Nossa Vida

Capítulo 7

- Me diz - Jane pergunta, sentada na grama verde, olhando para seus sapatinhos marrons, enquanto bate as pontas. - Tem alguma coisa que tu queira fazer?
- An? Ah, sei la. Não temos muitas opções. - Matheo responde. Ele sempre fora do muvuco, do barulho e do caos.
- Ah okay. - Jane se levanta, virando para Matheo - Me voy.
- Vai aonde? P- Matheo levanta, meio desengonçado. - Vai aonde?
- Uh, ler algum livro? Algo de bom.
- Ah - Matheo olha enquanto Jane entra na casa. - Ta... Eu acho. - Matheo franze as sobrancelhas - Eu acho algo também.
...
Matheo olha em volta, dando alguns passos sem rumo. Ele desliza a mão por detrás da cabeça, soltando um suspiro cansado, mesmo sem ter feito coisa alguma ultimamente. - Pensa, Pensa Matheo. Tem que ter algum meio de entretenimento. Oque eu faria se estivesse em casa? Televisão... Não. Sair com os mano... Uh.
  Pobre Matheozinho, sempre teve uma vida agitada, agora ele tem que ficar quieto. Quanta dificuldade. Mas logo uma ideia brilha na cabeça de Matheo, que o faz sorrir maliciosamente.
  Matheo volta para a casa, mas antes se escondendo de Jane, que saía distraidamente, focando apenas em seu livro.
  - Para onde é que ela vai? - Matheo se questiona.
  Jane dobra para ao lado da casa, seguindo floresta adentro. E é claro, Matheo a segue. Ele observa enquanto ela pisa levemente, quebrando gravetos e prendendo o pé em raizes secas, sem nem notar. Isso quase fez Matheo rir, mas ele não queria que ela o notasse.
  Após alguns segundos ele se depara com uma área de campo aberta, com o chão trilhado que levava até uma porteira, que dividia o pasto de um jardim de tulipas, sobre o qual pairava um cheiro doce e suave.
  Matheo observava enquanto Jane se sentava na porteira encaixando os saltos rasos na tábua de madeira logo abaixo da que ela se sentava.
  Tudo parecia tão... calmo.
  Aquilo pareceu meio cafona para ele.          
  Matheo abre um grande sorriso, sorrir era com certeza uma das especialidades dele, e corre até Jane, arrancando o livro de suas mãos, fazendo ela quase cair.
  - Oque que-Aaahh me devolve!
  - Hahaha, quer me deixar sozinho né?
  - Mas oque- Me devolve!
  - Vem buscar então!
  Jane pula tentando pegar o livro de volta, ela era alta, mas Matheo conseguia a superar. E nesse trepa trepa em que Jane resmungava e ria, e Matheo nem prestava muita atenção, Jane dera um tapa na mão de Matheo, fazendo-o jogar o livro longe.
  -... Quanto drama por um livro, Jenny.
  - Ai Mat- AN? JENNY??? Ah não não me perdoe mas de Jenny tu não me chama.
  - Tch - Matheo sorri, desviando o olhar de Jane - Ta bom então... Jani-e.
  Matheo anda em direção à casa, deixando Jane boquiabierta, com a ousadia de Matheo.
  - Que foi? - Matheo se vira, vendo Jane metendo a lingua pra ele. - Vai vir não? Ok, fique com seus livrinhos, Janie.
  Jane anda até o livro - É Jane. - Jane estica a mão para pegar o livro, sentindo uma gota cair em sua mão, a fazendo olhar para cima, e notar uma grande parede de nuvem escura, que cobria o morno e claro céu azul rapidamente.
  - É, acho que vou contigo. - Jane diz, virando para Matheo, que lançou mais um sorrisinho leve antes de virar.
  Jane acelera o passo, se aproximando de Matheo, mas tropica e cai puxando o braço de Matheo junto.
  - Presta atenção!
  - São esses saltinhos ridículos.
  - Nem deve ser tão difícil assim.
  - Tu não tem tu não fala.
  - É só não usar.
  - Bem que eu queria que aquele armário me desse algo mais confortável.
  Os dois riem.
  E a chuva começa a engrossar.
  - Aah vamos logo. - Jane empurra Matheo.
  - Seria mais fácil se você corresse normalmente!
  - Aaah - Jane tira os sapatos. - Pronto.
  - Agora sim! - diz Matheo.
  E logo chegam em casa, mas a chuva chegou antes.
  - Afs - Jane bufa - mas que me- Matheo a interrompe, jogando um punhado de barro no braço dela.
  - Matheo!!!
  - Oque? Ja estamos todos encharcados!
  - ... - Jane olha para a saia toda embarrada. - É... mas ainda falta ISSO! - Jane atira uma bola de barro em Matheo, que faz o mesmo.
  Os dois riem, se cobrindo quase inteiramente de barro, até Matheo jogar bem na cara de Jane.
  - Ah, foi mal - ele diz, se aproximando dela.
  - Ah vai tomar banho! - Jane diz, o puxando pelas mãos, fazendo-os girar, dando gargalhadas, enquanto o grosso mas sutil barulho da chuva continua.
  Jane e Matheo por fim se atiram no barro, recuperando o ar após tanto rirem.
  - E ai, foi por isso que tu foi la me incomodar? - Jane lava o rosto e vira a cabeça para Matheo.
  - hm - Matheo olha perdidamente pra cima, sentindo as gotas deslizarem pelo seu rosto... Até sua visão ser coberta pelo rosto de Jane.
  - Que ta fazendo? - Ele pergunta.
   Jane não responde, apenas vai aproximando seu rosto do dele, e mais perto, e mais perto. Matheo ja estava com o cu na mão, Oque que ela ia fazer?
   Jane está agora tão proxima do rosto de Matheo quanto suas mãos do chão. Logo o rosto de Matheo se ilumina, não contendo um pequeno sorriso. Não seria nada demais, por que ele se importava tanto?
   Jane leva sua mão devagarinho até o rosto de Matheo, e então pressiona seu nariz dizendo - Boop! - E sai correndo.
   Dessa vez quem ficara boquiabierto era ele.