquilo. Ele não conseguiria pensar em algum verso ou frase para descrever. Ele só estava triste, e às vezes, ele não precisava ter uma razão para isso.

Ele faria um pouco de waffles congelados para os dois, um pouco mais tarde, pegando um pote com mini cereais de chocolate, derrubando um monte na tigela roxa preferida de Clémence, conhecendo a maneira como ela enchia seu café da manhã de chocolate.

Eles se sentam à mesa que ele comprou por setenta dólares, cheia de desenhos de pênis e letras de música escritos nela por seus amigos, depois que eles haviam bebido demais. Ele teria certeza de que Clémence escovaria os dentes, antes de sair.

Michael chegou mais perto da borda, com suas calças de pijama subindo até suas coxas, e ele ainda pensava em pular. Ele pensou em ficar em queda livre até cair no chão. Ele não tinha muito pelo que viver, mas tinha Clémence para cuidar, e era suficiente para ele.

Ele levaria-a até a escola, logo em seguida, e ele já havia ficado envergonhado por alguns motivos. Um deles, muitos pais perguntavam se ele era irmão de Clémence, e dois, ela se vestia com tutus e camisas de banda, geralmente cheirando à fast food, assim que ela murmurava alguma música do Blink-182. Mas, ei, ele havia feito aquela criança, e estava orgulhoso.

Depois de confirmar que a pequena loira tinha sua lancheira, mochila, e uma toalha para a hora da soneca, Mike voltava para casa para ficar pronto para seu trabalho. Todo dia era daquele jeito, e adivinha? Ele está cansado, está exausto, ele está esgotado. Michael fica em pé por horas, colocando caixas em sacolas, e caixas em prateleiras. Ele deixa Silver falar sem parar sobre o cara com quem ela está saindo naquela semana, e ele não se importa, ela tem o direito de namorar quem ela quiser, quando ela quiser, pelo tempo que ela quiser. Ele gosta muito de Silver, ele vai até os pequenos shows dela nos dias de semana em que não está com Clémence. Michael certamente não quer que sua filha fique exposta para homens bêbados tão cedo.

O rapaz de cabelos roxos desbotados acha que já é hora de entrar quando as luzes do clube que fica há algumas quadras longe se apagaram, mas ele se encontra curtindo a brisa de novembro. Ele sabe que logo a neve vai começar a cair, as jaquetas vão sair do armário, e ele não conseguirá ficar no teto por muitas horas. Todos precisam de um lugar onde possam se sentar e limpar sua mente, é  melhor do que viver uma guerra em sua cabeça.

Mike passaria o resto de seu dia com Clémence, jogando Mario Cart quando ela estivesse acordada, Call of Duty quando ela estivesse dormindo. Ele deixaria a garota lanchar biscoitinhos, quando ela deveria comer os biscoitos de cereal e água e sal que sua mãe mandava para a semana. Ele não tem mais dias animados, e isso lhe deixa frustrado. Ele não deveria ficar animado cada vez que Luke é chutado para fora do apartamento dele. Ele não deveria ficar animado cada vez que Curtindo a Vida Adoidado começa a passar na televisão. Mas ele fica.

Ele passa suas noites em sua cama fria, sozinho, desejando que houvesse alguém para abraçá-lo apertado, mas não há. Ele tem vinte e seis anos, e a maioria dos seus amigos ainda nem pensaram em ter filhos e ele já tem uma criança de cinco anos!

Michael recua no telhado, ficando em pé. Algumas pessoas desejam a morte, mas Michael se vê orando por ela.

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eu sei que isso só é ficção, mas se algum de vocês se sentir como o michael, e precisar desabafar, eu estou aqui, okay?

eu finalmente tô conseguindo escrever minhas fics, vou chorar haha

enfim, obrigado por tudo, love you all ♥

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the boy with the white eyes (portuguese version) ↮ mukeOnde as histórias ganham vida. Descobre agora