Capítulo 29

2 1 1
                                    

- Só que não cabia os dois, né?
- Uhm - Matheo toma um gole de seu chá enquanto olha distraidamente através da janela.
- Aí ela subiu lá e ele morreu de frio, entende???
- Uhm...
- Como "uhm"? Isso não te deixa triste??? Não te deixa horrivelmente deprimido como se uma nuvem pesada caísse sobre suas costas, te cegando, abafando teus ouvidos e infiltrando tuas veias levando nada além de sangue amargurado pro teu coração???
- Janie, isso é um filme que eu nunca nem assisti.
- Mas ele é velho assim, que nem tu. - Ela dobra as pernas, sentada em frente à janela.
- Uhum... - Ele termina seu chá.
Jane franze as sobrancelhas levemente, revirando os olhos e se deitando no banco, olhando em volta por alguns minutos.
- Ei, Matheo, por que que tu tava todo risonho ontem de madrugada? Eu ouvi.
- O que? - Ele volta à realidade.
- É - Ela se levanta e anda até ele - Em que guria que tu tava pensando pra tá rindo daquele jeito?
- O QUE? Ah, não, não tem nenhuma menina, Janie! Era que... AH!!! VERDADE!
- An? - Matheo puxa Jane para bem próximo de si, virando seu rosto.
- Olha, Janie!!! Olha!
- O que é para eu ver? - Ela aperta os olhos.
- Aqui - Ele levanta sua mão até seu rosto.
- Ahh... uma barbixinha. Mas já? - Ela sorri.
Matheo ajeita a coluna, voltando à sua altura normal.
- Como assim "já"? A sua reação deveria ser "recém".
- Mas Matheo, tu só tem 15 anos.
- ... Janie, eu tenho 17, você tem 16. Esqueceu?
- Que? Uh, sério? Ah, é mesmo... O tempo passou muito rápido.
- Muito mesmo - Ele a abraça e a beija na bochecha. - Esqueceu também?
- Do que? AH! Claro que não, Matheuuooo... amanhã fazemos um ano de namoro.
- Passou tão rápido... O que posso fazer? Cada vez que eu vejo esse seu rostinho lindo eu perco a noção do tempo. Por mim eu ficava shó ti oiando pipipipipipi... - Ele a beija no rosto algumas vezes.
- Ain Matheozinhozinho, quando tu fala fofo assim comigo eu também shó quelo fica ti oiando...

(eu não aguento mais escrever esses diálogos)

...

