Capítulo 19

13 2 2
                                    

- JANIE! - Grita Matheo, pulando em cima de Jane, que dormia.
- AHH! MATHEO! Que isso cara??? Não sabe bater na porta não?
- Eu bati mas você não atendeu, então eu entrei - Sorri.
- Hm... legal - Ela se vira, voltando a dormir.
- Janie...
- Hmm - Num tom impaciente.
- Janieee...
- Hmm... - Num tom incomodado.
- Levantaaa! - Ele a sacode.
- Ahh mas que m... Oque foi? - Ela se apoia em seu braço.
- Olha - ele a mostra uma folha laranja, seca e amassada.
- Que isso?
- Já é outono, Janie!!!
- Não? É primavera.
- No seu país talvez, mas aqui nesse mundo parece que não.
- Ontem mesmo tava tudo florido - Ela se senta.
- Parece que não mais... Sabe oque significa?
- Que esse mundo tem um clima bem cagado?
- Uh... QUE É QUASE HALLOWEEN! - Matheo pula da cama e dança pelo quarto.
- Ah... nem tá perto ainda. E dai? - Jane cruza os braços.
- Como assim? É o melhor dia do ano! ... Depois do meu aniversário.
- Hmm... legal - Ela esfrega os olhos, e se deita novamente.
- Ah, Janie!!! Vem, levaaanta!!!
- Ai, pra que?
- Você está pronta? - Ele pergunta, ansioso.
- ... Pra que??
- Por dias de suspense, e medo! E criaturas tenebrosas! - Ele gesticula enquanto fala.
- Ah - Jane boceja - Eu quero é dormir. Ta friozinho.
- Frio??? - Matheo sorri - Isso quer dizer que tem fantasmas aqui.
- Ah, que divertido. Vai conversar com eles.
- AAH, SABE OQUE ISSO SIGNIFICA??? - Matheo pula em cima dela novamente, sorrindo.
- hmm - Jane franze as sobrancelhas.
- If there's something strange... in the neighborhood... - Matheo canta.
- Que?
- Who you're gonna call??? - Ele espera ansiosamente que ela responda.
- Ah, me deixa.
- Jaaanieee!
- OQUE FOI? - Ela se levanta num movimento brusco.
- GHOSTBUSTERS!!! - Matheo sorria e tremia como uma criança emocionada.
- Oque é isso? Ah, não, não me diz que é aquele filme besta...
Matheo não a responde, apenas a encara, seu sorriso havia se tornado uma expressão de choque e decepção.
- Besta? É o melhor filme que eu ja assisti... Talvez perca pra O Iluminado, não, não, é sim o melhor filme que eu já assisti.
- É ruim, a lore e ruinzinha, e os efeitos, caramba, parece que foi feito com a Unity.
- Não é não! - Matheo cruza os braços.
- Com todo o respeito aos jogos da Unity, marcaram minha infância. - Jane sorri, olhando pela janela. - Ai, tá... A música tema é boa pelo menos.
- Há, viu só? Então vem, canta comigo.
- Não.
- Janieee! - Matheo a puxa pelos braços até o meio do quarto.
- If there's something weird, and it don't seem good... - Ele canta.
- Não. - Jane se vira e vai até uma gaveta, aonde pega suas peças de roupa.
- Who you gonna call? GHOSTBUSTERS! Tan nananannanannan - Matheo finje tocar uma guitarra.
- Com licença, Matheo? Eu quero me vestir.
Matheo a ignora - I ain't afraid of no ghost - continua.
- SAI! SAI DAQUI!!! - Ela o empurra porta a fora. - Que merda che, que bicho chato.
Alguns minutos se passam, e Matheo não falara mais nada.
- Hm - sorri Jane, que fazia um lacinho na faixa que usava na cintura. - Será que eu gritei muito alto com ele?
Ela abre a porta do quarto e desce as escadas, ainda sem sinal de Matheo. Jane descera de seu quarto com um pequeno cesto nas mãos, e nele continha algumas peças de roupas sujas. Como sempre, ela as lavaría no riacho.
- Ah, depois eu lido com ele.
Ela se dirige até a saída da casa, aonde Matheo pulara de trás da parede, a fazendo cair e derrubar as roupas em cima de si com um grito.
- OQUE FOI ISSO, MATHEO!?
- If you're seeing thingsss running through your heaaad...
- NÃO, ME DEIXA! - Ela pega as roupas do chão e corre até o riacho, mas Matheo continuava a seguindo, e cantando.
- An invisible man sleeping in your beeed... - Cantava, sorrindo. Ele sabia que estava a irritando, era de propósito.
- "se eu fingir que ele não está aqui ele para" - Pensou Jane, que continuava o caminho até o riacho com um leve sorriso calmo.
Ele se aproxima de seu ouvido - I ain't afraid of no ghost - sussura.
Ela continua o trajeto, olhando ao redor, a lenta e leve dança das folhas alaranjadas, as flores que secavam, a brisa fria que invadia pelos longos caminhos de árvores e grama.
