Capítulo 21

10 1 0
                                    

- Boa noite, Janie - Diz Matheo, encostado na parede do quarto dela, enquanto ela se arruma na cama.
- Boa noite, Matheo.
- Cuidado pros monstros dos olhos brilhantes não te pegarem - Matheo ri.
- Ah, por favor, tu que tava morrendo de medo!
- Eu não, eu fui mais corajoso que você, Janie - Ele sorri, sabia bem que estava a incomodando.
- An??? - Jane cruza os braços e Matheo ri. - Hm, tão corajoso que foi correndo atrás de mim, quase chorando. Aliás, oque que tu ia dizer aquela hora?
- Nada. - Matheo desmancha seu sorriso e encara Jane, desviando seu olhar por um segundo.
Jane, com um grande inspiro, o encara de volta, boquiabierta.
-Aaahh, eu acho que eu seiii hihihi - Jane cobre a boca com as mãos.
-N-não, não sabe não, não era nada.
- Arramm... hihihihi...
- Ahn, vai dormir, Jenny. - Matheo se vira, envergonhado.
- Ah não, Jenny não. Vai, guri, anda che.
- Heh, tá bom. Como quiser.
Matheo sai do quarto, mas é interrompido por Jane antes de fechar a porta.
- Vê se para com essa musiquinha irritante!
- Ah, hmm... tanto faz. - Ele fecha a porta.
Jane encara a porta no escuro - 'Oque ele quis dizer com isso?' - Pensou.

...

- Bom dia, Janie! - Diz Matheo, que desce as escadas sorrindo, vestindo apenas suas calçolas.
- Bom dia! - Jane estava sentada próxima à janela, um livro descansava em seu colo enquanto seus olhos viajavam janela a fora. - Coloca uma roupa - Disse.
Matheo não dissera nada, apenas começara o preparo de um de seus chás, com um gentil sorriso estampado em seu rosto, que despertou a curiosidade de Jane.
- Oque foi? Um sonho bom? - Ela pergunta, erguendo uma sobrancelha, mas Matheo não responde.
- Matheo? - Jane observa enquanto Matheo se senta em um dos banquinhos com seu chá, o assoprando brevemente e tomando o primeiro gole.
- Por que ta sorrindo tanto?
Ele toma outro gole.
- ... Matheo. - Jane cruza os braços.
- Hmm, ah! Tá, eu não consigo, vem cá! - Matheo se senta ao lado de Jane - Vai, termina, if there's som-
- AH, MATHEO? É sério isso? Que chato, cara! - Jane se levanta bruscamente.
- Ah, vai, só canta!
- Não! Tu disse que ia parar! - Jane se vira para as escadas.
- Janieee!!! - Matheo solta sua xícara na bancada e a segue.
- Sai, Matheo. - Jane revira os olhos e bufa.
- Ah, vamos, an invisible man... - Canta.
Ela cobre os ouvidos, mas isso não parara ele, que é empurrado por Jane para dentro de seu quartinho, cuja porta ela tranca.
- Deu! Fica aí! - Ela grita.
Jane pausa por um instante, em silêncio, então soltando ar em alívio.
- Isso deve manter ele quieto por um tempo - Ela diz para si, e então descendo as escadas.
Era um dia seco e escuro, com um leve vento gelado que corria pelas árvores e pelos vastos campos, sem origem e sem destino.
- Hum, como que eu devo aproveitar minha paz? Hmm... - Jane leva a mão até o queixo e olha ao seu redor - Hmm... Ah, bom, dar uma voltinha em silêncio parece relaxante o suficiente.
Jane fecha os olhos e inspira profundamente, não era sempre que ela tinha momentos assim. Por mais que tenha passado boa parte do dia anterior sozinha na floresta, aqui ela sabia aonde estava, e sabia oque fazer se algo acontecesse... É, não exatamente. Se eles soubessem o que fazer já estariam em casa.
Mas isso é papo pra depois.
Jane passava as mãos pelas árvores, até ouvir uma batida distante, que chamou sua atenção imediatamente.
- Huh? - Ela olha em volta - Mas oque que... afs... - Jane corre em direção a casa.
- OI! - Grita Matheo, saltando de trás da parede.
- AHH! OQUE? COMO TU SAIU DE LÁ?
- Eu pulei a janela - Matheo aponta para a janela de seu quarto, revelando seu braço todo arranhado.
- AH! TU É LOUCO? - Jane encara aterrorizada para ele, que sorria inocentemente enquanto uma gota de sangue escorria de sua testa.
- AH, tinha que ser tu mesmo, vem cá, deixa eu cuidar isso. - Jane o leva até a cozinha, aonde pega de uma gaveta itens para tratá-lo, como já fizera uma vez.
- Foi só um arranhão - Ele diz.
- Não senhor, tu pulou da porra do segundo andar, Matheo Mathias!
- Hihihi - Matheo sorri.
- Não tem graça! Se tu se quebra aí eu não posso fazer nada! - Jane forma uma expressão triste em seu rosto, que preocupa Matheo.
- Ah, ta bom, desculpa.
- Hmm...
Jane começa a enfaixar o braço de Matheo.
- Ow Matheo, de onde que são seus pais, mesmo?
- Uh? Tipo, aonde eles nasceram?
- É.
- Ah, minha mãe nasceu na Inglaterra e meu pai na Colômbia, por quê?
Jane sobe seu olhar
- Ah, porque geralmente nos países hispânicos o último sobrenome é da mãe, mas o seu é do seu pai, achei estranho.
- Oh... ah, é, tem um motivo pra isso...
Jane o encara em silêncio.
- Ai, ta bom. - Ele suspira - Os pais da minha mãe eram donos de uma empresa lá na Inglaterra, e quando minha mãe conheceu meu pai em '67, meus avós não deixaram eles ficarem juntos, então minha mãe fugiu de casa.
- Nossa, sério? Caramba.
- Sim. Também não entendo como um homem pequenininho como meu pai conseguiu fazer minha mãe abrir mão de uma baita grana, heh.
- Então por isso ela colocou o sobrenome do seu pai em ti?
- Sim. Quer dizer, ainda tá no meu nome, mas ela trocou a ordem. Também não sei muito sobre essa história, ela não fala dos meus avós.
- Hmm... daria uma boa novela, hehe.
- Uh, é, parece algo que minha mãe assistiria.
- Hm... pronto. - Jane se levanta e estica sua mão para Matheo.
- Acho que estou tendo um DejaVu - Eles riem - Janie, vai, termina.
- O que?
- If there's...
- Matheo!
- Só canta!!!
- Aahhh! - Jane cobre o rosto.
- Vai, Janie! Who you gonna call? - Matheo a segura pelos braços, sorrindo.
- Ahh... Ghostbusters - Ela revira os olhos.
- Aí! Deu! não foi difícil, né?
Jane revira os olhos novamente enquanto Matheo ri.

Nossa VidaWhere stories live. Discover now