- É bom que isso não seja outra tentativa de me levar embora, lembra?
- Hehe, calma, Janie. Vamos só dar uma voltinha. - Matheo diz, enquanto caminha com Jane pela floresta, sem sair das proximidades da casa.
- Uhm, ei, Matheo...
- Sim?
- É que, uh... eu lembro que tu me contou uma vez sobre teus pais...
- Aham... o que tem?
- É que tu disse que tua mãe fugiu de casa pra casar com teu pai, né?
- É... - Matheo ergue uma sobrancelha.
- Então como que tu nasceu na Inglaterra se ela saiu de lá? - Os olhos de Jane brilham ao perguntar.
- Ah... ah, não sei dizer com certeza, pelo o que eu sei minha mãe não foi direto pra Colômbia com meu pai, eles tiveram que ficar um tempo morando com a minha tia em outra cidade.
- Tu nem tinha me contado dessa tia.
- Ah, acho que não, hehe. A tia Margaret, ela fazia bolo pra mim. Não conheço muito da família da minha mãe mas a tia Margaret era legal. - O olhar de Matheo se entristece - Antes de eu acordar aqui já fazia anos que eu não via ela... Não sei nem se ainda está viva.
- Hm... - Jane desvia o olhar por um instante, abraçando o braço de Matheo.
- Devia ser muito fofo o mini Matheo correndo por aí nos anos 70... hihi.
- Heh, meu pai cortava meu cabelo com uma tijela. - Ele sorri.
- AI CARAMBA EU SABIA!!! - Ela puxa o braço dele com um pulo.
- O que? Como assim?
- Ah, era um headcanon meu, hihihi.
- Eu não te entendo as vezes, Janie. - Ele. sorri novamente.
- Ué, como que tu fala português? Tu não morava na Colômbia?
- É que o meu pai trabalhava viajando, algumas vezes fui com ele pro Brasil. A gente tinha uns parentes distantes lá, acabei aprendendo um pouco. Foi viajando assim que ele conheceu minha mãe, acho que já te contei isso.
- Aah, tendi... E quanto tempo tu morou na Inglaterra mesmo?
- Janie, você está me interrogando por que, minha linda?
- É que não tá fazendo sentido na minha cabeça essa tua história aí, Matheo, tá muito bagunçada, vai e volta, sei lá.
- Ai ai, morei lá até meus sssssete anos, eu acho. Não foi muito depois de nascer... hmm. - Ele olha para o chão e engole seco.
- O que que tu falou? - Jane se vira para ele.
- Não, nada... a minha irmã.
- Ah, tá... eu acho que também não sabia que tu tem uma irmã. - Jane diz, em um tom leve e suave.
- Eu sei. Não gosto de falar disso.
Jane o observa em silêncio.
- Enfim, já respondi todas as suas perguntas?
- Heh, já... AI MEU DEUS! - Jane larga o braço de Matheo e corre.
- O que foi???
- OLHA AQUI!
- Uma planta?
- BABOSA!
- Tá, Janie, calma... O que tem?
- Isso teve aqui todo esse tempo??? Vou levar é agora, passar no cabelo.
- Entendi, haha.
Jane apanha algumas plantas e volta para Matheo, sorridente.
- Vem, vamos logo! - Ela o puxa pelo braço.
- Pera, pera, me da um beijinho antes.
- Te dou quantos tu quiser, muah, lindo. - Ela da leves tapinhas no rosto dele - Vem, barbixinha.
- Como você vai por isso no cabelo, Janie?
- Essa gosminha de dentro.
- Ah sim... essa coisa que sai.
- É, depois de lavar. Mais ou menos, né, não tenho com o que lavar além de água. Mas é algo, mesmo assim.

...