- Já não deu já, Matheo? - Ela pergunta, calmamente.
- Não, eu estou muito feliz. Amo essa época do ano, não pude aproveitar muito do último, né, heh.
- Hmm, é. Pera, tu passou o teu aniversário sozinho? - Ela se vira para ele.
- Bom, sim. Nós não tínhamos nos encontrado ainda... foi meio solitário. - Ele olha pra baixo.
- ... Meio?
- Tá, foi ruim. - Ele olha rapidamente para Jane, mas volta a olhar para o chão.
- Ah, Matheo, sinto muito... - Ela solta o cesto no chão e vira para Matheo, o abraçando, recebendo o abraço de volta dele.
- Espero que no próximo tu passe com tua família.
Ambos sorriem, um estranho ar triste agora pairava sobre eles, que apenas se olhavam, de vez em quando tentavam disfarçar, ainda sorrindo. Jane mais de uma vez levara a mão para prender seu cabelo atrás da orelha, e Matheo - para a surpresa de ninguém - corava como um tomate, enquanto segurava a mãos de Jane. Levou alguns segundos até ela perceber que quando levava a mão até os cabelos, ela voltava a segurar a mão de Matheo.
- Oque você está fazendo? - Ele sorri, piorando sua forte coloração facial.
- ... Não sei, haha - Ela solta suas mãos das dele, e pega o cesto com roupas novamente, logo chegaram no riacho.
- Ah, aonde estávamos, não é Janie? - Ele sorri maliciosamente para ela, que mergulhava as roupas na água.
- Ai, não. - Ela se joga pra trás, com uma cara de cansada.
- Heh - Ele inspira profundamente, como se fosse dizer algo muito empolgado.
- Não, não, não! - Jane cobre os ouvidos com as mãos, e Matheo gargalha.
Ele se ajoelha ao seu lado.
- Vai me ajudar? - Jane pergunta.
- Sim, vou. - Ele puxa uma camiseta e começa a esfregar na água.
Alguns minutos se passam, e um silêncio tomou conta, para o alívio de Jane. Mas isso não duraria muito, pois logo ela notara Matheo murmurando a música tema de Ghostbusters novamente.
- Ai ai... - Ela sorri levemente.
- Who you gonna.... - Ele para por um instante, exibido seu sorriso de lado ao ver o pequeno sorriso de Jane. Aquilo o confortava, cada vez que acontecia.
Um pequeno pensamento intrusivo invadira a mente dele, algo o fez, num impulso, beijar Jane. À levar seu cabelo para trás e puxar seu queixo redondo até ele. À a puxar pela cintura até ele. Mas não, ele apenas encarara a água cintilante, tentando o mais rapidamente possível disfarçar seu rosto corado com essa cena súbita que viera à mente.
- Tu não cansa, né? - Jane ri.
- ...
- Matheo? - Jane ri de novo, quebrando o silêncio de Matheo.
- ... Ah, An? - Ele olha para ela que ria, todo envergonhado.
- Tava pensando no que? - Ela inclina levemente a cabeça para o lado.
- Ah... no filme.
- Huh, pra variar - ela revira os olhos - continua lavando isso aí.
- Ah... tá... - Ele continua esfregando as roupas na água, com seu olhar fixo nelas, mas seu rosto continuava corando.
- Oque foi, Matheo?
- Nada... nada...
- Hmm 'pelo menos ele parou de cantar' - Pensa Jane.
- ... busting makes me feel good...
- OQUE? - Jane grita, assustando Matheo, que virara para ela, ainda corando, agora encarando com seus arregalados olhos azuis.
- Oque que tu disse? - Ela ri.
Ele olha em volta, pensando no que dissera.
- Busting.... makes me feel good...?
Jane se atira no chão, gargalhando.
- O... Oque foi? - Ele pergunta, ainda olhando em volta, tentando entender.
- Ai, ai, ai Matheo, só tu mesmo. - Ela limpa uma lágrima com a mão.
- Oque que eu disse de demais?
- Pff, sério? - Jane se inclina até seu ouvido, e sussurra algo que a classificação deste livro não me deixaria escrever, por enquanto.
- ª - Matheo encara a água, e Jane ri ainda mais.
- Você pensa numas coisas bem... estranhas, Janie, tenho que admitir.
- Oque que tu quer? Olha a letra da música! - Ela ainda ri.
- Heh, eu não tinha pensado nela assim... Ah.... - Ele é lentamente contagiado pelo riso de Jane, e começa a rir também, se envergonhando ainda mais.
- If there's something strange...
- NÃO, MATHEO! DENOVO NÃO! - Ela cobre os ouvidos novamente, e ele sorri.

Nossa VidaWhere stories live. Discover now