Capítulo 27

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- Que bom que eu te trouxe pra dentro, tá caindo o mundo lá fora.
- Tá mesmo. - Diz Jane, de joelhos no banco acolchoado embaixo da janela, enquanto assiste a pesada chuva que caía.
 Matheo leva uma xícara até sua boca, mas a solta na bancada antes, se aproximando e sentando ao lado de Jane.
 - ... Tá olhando o que? - Ela sorri após notar que ele a encarava.
 - Nada.
- Eu sou nada? - Ela cruza os braços.
 - Não. Ah, deixa. - Ele vira para a janela. Jane sorri e faz o mesmo.
  Alguns segundos de silêncio passam, Jane assistia atentamente a chuva, e Matheo, a Jane. Seus olhos escapavam da janela para ter um pequeno vislumbre dela. Isso acontecera algumas vezes, com Matheo então dando um leve e rápido beijo da bochecha de Jane, que virara para ele, que a encarava, sorrindo.
  - ... Aah, não me olha assim, eu fico com vergonha. - Ela cobre os olhos de Matheo com a mão.
  - Ah, mas eu gosto de olhar para você. - Ele faz um biquinho com a boca.
  - Hmm, tá bom, pode olhar. Mas não encara. 
  - Não quero tirar meus olhos de você nunca. - Ele vira o rosto dela para o seu, a beijando rapidamente.
 Jane sorri e o beija de volta, que a empurra até a parede do banco, a velocidade de seu beijo aumentava enquanto ele a envolvia com seus braços.
 Jane abre os olhos e o empurra para trás. - Uh... Calma lá, né? - Ela diz, um pouco ofegante.
  - Huh?
  - Uhm, limites. - Ela sorri um pouco.
  - A. Aa. Aaa... - Ele se afasta rapidamente, se sentando no banco de novo. - Me empolguei, foi mal, hehe.
  - Hmm... - O sorriso de Jane levemente diminui.
 - Desculpa.
  - Tá bom, tá tudo bem, só não faz mais assim. 
  - Okay... - Ele estica sua mão para ela, que entrega a sua. Matheo a acaricia com o dedo e a beija, sem tirar os olhos de Jane, que sorria, e após, a acaricia novamente.
  - Hih, é estranho, eu nunca fiz isso antes.
  - O quê? - Ele ergue uma sobrancelha.
  - Segurar mão assim.
   Matheo ajeita a coluna. - Mas... eu já segurei sua mãos várias vezes.
  - Ah, mas nunca nesse jeito... sabe? - Ela sorri.
  - Hmm, entendi. - Ele sorri.
  - Ai, vem cá. - Ela o puxa para perto, com um rápido beijo, o deitando em seu peito.
  - Posso abraçar? - Ele pergunta.
  - Pode. - Ela sorri, acariciando a cabeça dele, que fechava os olhos e a abraçava. Podia sentir o movimento conforme a respiração de Jane.
 - Que cabelo feio. - Ela sorri, o bagunçando com a mão.
  - Ah, Janie, se eu não te conhecesse diria que estava tentando me ofender.
  - Quem disse que eu não tava?
  Matheo sobe seus olhos até o rosto de Jane, que sorria.
  Ele estala sua língua e se deita novamente. - Ah, tanto faz.
 Um pequeno silêncio surge, ambos assistiam a chuva que caía na janela.
  - Posso te dar outro beijo? - Ele pergunta.
  - Hm... - Ela desce os olhos rapidamente - pode.
 Matheo se levanta e a beija novamente, até ser interrompido por Jane.
  - Pff.
  - O que foi?
  - É que... eu não sei bem fazer isso - Ela sorri.
  - Eu percebi... tudo bem, eu te ensino.
  - Ah! - Ela da um leve tapa em seu braço. - Abusado!
  Ele ri, se aproximando.
 - Eee quem te ensinou? - Ela cruza os braços.
  - ... o que?
  Jane se afasta para trás e continua o encarando, séria.
  - Tu já fez isso, Matheo? - Ela pergunta.
  - Se eu já beijei? Sim... achei que soubesse já.
  - Tá, mas tipo, assim... mais demorado.
  - A... É... - Ele deixa seu olhar escorregar pelo teto, gesticulando com as mãos. - Hmm... já, até. Mas assim, com essa intimidade, não.
  - Hm. - Jane vira o rosto para a cozinha.
  - O que?
  - Quantas foram? - Ela o encara seriamente.
  - hehehe, sério, Janie?
  - Quantas, Matheo?
  - Aah, bom. Você, né? E... ah, você sabe daquela menina que eu namorei... mas o meu primeiro foi com uma outra, antes. Lembra que eu te contei que fui escoteiro? Ela era de lá também. Mas foi só umzinho. Nunca mais vi essa menina.