Matheo avista Jane de longe, sentada na beira do rio com algumas plantas ao seu redor.
- Oioi, Janiezinha, amor. Tá dando certo? - Ele se inclina ao seu lado.
- AGH! NÃO! NÃO SEI! - Ela puxa sua mão com força através de um nó, fazendo um barulho.
- Você vai arrancar toda a tua cabeça assim.
- Ai, me deixa! ... Até que não ta ficando tão ruim. Pena que é gosmento.
- Você fica muito linda com o cabelo todo solto, deveria usar assim mais vezes.
- Nam, fica caindo no meu rosto. Eu só prendo metade atrás.
- Mas agora não ta caindo, não é?
- Sim né, ta molhado. Ah, queria mesmo é poder alisar, ficaria bem mais prático.
Matheo se senta ao lado de Jane.
- EIII!!! MATHEO!!!! - Ela se vira rapidamente.
- Calma! Estou do seu lado, vai me deixar surdo?
- Matheo, me diz, por favor, por favooor que tu viu um ferro de passar em algum canto?
- Ferro de passar? Não.
- Nem nada que pareça um? Alguma bugiganga antiga? - Ela coloca as mãos nos ombros dele.
- Só se tiver lá nooo... - Matheo continua pronunciando o "O", mas sua voz diminui até desaparecer.
- No aonde?
- ... Na cozinha.
- "No" cozinha? - Jane cruza os braços.
- É, aonde mais teria alguma coisa assim? Não tem nenhum lugar da casa que você já não conheça, né? hahah...
- Matheo, "no" cozinha?
- Pf- O - Eu- Olha - Português não é meu primeiro idioma, eu faço erros as vezes.
- Hmm... AH, VERDADE! TUA CHALEIRA!
- O que você vai fazer?
- Alisar meu cabelo, não gostei dessa gororoba.
- An? Ai, era só o que faltava - Matheo assiste enquanto Jane corre para casa.
Algumas horas depois, Matheo batia na porta do quarto de Jane. Ela havia sumido pelo resto da tarde.
- Janie, meu amor, você está bem?
- Não.
- Posso entrar?
Jane abre a porta lentamente, com uma vela em uma das mãos.
- Você alisou o cabelo???
- Infelizmente. - Ela solta seu cabelo de um rápido coque que havia feito, seu cabelo caíra sobre seus ombros como palha seca. Estavam amassados e volumosos. Matheo se segurara para não rir.
- Eu sei, tá ridículo.
- Que isso, Janie... tá... tá... tá diferente.
- Tá horrível, Matheo! Pareço uma bruxa.
- pff hahahaha, verdade!
- Aaah - Ela solta a vela no chão, prendendo seu cabelo novamente.
- Desculpa, Janie. Você continua linda.
- Ai, deixa assim, amanhã eu volto pro método da babosa, tava melhor daquele jeito.
- Tá bom, boa noite, Janie.
- Boa noite, Matheo.
Matheo leva a mão até a maçaneta de seu quartinho, mas Jane o para antes.
- Espera, Matheo. Já que tu já ta aqui mesmo e amanhã é nosso 1 ano de namoro... Tu não quer... dormir comigo?
- ... O que?
- É - Ela sorri.
- Agora?
- É ué. Vem.
- Ah... hah... - Um largo sorriso abre no rosto de Matheo - É, uh... você tem certeza?
- Sim... ué... já fiz isso antes. - Ela ri.
- Já fez???
- Sim, né? Vai me dizer que tu não? - Ela ri, com um rápido ronco.
Ele a encarava em silêncio.
- Para de se fazer, vem logo. - Ela o puxa até seu quarto, aonde ele a vira e a beija várias vezes.
- Que isso. - Ela sorri.
Enquanto a velocidade dos beijos de Matheo aumentam, ele desliza uma de suas mãos.
- Opa, que isso? - Jane o empurra.
- Que?
- O que tu tá fazendo???
Ele a encara por alguns segundos.
- Nós não vamos... fazer isso?
- Fazer o que???
- Ah, bom, você disse que...
- Ah! Matheo! Eu te chamei pra dormir comigo. Dormir, sabe? Deitar e ZZZ...
Ele a encara por mais alguns segundos.
- Ah... aahhh! Ah sim, sim, eu é, eu já sabia já.
- Matheo??? O que tu pensou?
- Nada... ah, mas olha o jeito que você disse, né, Janie? - Ele gesticula com as mãos, um pequeno sorriso envergonhado estava estampado em seu rosto.
- Tá bom! Pensando bem é verdade. Mas caramba, Matheo!!!
- Hehe... mas assim, se você pensar por esse lado...
- MATHEO!!! - Jane leva as mãos à cabeça e vira de costas.
- Calma, eu só falei! ... Ainda posso dormir aqui?
Jane volta seu rosto para ele.
- ... Pode. Mas ó! Tu... tu sabe bem.
- Heheheh...
- Tu para com essa tuas cara de bobalhão! Ai qu-que eu- q- eu te dou uns tapa! Deita aí, vai! Abusado.
- Boa noite, Janie. Foi mal o engano. - Ele se deita e se cobre, sorrindo.
Jane revira os olhos e se deita ao seu lado.
- Tá, só dorme. Boa noite.

आप प्रकाशित भागों के अंत तक पहुँच चुके हैं।

⏰ पिछला अद्यतन: May 25 ⏰

नए भागों की सूचना पाने के लिए इस कहानी को अपनी लाइब्रेरी में जोड़ें!

Nossa Vidaजहाँ कहानियाँ रहती हैं। अभी खोजें