  - Hm.
  - "Hm" o que??? - Ele sorri.
  - Nada. Não tenho com o que me importar.
  - Uhm... tá com ciúme, Janie?
  - Não. Por que eu taria, né? - Ela sorri rapidamente para ele, se distraindo com um trovão.
  - Sabe, os seus são meus favoritos. - Ele sorri, se aproximando novamente.
  - Ela era o que, ruiva? - Jane o empurra lentamente.
  - Uh... não...?
  - Ah, okay.
  - Era loira.
  - A. Okay.
  Agora era Matheo quem cruzava os braços. - O que tem? - Ele ergue uma sobrancelha.
  - Ela era bonita?
  - Janie! Eu sei lá! Eu tinha uns 7, 8 anos!
  - To só brincando contigo, guri! - Ela sorri.
  - Sei bem... e aqueles meninos que você desenha? Pensa que eu não vi? Moro com você há mais de um ano!
  - Ah... - Jane desvia o olhar. - Aquilo são personagens de desenho animado que eu gosto... Nada demais.
  - E não tem nenhum ruivo ou loiro, de certo? - Matheo abre seu sorriso de lado.
 - ...Tem.
  Matheo sorri e aponta o dedo para o Jane - Aaaaah!
 - É diferente!!!
  Ele ri. - Tanto faz, você é tudo o que eu quero... E meio que é tudo o que eu tenho, também. - Ele a abraça, se deitando novamente.
 - Não mesmo.
 - Como assim? - Ele vira sua cabeça para cima, encontrando seu olhar com o de Jane.
 - Tu também tem me-do da tor-ção. - Ela diz, encostando no nariz de Matheo enquanto fala.  
 - Aí! Eu tinha esquecido disso! - Ele se levanta.
  Jane ri enquanto o assiste caminhando pela sala.
  Matheo, com um suspiro, leva as mãos até a cintura e olha pela grande janela atrás de Jane. - Quer dar um passeio? - Ele pergunta.
 - Nessa chuva? - Ela levanta e vai até ele.
 - Qual o problema? É só água.
 - A gente vai se molhar!
 - E por que isso é algo ruim? Só por que o mundo onde vivíamos disse que pegar chuva é algo ruim não quer dizer que seja. Aqui só existe nós, Janie. Nós criamos nossas próprias regras. 
 - Pois eu prefiro viver do jeito normal. Iríamos sujar tudo aqui dentro, e também se ficarmos doentes não sabemos o que fazer.
 - ... É, bom ponto. - Ele a puxa para um abraço.
 - Já não deu, não? 
 - Nunca! - Ele a beija na bochecha.
 - Aah, tu ficou o dia inteiro me agarrando, já! Desgruda um pouco. - Ela sorri.
 - Hmm, logo agora que eu consegui você? - Ele a beija novamente.
 - Ai, para! Hih... não consigo acreditar que isso ta acontecendo... eu, namorando? Sério?
 - Gostaria que tivesse acontecido mais cedo, mas você demorou a quebrar uma xícara na minha cabeça.
 - Ah! É sério que foi isso? - Ela cobre o sorriso com a mão.
 - Heh, não exatamente. - Ele a abraça forte. - Não se esqueça do dia de hoje.
 - Eu nunca.
 - O dia que você me aceitou.
 - O dia que tu pediu, né?
 - Janie, eu já tinha pedido antes.
 - Mas era piada tua. - Ela se vira para ele.
 - Meh, tinha um pouco de verdade escondida, eu acho.
 - Hm... pelo menos deu certo. - Ela sorri.
 - Sim. - Ele sorri de volta.
 - Hoje foi o melhor dia, nunca vou esquecer. Vinte e nove de abril, nosso dia. Só nosso. - Ela o beija na bochecha.
 Um alto trovão rouba a atenção de ambos, os fazendo voltar a olharem para a janela. 
 - Então, o que planeja fazer hoje? - Ele pergunta. 
 - Hmm... trazemos os travesseiros e cobertas, dormimos na sala e contamos histórias, que nem aquela vez, pode ser? - O rosto de Jane se ilumina ao dizer isso. 
 - Heh, pode... e só isso? Nada... nada mais... de noitinha? 
 - Tu para! Nada de agarro, sou uma moça respeitável. O que as pessoas iriam dizer de mim? - Ela ergue a cabeça. 
 - Bom, as "pessoas" aqui sou eu, e eu digo que não tem problema nenhum! - Ele a beija rapidamente nos lábios. 
 - Ah! Seu... hmm... piá do caramba. - Ela sorri, cobrindo o rosto.
 - Estou brincando só, Janie. Não faço nada que você não queira. - Ele ri. 
 - Eu sei, né! - Eles riem. 

...

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